Não vi a revista Vogue Brasil, que será lançada hoje, mas, pela capa, já não gostei. Espero que o conteúdo me faça reformular a opinião. Chamar o Rio de Janeiro de “balneário” logo na capa é mesmo rasgar a fantasia do preconceito contra o Rio de Janeiro sem sequer se dar conta da gravidade da ofensa que se está praticando…
Há muito existe essa atitude de São Paulo reducionista em relação ao Rio de Janeiro. Primeiro, começou com aquela história de que o Rio, de bom, na moda, só produzia moda praia. O que, sabemos, é uma falácia, é uma mentira. Com isso, São Paulo levou para a SPFW todas as nossas melhores marcas de moda, impondo que, se desfilassem lá, não poderiam desfilar no Fashion Rio. Nessa época, os eventos tinham donos diferentes. Isabela Capeto só podia desfilar em SP. Maria Bonita, só em São Paulo. Aqui, só a MB Extra. Osklen, idem: em SP! Assim como Animale, e em São Paulo caminhava a humanidade da moda, reduzindo o Rio às marcas de moda praia…
E a capa que nada tem a ver com o Rio de Janeiro? A modelo da capa Constance Jablonski é uma francesa linda e loura, mas, convenhamos, branca azeda (feito eu, que não vou na praia apesar de morar em frente), nada se assemelhando ao biotipo da mulher carioca do “balneário”. Podiam ter botado a Izabel Goulart, seria menos contraditório…
Bem como nenhuma carioca se veste como a Constace para ir à praia, toda trabalhada nos dourados e nos ouros. E que praia é essa ao fundo, com o mar azul turquesa? Ela está em Capri? Na Sardenha? Na Grécia? Onde? Deviam ter chamado o Almir Reis, que de foto do Rio de Janeiro atualmente é quem mais entende, e a Vogue teria feito uma capa belíssima…
Meu Deus, quem é o consultor da Vogue Edição Rio de Janeiro, gente?!!!!…
Vou insistir: chamar o Rio de “balneário” é uma tentativa de desglamurizar a cidade mais preciosa, a joia de nossa coroa, com os museus lindos, os prédios históricos, onde viveu a família real, que foi a Capital do Império, a Capital da República, onde a maior parte da nossa História foi construída e vivida, onde aconteceram os nossos movimentos revolucionários e culturais mais importantes, isso não pode ser ignorado e reduzido a banhos de mar…
Vogue Brasil, a gente trabalha muito muito, produz muito e realiza muito por este país. Aliás, é aqui que foi fundado, prosperou e tem a sua sede o maior grupo de comunicação do Brasil, proprietário da revista Vogue. Me poupe, Vogue Brasil…
E a frase da capa: “Nunca foi tão bom viver lá!”. Lá onde cara pálida? O Rio nunca foi lá. O Rio é cá. O centro do turbilhão, o olho do furacão, o coração do Brrrrrrasil, sil, sil, sil, sil!!!!!…
Agora, vou ler a revista e depois digo a vocês o que achei do conteúdo. Quem sabe eu gosto e mudo de opinião?…
Chamar nosso Rio de balneário é simplesmente ignorar todo o esforço que a população carioca tem feito por nossa cidade, para vê-la crescer, melhorar suas instituições, sua qualidade de vida. Isso significa um retrocesso em tudo que vem sendo feito neste sentido. O nosso Rio não merece este tipo de rótulo.
Há muito tempo estas revistas fazem as mesmas capas, o mesmo tipo de foto… e nem nesses detalhes eles conseguem focar? Fala sério… O que parece é um bando de gente que se desespera e não sabe o que escrever. Deve ter um catálogo lá para eles que diz:
Dezembro: colocar uma modelo famosa no momento, com uma roupa caríssima (não necessariamente bonita), dando dicas para o verão … Escrever sobre a praia mais famosa do país onde a revista será publicada…
Fala sério!
Querida Hilde,
Vi essa capa ontem, e tive a mesma leitura que você.
Qdo. li sua nota hoje, me senti completamente aliviada. Você extravasou os meus pensamentos e sentimentos (acredito que de muitos outros leitores) em relação à nossa cidade. Pois meu sentimento foi também de indignação.
Sou carioca e moro há 10 anos na Alemanha. Qdo. digo que sou do Rio, a primeira coisa que vejo é um belo sorriso no rosto dos europeus e aí comeca uma enxurrada de perguntas e elogios sobre a nossa cidade e país. Eles nos amam, elogiam a nossa economia, a nossa civilidade humana em sermos diversos e pacíficos, apesar de todas as adversidades que enfrentamos.
Aí vejo uma capa que espelha uma mentalidade colonizada, reduzindo o Rio a um balneário, cópia de Saint Tropez com uma loura aguada na capa coberta de jóias e maquiada. Pra fechar com “chave de ouro” um título pseudo-positivista: “nunca foi tao bom viver lá!”.
Vogue Brasil, vocês têm a maior matéria-prima fashion do mundo que é o Rio e são as belezas do nosso país, por favor, parem de ser essa elite colonizada, jeca, e pensem num Rio e num Brasil com a grandeza que lhe é pertinente e que os gringos aqui reconhecem com um sorriso no rosto e dão tanto valor.
Muito triste isso!
Sugestão: na próxima vez, a nossa carioca linda Daniela Sarahyba na capa com a galera dourada do posto 9 de Ipanema. Isso sim é REAL!
Obrigada, Hilde!
Ana Köbig
Concordo plenemente com você, Ana, a cidade é muito mais que isso . E nós cariocas não podemos concordar com este rótulo .O Rio e os cariocas têm feito um grande esforço em busca de melhorias da cidade e isto é bastante visível. O Rio não tem nada de balneário a não ser suas lindas praias. Acho que a revista deveria rever este rótulo que ela imprimiu à cidade. Valeu.
Perfeita sua crítica, Hilde!!!
Concordo em tudo!!!
Parabéns!!!
Hilde concordo plenamente com suas palavras…. e acrescento que há hoje uma ditadura “branca”da estética das modelos da capa… Já percebeu como as morenas, mulatas, negras estão brancas!!! E isso não é só na Vogue. Além disso, todas com pele de cera. Chamar o Rio de balneário no mínimo é dor de cotovelo… talvez por nossa simpatia, beleza geográfica, estilo de vida… ou por sermos a sede das Olimpíadas. rs. Ou eles acham que o Rio é só Búzios e Angra dos Reis, locais invadidos por paulistas durante o verão?
beijos
oiiiiiiiiiiiii
Parabéns Hilde! Concordo com cada palavra do seu texto. Sou jornalista, blogueira, carioca, e toda vez que vou para eventos em SP sinto esse preconceito com o Rio. Uma pena! Afinal, como você mesma disse, a história do nosso país está aqui. Beijos
Hilde ,
Discordo de você. Há sim um enorme preconceito por boa parte da mídia paulistana em relação ao Rio. Os comentários são sempre com um certo tom jocoso. É prática comum da turma do outro lado da Ponte Aérea minimizar sempre os bons ventos que sopram por aqui , enquanto as notícias ruins são potencializadas. O caso da violência é exemplar. Repare nos sites , todos eles sediados em São Paulo. Sempre que há um caso de enorme repercussão em São Paulo , dão um enorme espaço para qualquer nota sobre um “simples” assalto , por exemplo , ocorrido no Rio. Qualquer violência ocorrida num bairro da zona sul merece destaque absoluto por quase um dia na página principal dos sites. O mesmo não acontece quando é por lá.
CONCORDO EM TUDO!!!
Também não li a revista mas já estou com o pé atras.
Considerando que essa é uma edição comemorativa em homenagem ao RIO a Vogue deveria ter um pouco mais de cuidado com a apresentação da nossa cidade.
Não é só você que fica passada com a qualidade (??????) da revista. É comentário geral. Sempre uma sucessão de erros e sempre nesse nível; cópia mal feita se achando Paris mas provinciana e sem noção como aquela burguesia besta e inculta que achamos por lá. Lá neste caso é SP.
Discordo de você no que diz respeito à cultura da burguesia paulistana. Ao contrário, considero os jornalistas paulistas que conheço, de modo geral, bastante informados e cultivados. Estudiosos, dedicados, sérios. Eu não faria esse comentário. Acho apenas que, também de modo geral, há uma visão distorcida em relação ao Rio de Janeiro, uma impressão de “indolência carioca”, de um certo “banzo” provocado pelo sol, que inexiste em nosso cotidiano de luta e muito trabalho.
Abraços
Hilde
VALEU HILDE!!
VC FOI INCLUSIVE, MUITO ELEGANTE NESTE COMENTÁRIO COM O QUAL CONCORDO
NA SUA TOTALIDADE.
SERÁ QUE NÃO HÁ REVISÃO NESTA REVISTA PARA EVITAR QUE BESTEIRAS COMO ESSA SEJAM PUBLICADAS-PRINCIPALMENTE EM CAPAS?
A INVEJA DEIXA AS PESSOAS CEGAS, MESMO AS MAIS ESCLARECIDAS.
Amei!!!
Hilde!
O Cristo Redentor é de vocês e ninguém tem.
Bjos