O Brasil não conhece o Brasil / O Brasil Leste Oeste o Brasil…. diz a música.
E não nos conhecemos mesmo. Com nossa ignorância quase arrogante, pouco sabemos de nossa História, nossas raízes, origens ancestrais, bravos fundadores e aqueles que se bateram por essa terra imensa. Porém, se pesquisarmos, quantas revelações…
Desde que travei contato com a moda de Heckel Verri, identifiquei nela essências da mãe de todas as modas: a França!
Ao conhecer o próprio estilista, percebi refinamento raro de encontrar nessas paragens tropicais.
Não é apenas na moda à la Audrey Hepburn, criada pelo excelente estilista maranhense Heckel, a elegância dos Verri está em suas atitudes do dia à dia, nas companhias que escolhem, nos pequenos e grandes gestos, no que dizem e – importante – no que silenciam.
Curiosa, vesti meu trench coat Burberry de Sherlock e fui pesquisar a genealogia dos Verri, ou melhor, Verry, na França, onde, em 1º de dezembro de 1581, nasceu Jehan Verry, filho de Jehan Verry e Jehanne Lauvansome, na cidade histórica medieval de Angers, capital Anjou, no departamento Maine-et-Loire, cortado pelo rio Maine, com importante movimento portuário, a 297 km de Paris e a 118 km de Pornic, no Oceano Atlântico. A mesma Anjou que Maria de Médicis governou, com auxílio de seu capelão Richelieu.
Maria de Médicis, rainha regente da França e Navarra, teve importância fundamental na colonização francesa do aprazível Maranhão, terra natal do designer Heckel Verri. Foi ela quem permitiu aos religiosos da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos participarem da esquadra francesa, constituída de três navios, que chegou em 26 de julho de 1612 a uma enseada maranhense, sendo a ilha menor batizada Sant’Ana (a santa do dia), depois Ilha do Maranhão e por fim São Luís, em homenagem ao rei santo de França, Luís IX. Nela foi encostado o navio e desceram os oficiais e os tripulantes franceses, lá se estabelecendo…
Dessa forma teria começado, em minha versão, a história dos Verry, neste nosso maravilhoso Brasil.
Além de colonizar a região, sem grande dificuldade, pois um dos oficiais falava o idioma indígena, os franceses interagiam simpaticamente com os índios do Maranhão e levaram vários deles a Paris, sendo que três foram batizados pelo bispo de Paris. Foi uma sensação na corte, quando o índio Itapucu, que passou a ser chamado Luís Maria, levou os amigos da tribo ao Palácio do Louvre e discursou para o rei de França em seu idioma! Os demais dois silvícolas foram Uaruajá, batizado de Luís Henrique, e Japuaí, que ganhou novo nome, Luís de São João.
Os padrinhos foram o próprio monarca Luís XIII e Maria de Médicis. Os nobres franceses não viam nossos índios com asco, muito menos repugnância, como ainda hoje alguns brasileiros os encaram. Eles os observavam com curiosidade e grande encantamento, assim como aconteceu com os franceses de Villegagnon, no Rio de Janeiro.
O período da França Equinocial, nas terras do Maranhão, se estendeu até 1615, quando os portugueses retomaram seus domínios, mas os Verry já lá teriam fincado sua presença, entre as pioneiras famílias do Nordeste…
Há na Europa outro ramo dos Verri, este com i, que pode ser de origem ainda mais antiga que a francesa, estabelecido em Milão, onde até hoje os Verri são grandes e históricos produtores de moda e de tecidos e dão nome a ruas e praças milanesas. Não foi na frota de Maria de Médicis que seus descendentes chegaram ao Maranhão. Vieram séculos depois, de barco a vapor, nos anos 1930, junto com os Pascolatto. Eram três irmãos Verri. Um desembarcou no Rio, um em São Paulo e um no Rio Grande do Sul. O do Rio, Aníbal Verri, tomou o rumo do Maranhão e lá se casou com uma maranhense, fazendo sucessores…
Uma família com ramificações na França, os Verry, e na Itália, os Verri, e ambas vieram, igualmente, desembarcar no Maranhão! Pudera, são 640 quilômetros de praias tropicais, floresta amazônica, cerrados, mangues, delta em mar aberto e o único deserto do mundo com milhares de lagoas de águas cristalinas.
Esta semana, os Verri reuniram-se, mais uma vez, para distinguir o Rio com suas doces maneiras. Eram os 80 anos da matriarca Cleuba Verri. Os convites foram expedidos com mais de um mês de antecedência, porque assim é o protocolo. O local era o mais bonito da cidade, a Casa Julieta de Serpa. Um Tea-Cocktail-Party, com direito a um espetáculo teatral musical pela companhia de atores da Casa celebrando os 450 anos do Rio. Sem dúvida, dos melhores programas que uma anfitriã pode oferecer às pessoas de sua estima.
Tradição é tradição.
Foto de família: a matriarca Cleuba com os filhos Raquel, Heckel e Anibal Verri
Carmen Mayrink Veiga e Raquel Verri Shapiro
Heckel Verri e Loudes Catão
Eliana Moura e Gloria Severiano
Padre Jorjão e Idinha Seabra Veiga
Serpa, Belita Tamoyo e Maria Alice de Araujo Pinho
Cecília Dornelles e a aniversariante
Carmen Mayrink Veiga, Heckel Verri e Cleuba Verri
A apoteose final do show dos 450 anos
O beijo do filho Heckel
lka Bambirra e Vera Bangel
Cleuba homenageada pelo elenco de cantores dançarinos
Bolo em três níveis, texturizado em point d’esprit
A sofisticação da Casa Julieta de Serpa
Doces do pâtissier do restaurante Paris
Glaucia Zacharias e Cleuba Verri
Cleuba Verri
Belita Tamoyo, Beth Serpa e Maninha Barbosa
Amaro Leandro Barbosa, Emilia Froes e Vera Bangel
Carmen Mayrink Veiga e Carlos Alberto Serpa
Cleuba com a filha, Raquel e o genro, Henrique Shapiro, com as filhas, Rebeca e Thamy Shapiro
Cleuba e o filho, Anibal Verri
Cleuba Verri e Sueli Bedran
Lucy Sá Peixoto, Beth Serpa e Isis Penido
Marcela Verri
A Medalha de Nossa Senhora das Graças presenteada pelas amigas à aniversariante Cleuba e abençoadas na hora por Padre Jorjão, presente
Mônica Faria e Frederika Bastian Pinto
As irmãs da fé, Glória Severiano Ribeiro e Glória Magalhães
Beth Serpa, Margareth Padilha e Katia Spalavori
Gisella Amaral, Heckel e Cleuba
Heckel Verri e Lourdes Catão vestindo Heckel Verri
Joana Teixeira e Celina de Farias
Lembrança da festa: doces do Maranhão
Ilka Bambirra, Margareth Padilha, Monica Faria, Carmen Mayrink Veiga
As cunhadas Raquel e Ruth Szapiro
Cleuba Verri e Sonia Romano
Maria Alice de Araujo Pinho e Cecília Dornelles
Lourdes Catão by Verri
Raquelk coloca no pescoço de sua mãe a medalha presenteada pelas amigas, enquanto Clara Magalhães anuncia o presente da joia Agnus Dei
FOTOS DE MARCELO BORGONGINO E SEBASTIÃO MARINHO
Muito interessante, a matéria e as fotos ! Apenas uma correção na legenda da foto das irmãs Trussardi. Está “Gloria e Glória” onde deveria ser “Glória e Clara”.
Lindíssima a Carmen Mayrink Veiga! As fotos dela já estão impressas e datadas na minha coleção. Abraço do leitor e fã da fascinante Carmen, Jamill.
Gostei há muito tempo eu não via um evento tão festejado como este,a presença de carmen mayrink veiga,a aterna ,é fala por si só já diz tudo ,muitos são ,mas só ela é única nesse Brasil.
Hilde amiga, você seria uma execelente historiafora…
Aqui vai um capítulo a mais para seu conhecimento .
o Heckel é um talento e profissional que respeito. Sem me conhecer pessoalmente fez vestidos sob medidas para mim, quando sua fábrica ainda era Maranhão ; eu recebia no Rio perfeitos, sem precisar nenhum ajuste .
Hilde querida VC sempre nos dando aula de conhecimento. Linda homenagem a esta familia gentil, educada e muito querida os Verri.
Adorei o seu carinho de sempre.
Obrigada beijos.
Linda matéria. Bom podermos saber um pouco da história que mistura Europa e Brasil.
Adorei também rever Carmen Mairynk Veiga.
Muito bom, realmente não conhecemos..