Em conjunto, Ricardo Noblat, Elio Gaspari e Jânio de Freitas desancam a radical virada à direita do candidato José Serra. Realmente, até (e sobretudo) quando o objetivo é tão alto quanto ser Presidente da República há que se ter uma certa coerência e menos volúpia e sede para se chegar ao pote…
José Serra usa de todos os recursos reais e imaginários para vencer. Ele faz, por exemplo, um apelo para votarem nele porque se preparou “a minha vida toda pra isso”. Não é, vamos convir, um bom motivo pra voto. Serra já tentou outros, como se intitular “o melhor deputado da Constituinte de 1988”. Mas aí descobriram que a nota do Diap, pelo seu mandato, foi 3,7, e o argumento não ficou mais valendo. O candidato também se disse criador da Lei dos Genéricos, o que caiu por terra quando o ex-presidente Itamar Franco declarou que não foi ele, foi o ex-ministro Jamil Haddad. Intitulou-se autor do bilhete único em São Paulo, o povo de lá rebateu, não foi. Assim como a piada paulista do momento é a do menino, que chega no colégio embriagado e pergunta à professora “quanto mais eu tenho que encher a cara para ver dois professores na sala de aula, hein, mestra?”…
Outra contradição é a da sra. Serra, Mônica, ao se dizer radicalmente contra o aborto, quando suas antigas alunas do curso de Psicologia do Desenvolvimento aplicada à Dança, no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirmam que ouviram dela própria o relato de seu drama, quando teve que abortar no quarto mês de gravidez devido aos problemas do casal com a ditadura. Monica Bérgamo publicou na Folha e os jornais de todo o mundo repercutiram…
A gente sabe que o jogo político é pesado, muitas vezes envolvendo mentiras ou meias verdades de todos os lados, mas até para se mentir é preciso ter competência. Que dirá para ser presidente da República!…