“Na televisão nada se cria, tudo se copia”, a frase cunhada pelo Chacrinha genial vale também para a Moda. Nos anos 70, Zuzu Angel, minha mãe, foi notícia quando o já consagrado Valentino lançou um vestido de verão xadrez, acompanhado por sombrinha igual, tal e qual um lançado por ela anteriormente, na Bergdorf Goodman, em Nova York.
Recentemente, quase 40 décadas após a morte de Zuzu, a história se repete, com a mais emblemática das suas obras, a Coleção de Protesto Político, servindo de provável inspiração ao vestido de noiva de Angelina Jolie, produzido pelo Ateliê Versace, de Daniela Versace, e realizado pelo estilista Luigi Massi.
Eu já havia notado, vários amigos comentado, mas resolvi abordar o assunto apenas depois que vi o impacto provocado em minhas amigas em sua visita, sexta-feira passada, à exposição Ocupação Zuzu, no Paço Imperial.
Ao ver a roupa histórica na vitrine, Cecília Dornelles exclamou surpresa: “Mas, Hilde, é o vestido de noiva da Angelina Jolie!”. Ao que a estilista Mary Zaide e a fashion expert Vera Bocayuva Cunha fizeram coro, com a imediata concordância da primeira-dama Maria Lúcia Jardim “Pezão”, todas impressionadas com a semelhança das duas roupas.
É óbvio que guardando-se as devidas características das diferentes épocas. Hoje, tudo é mais exuberante e enfeitado. Nos anos 70, aquele singelo bordado infantil num vestido de noiva era uma incrível novidade, uma audácia, uma criação instigante. Tanto que até hoje nada parecido foi feito, precisou a Jolie se casar para o ateliê italiano repetir a ideia, usando desenhos das seis crianças dela. Vários deles repetindo figuras do vestido de Zuzu: helicópteros, aviões etc… que no vestido de 1971 aludiam aos equipamentos usados para atirarem os corpos dos jovens torturados e mortos no mar.
Com as imagens ingênuas infantil nas suas roupas, mamãe denunciou as torturas dos jovens no Brasil.
Com os desenhos dos filhos no vestido dela, Angelina valorizou a maternidade e a inocência infantil.
Aí abaixo está a comparação. Confiram…
E não deixem de visitar a lindíssima e comovente Ocupação Zuzu no Paço Imperial, até 2 de novembro. Vão logo, o tempo passa rápido… e não volta…
Desculpem, mas não acredito em coincidências. Não é de hoje que os chamados “gênios” do andar de cima do mundo vem aqui se “inspirar” em nossas criações e manifestações artísticas, lembram do Sting?