Perdemos ontem o nosso estimado carioca de Minas Gerais, Tácito Sanglard, aos 66 anos. Ele era da terra de Nelson Freire, Boa Esperança, e disso muito se orgulhava. Tácito conseguiu rara proeza: ser um “banqueiro” benquisto. Apesar de ter sido de fato bancário. Porém, como um dos “cinco homens de ouro do Lázaro Brandão”, da cúpula do Bradesco, era frequentemente identificado como banqueiro, na crônica dos jornais. E se houve um ‘banqueiro” estimado este foi o Tácito.
Foi um financista poeta, que escrevia, editava, imprimia, autografava e distribuía seus livros aos amigos e às instituições, tornando a vida ao seu redor mais bela e inteligente.
Um homem de bom papo, fino trato, gosto apurado e amante do gênero feminino.
Vai fazer falta à vida do Rio de Janeiro, ao convívio da sociedade. Teremos saudades dos seus comentários, sempre pertinentes e adequados. Contudo, Francis e eu nos lembraremos do amigo Tácito em nosso cotidiano, porque, fraterno, quando ele ouviu dizer da falta que sinto do ruído do pêndulo do velho relógio da casa de minha avó, enviou-nos um antigo relógio seu, com ruído simplesmente idêntico àquele bater das horas. Delicadamente, ainda desculpou-se no cartão por haver uma lasca na caixa de madeira. No entanto, das lembranças do Tácito não guardamos sequer um arranhão.
Há poucos meses, ele deixou em nossa portaria, autografados, três exemplares do “Drica”, seu último livro, inspirado em alguém muito importante neste último ano de vida: a namorada, Adriana. Ela o cuidou com grande dedicação, desde que, em fins de março, foi diagnosticado seu câncer.
Veio de repente e violento. Uma dor nas costas, ele foi para a sua Belo Horizonte, fez uma radiografia, que apontou o mal no esôfago, no intestino, pâncreas, rins, coluna, costela. Tudo tinha câncer! Abril, maio, junho… Ontem, morreu o Tácito.
Como diretor do Bradesco, foi um grande incentivador das artes. Entre outros projetos, patrocinou o Música no Museu, multiplicando centenas de concertos abertos ao público durante o ano inteiro. Tive o privilégio de fazer a apresentação de Tácito ao diretor do projeto, Sérgio Costa e Silva, durante um almoço no Jornal do Brasil.
Sem falar nas exposições de artes plásticas, nas edições de livros, nas montagens teatrais, na colaboração com o Clero. Se ele identificasse qualidade, esforço legítimo e mérito, não se furtava em conferir o apoio do Bradesco. No período de sua gestão, fortaleceram-se os vínculos do banco com o Estado do Rio de Janeiro.
Descansa em Paz, Tácito Sanglard, você fez por onde.
O imortal Marcos Vilaça prestigiando o saudoso Tácito Sanglard, no lançamento de um de seus muitos livros (foto de Marcelo Borgongino)
Primo de terceiro grau, não o conheci pessoalmente.
Muito me foi falado dele, pela querida prima Lalita….frequentadora de Boa Esperança MG
Mais tarde, vim conhecer um pouco de sua obra…linda, cuidadosamente linda, deliciosamente bem feita….
Fica para mim, uma sensação de obra inacabada….pois agora, um desejo e uma tristeza de não tê-lo conhecido pessoalmente.
O Tácito Sanglard foi meu colega no Ginásio São José em Boa Esperança(MG) no início da década de 60.Era um colega amigo.Sempre desmontrou interesse pelas letras e pela arte.Agora está do ouro lado.Ficou encantado.Deus o tenha, Tácito.
Que texto mais delicado, cuidadoso… Não conheci Tácito, mas adorei suas palavras. Que Deus conforte o coração dos que sentirem sua partida.
Querida Hilde, muita emocionada com a linda homenagem. Meu pai foi um exemplo de dedicação, sensibilidade e amor.
Olá,
Tive o prazer de trabalhar com seu filho Luiz Henrique e por mais que tentássemos faze-lo perder um pouco a noção de uma educação fina e de todo seu jeito de lorde não conseguiamos, ele sempre tratava com esmero e respeito toda e qualquer pessoa que lhe dirigia a palavra, aprendeu a tocar piano e violão e sempre pedia para que tivessemos calma quando nossas operações no banco não saíam e tenho certeza que todo esse jeito e respeito provém de seu pai Tácito Sanglard, perdi meu pai em outubro de 2012, diagnosticado em 28/09, faleceu em 14/10, mas também deixou boas memórias, força Luiz Henrique, no que precisar pode contar comigo.
Querida Hilde,
Tácito Sanglard era tudo isso que você, como sempre, tão bem retratou.
Deixará saudade em nossos corações, com a certeza de que será, ainda que ausente, uma perene lembrança.
Que os anjos lhe guardem a alma!!!
É verdade Hilde, uma pessoa muito especial.