Duas bandeiras cobriram o caixão de Oscar Niemeyer, quando era velado hoje no Palácio da Cidade: a Bandeira do Brasil e a do centenário Clube de Engenharia, do qual era sócio. Foi o Clube de Engenharia que lançou o nome de Niemeyer como candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Aqui, o presidente do Clube, Francis Bogossian, emocionado, estende pessoalmente a bandeira…
Foi neste momento que chegaram os militantes do Partido Comunista com sua bandeira vermelha, querendo colocá-la também sobre o caixão. Nada mais justo. Porém, não havia mais espaço naquela superfície, pois na parte superior da urna havia o visor para o rosto. Surgiu um certo desconforto entre os militantes, mas tudo se resolveu: os comunistas estenderam a bandeira vermelha com a foice e o martelo, fazendo dela uma espécie de cenário de fundo para o ataúde…
E todos puderam homenagear, com suas bandeiras, o maior dos mestres de nossa arquitetura, formado engenheiro arquiteto em 1934, um comunista convicto, que jamais deixou de sê-lo, e que tinha uma atitude admirável em relação à sua escolha ideológica, vindo de uma família burguesa, vivendo num mundo burguês, cercada de amigos burgueses:
“Nunca me calei. Nunca escondi minha posição de comunista. Os mais compreensíveis que me convocam como arquiteto sabem da minha posição ideológica. Pensam que sou um equivocado e eu penso a mesma coisa deles. Não permito que ideologia nenhuma interfira em minhas amizades.”
Oscar Niemeyer viverá para sempre