Mídia errou: Delcídio do Amaral não é o primeiro, é o nono senador da República preso no exercício do mandato

Não procede a informação de que Delcídio do Amaral é o primeiro senador da República preso no exercício do seu mandato em toda a história republicana.

Delcídio só não é o décimo senador brasileiro a ser aprisionado porque o senador Rui Barbosa fugiu do risco de ver o sol quadrado, indo dar aulas de inglês a brasileiros na Inglaterra, quando soube que o presidente Floriano Peixoto estava prestes a encarcerá-lo, como fez com mais quatro senadores: Amaro Cavalcanti, João Soares Neiva, João de Almeida Barreto e Eduardo Wandenkolk.

Na mesma linha, o presidente Prudente de Morais decretou a prisão de dois senadores, e por crime mais sério do que o imputado a Delcídio. João Cordeiro e Pinheiro Machado pretendiam assassinar o presidente do Brasil, com a cumplicidade do vice presidente Manuel Vitorino, por sua vez, presidente do Senado, de acordo com a Constituição vigente. Presos os três.

Pra quem me acompanha, até aqui são sete senadores presos. Somados ao senador Lauro Sodré, mandado prender pelo presidente Rodrigues Alves por levantar a Escola Militar contra a vacina obrigatória, chegamos ao senador número 8. Mas só Delcídio, o nono, foi preso pelo Supremo, com a anuência de sua casa , o Senado. Isso sim é totalmente inédito na história da Republica.

Com os agradecimentos à pesquisadora Maria Lucia Horta Ludolf de Mello, servidora aposentada da Casa de Rui Barbosa.

Acréscimo feito em 30/11/2015:

De fato, Delcídio do Amaral não é o 9º, mas o 11º senador brasileiro preso no exercício do mandato.

Em 1963, houve um tiroteio no Congresso, em que acabou morto um senador inocente, José Kairala, e foram presos o senador Arnon de Mello, o assassino, e o senador Silvestre Péricles, o outro protagonista do bang-bang.

A Constituição da época, assim como a de hoje, previa que os demais senadores se manifestassem pelo voto, para que as prisões se concretizassem. Sob a pressão da comoção pública, foi uma lavada de 44 senadores a favor e apenas 4 votando contra. Presos em flagrante, ficaram pouco tempo no xadrez, e ainda saíram inocentados, posteriormente, pelo Tribunal do Júri de Brasília.

O caso foi muito lembrado pela mídia e pelos adversários, durante a campanha do filho de Arnon de Mello, Fernando Collor, a presidente da República. 

Quanto a Jader Barbalho, este havia renunciado ao Senado em meio a um escândalo de corrupção na Sudam e enriquecimento ilícito, quando foi preso por um brevíssimo tempo, apenas alguns dias.

presidentes do brasil

19 ideias sobre “Mídia errou: Delcídio do Amaral não é o primeiro, é o nono senador da República preso no exercício do mandato

  1. A explicação da intervenção açodada, ilegal e emocional do stf (minúsculo mesmo!) está nessa sua frase ironica:

    “Isento e probo como é, o STF não precisa temer ilações maldosas.”

    Se fossem probos e isentos Suas Excias. não teriam motivo para reagir de forma tão açodada e irracional. Como diz um sábio dito popular, “…quem tem (……) tem medo!!…” O destempero e a impropriedade da manifestação partidária e descabida da dona Carmem Lúcia é reveladora do pouco caráter de toda a alta corte. Difícil encontrar ali quem tenha estatura para ocupar o cargo para o qual foi designado.

  2. Boa tarde Hilde Angel, também o então senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello ficou preso por quase 7 meses por tentativa de assassinato do também senador Silvestre Pericles, na ocasião o mesmo acabou por acertar e matar o senador José Kairala. OBS: Na ocasião não sofreu punição da mesa do Senado e por incrível que pareça ele foi inocentado. Mais um pra lista. Infelizmente… Abraço amigo.

  3. A estranha reação do STF

    O debate sobre as flagrantes inconstitucionalidades que marcaram o encarceramento do senador Delcídio Amaral está deixando passar a grande questão do episódio: por que prender o indivíduo agora? Por que não processá-lo nos ritos normais, que acabariam inevitavelmente arruinando sua carreira política e seu apoio no Congresso?

    A tese de “obstrução da Justiça” é ridícula. Ora, depois que o Judiciário conheceu o teor das gravações, a chance das tramóias vingarem desintegrou-se. Réu nenhum conseguiria fugir. Além disso, do ponto de vista estratégico, seria mais inteligente acompanhar as manobras de Amaral, apanhando todos os envolvidos no auge da ação criminosa.

    Então repito: por que interromper um conluio fadado ao fracasso, diminuindo assim o alcance das investigações? Que tipo de malefício Amaral poderia causar conspirando à toa, sob a fiscalização atenta das autoridades?

    Isento e probo como é, o STF não precisa temer ilações maldosas. Com o apoio da imprensa, os ministros citados já tiveram inúmeras oportunidades para afastar qualquer suspeita incômoda. A prudência legalista inclusive traria benefícios à imagem da corte, manchada exatamente pelo partidarismo intempestivo dos tempos de Joaquim Barbosa.

    Tudo isso apenas reforça a certeza de haver um esforço na cúpula do Judiciário para evitar que as apurações em curso ultrapassem certos limites. Os elos de Amaral e do banqueiro André Esteves com o PSDB, de resto notórios, ganharam menções bastante constrangedoras nos diálogos que arruinaram o senador.

    Amaral e Esteves trazem consigo a Petrobrás dos anos FHC, um nebuloso parente de José Serra, a Alstom da máfia metroviária paulista e as viagens de Aécio Neves. Sem contar Renan Calheiros, Michel Temer e os ministros do STF mencionados. É fácil imaginar o estrago que causariam algumas horas a mais de conversas grampeadas.

    Alguém parece ter decidido recolher o falastrão antes que o caldo entornasse de vez.

  4. Hilde, e não tem também o Senador Arnon de Mello, pai do Collor que matou ou tentou matar um colega em pleno recinto parlamentar? Éramos crianças mas eu sempre li muito e me lembro disso. Bjs.

    • Tem razão, querida Celina (saudades!), em 1963, houve um tiroteio no Congresso, em que acabou morto um senador inocente, José Kairala, e foram presos o senador Arnon de Mello, o assassino, e o senador Silvestre Péricles, o outro protagonista do bang-bang.

      A Constituição da época, assim como a de hoje previa que os demais senadores se manifestassem pelo voto, para que as prisões se concretizasse. Sob a pressão da comoção pública, foi uma lavada de 44 senadores a favor e apenas 4 votando contra. Presos em flagrante, ficaram pouco tempo no xadrez, e ainda saíram inocentados, posteriormente, pelo Tribunal do Júri de Brasília.

      O caso foi muito lembrado pela mídia e pelos adversários, durante a campanha do filho de Arnon de Mello, Fernando Collor, a presidente da República. Daí que, adicionando mais dois senadores à nossa conta, Delcídio do Amaral é o 11º Senador preso no exercício do mandato.

  5. Excelente esclarecimento. Note-se que em alguns desses casos a autoridade eleita no exercício do mandato foi objeto de ação de outra autoridade detentora de poder delegado pelo voto popular. No caso do Del Suicídio é diferente porque ele foi preso por uma autoridade com poder delegado pela mídia, com a pronta submissão de autoridades eleitas do Senado e nomeadas do STF, em grande parte pelo poder econômico e midiático, todos com grandes rabos presos a disposição da metralhadora chantagista da mesma mídia. Embora seja um quadro estranho e agregado ao meio progressista, carrega a simbologia do partido inimigo e, por isso, foi objeto de mais uma interpretação excepcional das regras da CF 88 pelos marionetes do STF.

  6. A mídia não errou !!! quem fez a pesquisa não prestou atenção que toda menção era acompanhada de 1º Senador depois da Constituição de 1988.

    • As manchetes da mídia impressa não mencionavam a Constituição de 1988. Muito menos os leads dos comentários nos telejornais. Talvez – já que o senhor afirma – no “miolo” das reportagens houvesse tal esclarecimento, mas a primeira impressão é a que fica. Devemos, os da imprensa, ser mais cuidadosos com as manchetes. Sou jornalista e sei que muitas vezes incorre-se nesse tipo de, digamos, exagero para enfatizar pontos de vista.

  7. Hilde, pesquisando o caso Del Suicídio Político do Amaral, descobri que o STF já prendeu outro parlamentar. Trata-se do presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia, deputado estadual José Carlos de Oliveira.

    Ele foi preso por decisão do Superior Tribunal de Justiça em agosto de 2006 durante a Operação Dominó da Polícia Federal.

    Segundo o Ministério Público, pelo menos desde 2003, existia uma organização criminosa no Estado de Rondônia que se dedicava ao desvio de recursos públicos.

    O grupo, composto por TODOS os deputados estaduais da Assembléia Legislativa rondoniense e alguns colaboradores importantes, seria chefiado pelo presidente José Carlos de Oliveira.

    Oliveira tentou um pedido de habeas corpus, mas o STF não concedeu. A relatora era a ministra Carmen Lúcia.

    • Parabéns… Mais uma reportagem mentirosa caindo por terra… Gostaria de mostrar a você uma foto.. Uma foto da minha seção eleitoral onde votei na última eleição ..
      Vou tentar postar aqui …quando vi o que os professores ensinam nessa escola fiquei muito feliz , não deu pra segurar a emoção..
      Fotografei..

      • Com relação a deputados, creio que a pesquisa demoraria meses para ser concluída…

        Só com o julgamento do Mensalão foram muitos, sendo que vivemos a situação ridícula de termos deputados presos durante a noite e saindo durante o dia para participarem das votações na Câmara…

    • A história confirma: Nação que tem memória não morre nunca e nem fornece informações equivocada.

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