Logo após eu postar o e-mail desabafo da leitora Yone Kegler, chegou-me outra manifestação de leitor contra esta guerra em que foi mergulhado o país nessa fase pré-eleitoral, com brasileiros em confronto aberto contra brasileiros, numa raiva histérica instigada por conveniências outras que não o bem de nosso país.
Aí está ela:
“Prezada amiga Hilde,
Meu nome é Raphael Vargas Netto, sou economista, casado, 34 anos, pai de dois filhos, sou bisneto do poeta Manuel do Nascimento Vargas Netto, sobrinho e secretário do Presidente Getúlio Dornelles Vargas, trisneto do Ministro Viriato Dornelles Vargas e tetraneto do General Manuel Nascimento Vargas, herói da guerra do Paraguai.
Como brasileiro, pai de dois filhos que herdarão o legado por nós deixado e como testemunha do legado e tradição de minha família, não posso me calar nesse momento de divisão que vive o Brasil, um momento singular e talvez o mais importante desde a Redemocratização. Afinal os Vargas nunca se esquivaram nem se esquivarão diante das situações difíceis que este país que tanto amamos, e pelo qual lutamos, possa enfrentar.
Muito se tem falado sobre Getúlio, sobre a Consolidação das Leis do Trabalho, os avanços que por ele iniciados, a criação das Estatais, enfim sobre os aspectos positivos frutos da visão e da luta de Getúlio e dos seus pares, que fundaram, mesmo diante de oposição constante e ferrenha, o arcabouço institucional que permitiu e serviu como base para o Brasil almejar a liderança industrial, econômica e política de nosso continente sul-americano.
Mas, o que não se tem comentado, nem se dado a devida importância, é a escalada de ataques antidemocráticos que vimos surgir nesses últimos dias de campanha. Ataques, curiosamente similares aos que sofreu meu tio-trisavô, perpetrados pelo Sr. Carlos Lacerda, que, patrocinado pela União Democrática Nacional, sob a bandeira do “liberalismo clássico”, da moralidade e do fim do dito “populismo”, orquestrou um plano cuidadosamente arquitetado para pôr fim ao estado democrático de direito no Brasil, e culminou na cortina de ferro da ditadura no Golpe de 1964.
Esse plano, capcioso e vil, consistiu na ridicularizarão do Governo e das estruturas governamentais, mediante a insinuação de que o Governo brasileiro estava envolto em um “Mar de Lama” – um termo generalista, ardilosamente utilizado para que o Povo ficasse contra “tudo o que está aí”, que, abastecido pela mídia golpista, virou o cidadão contra a política, contra o Governo e contra a própria nação, forçou o maior líder político da nação a escolher entre o golpe de estado e o suicídio, que somente conseguiu adiar, mas não evitar o desfecho pretendido por seus algozes.
Muito se tem falado sobre Getúlio, sobre a Consolidação das Leis do Trabalho, os avanços que por ele iniciados, a criação das Estatais, enfim sobre os aspectos positivos frutos da visão e da luta de Getúlio e dos seus pares, que fundaram, mesmo diante de oposição constante e ferrenha, o arcabouço institucional que permitiu e serviu como base para o Brasil almejar a liderança industrial, econômica e política de nosso continente sul-americano.
Mas, o que não se tem comentado, nem se dado a devida importância, é a escalada de ataques antidemocráticos que vimos surgir nesses últimos dias de campanha. Ataques, curiosamente similares aos que sofreu meu tio-trisavô, perpetrados pelo Sr. Carlos Lacerda, que, patrocinado pela União Democrática Nacional, sob a bandeira do “liberalismo clássico”, da moralidade e do fim do dito “populismo”, orquestrou um plano cuidadosamente arquitetado para pôr fim ao estado democrático de direito no Brasil, e culminou na cortina de ferro da ditadura no Golpe de 1964.
Esse, plano, capcioso e vil, consistiu na ridicularizarão do Governo e das estruturas governamentais, mediante a insinuação de que o Governo brasileiro estava envolto em um “Mar de Lama” – um termo generalista, ardilosamente utilizado para que o Povo ficasse contra “tudo o que está aí”, que abastecido pela mídia golpista, virou o cidadão contra a política, contra o Governo e contra a própria nação, forçou o maior líder político da nação a escolher entre o golpe de estado e o suicídio, que somente conseguiu adiar, mas não evitar o desfecho pretendido por seus algozes.
Ora, muito me assusta que o candidato Aécio Neves, talvez descontente por não ter sido vitorioso no seu próprio Estado de Minas Gerais, talvez mal orientado pelos seus correligionários do PSDB, tenha trazido de volta, no último debate presidencial no SBT, o fantasma do “Mar de Lama” e a retórica udenista de que todo o Governo estaria no mesmo barco.
Não foi à toa que, concomitantemente ao início do uso dessa retórica retrógrada e golpista, tenham surgido na Internet, em especial no vídeo intitulado “Em dia de debate, sutileza zero nas ruas de SP”, divulgado pela TV Folha em http://www.youtube.com/watch?
A retórica do ódio, do totalitarismo, do racismo, deve ser banida, extirpada desde o seu concebimento. Não cabe no mundo moderno, multicultural e interconectado, um país progressista, de dimensões continentais e relevância mundial, que viveu na história recente um tremendo e necessário avanço socioeconômico, patrocinado pela liderança do presidente Lula, retornar ao golpismo udenista.
Não é esse país que queremos para nossos filhos, o Brasil não merece cometer novamente os erros do passado e certamente os Vargas não podem concordar com isso.
É por isso que venho, por meio desta carta, declarar apoio à presidente Dilma Roussef e conclamar todos aqueles que acreditam no trabalhismo, no legado de Getúlio Vargas e no respeito às instituições deste Brasil a dar uma resposta, exercendo a nossa cidadania no próximo dia 26 de outubro de 2014.
Raphael Vargas”
Sérgio Vieira, chupa cana até o bagaço.
BRAVO! ! !
Parabéns pela reflexão tão brilhante.
É preciso deixar bem claro que o cerne, o foco de todo esse ódio antipetista que tomou parte do pais, numa intensidade totalmente injustificável, vem sendo insuflado há doze anos, dia após dia, pela revista semanal Veja. Ali foi e é o centro de todo o destilamento de ódio politico no país, o ovo da serpente. E pelo mais torpe dos motivos, segundo o jornalista Ricardo Korscho: grana, dinheiro, corte de verba publicitária para a Editora Abril. Não se pode esquecer disso.
Lamento que, apesar do parentesto com Getúlio, vc vá votar na tal Dilllma, que tem o apoio de gente como Collor, Renan, Jader Barbalho, Roriz, Luiz Estevão e outros menos votados.
Que horror!
Caríssimo Raphael, é que os mesmos que estavam por trás de tudo no passado ainda estão no poder, o poder da mídia, a qual jamais vai fazer documentários e reportagens sobre Getúlio e outros cujo povo e país eram acima de poderes estrangeiros e pessoais. A que ponto chegou Getúlio, oprimido por poderes ocultos os quais estão ai querendo por cima de tudo voltar a reinar. A mídia transforma os heróis em bandidos e bandidos em heróis.
Raphael Vargas Neto, voce não imagina o meu orgulho e emoção (de arrepiar) neste momento ao ler sua carta ! Meu pai era GETULISTA e Nacionalista, e a única vez que o vi chorar copiosamente na vida inteira, e sem entender nada, foi no dia da morte do Getúlio Vargas! Considero isto uma homenagem póstuma ao meu amado pai, pois voce enviou esta carta à Hilde, depois do meu desabafo\protesto! Que outros mostrem suas “face”sem o “book”, e façam o mesmo, sem medo de “perder amigo”, ser “atacado” “xingado” “ofendido”, porque no meu caso, desde o dia que comecei à trabalhar e me sustentar e ter a chave das “minhas casas \ minha vida”, como dizem por aqui : “Tô nem aí “
Raphael Vargas!
Parabéns por relembrar-me do saudoso Getúlio Vargas que meu pai admirava demais e chorou muito no dia da passagem dele. Na época eu ainda era criança, não entendia muito bem o que estava acontecendo o porque do choro dos meus pais, mais tarde sim entendi e sou admiradora de Getúlio. Desejo para meus netos o mesmo que desejas para teus filhos.