A propósito da análise de Saturnino Braga sobre o povo nas ruas, o leitor Medeiros Braga enviou, também sobre o tema, este cordel inspirado, que, por sua qualidade, vale não apenas a visibilidade do espaço dos comentários, mas também a área vip dos posts. Pois, afinal, todos vocês merecem lê-lo 😉
Medeiros Braga
VINTE CENTAVOS QUE
MUDARAM O BRASIL
“O que fazer doravante?…
Fica, pois, a indagação,
A direita está aí
Passando a língua no chão,
Como cobra num caixote
Aguarda pra dar o bote
Na hora da precisão.”
…………………………..
Eu agora vou falar
Da força que o povo tem
Que mais parece um vulcão
Desativado também…
Que de repente destrava
Em erupção e a lava
Escorre distante, além.
Assim é também o povo
Que subestima o poder,
Um poder que só confia
No que pode ele fazer
Com dinheiro e força bruta
Impondo uma lei astuta
Para o povo obedecer.
Sem prever as consequências,
Sem respeito a sua gente,
Confiante na riqueza,
Numa mídia dependente,
O poder vai, a galope,
Empurrando o seu xarope
Na goela do inocente.
…………………………….
Conclusão:
Volto as perguntas às massas
Com toda boa intenção:
O que fazer doravante
Pra manter os pés no chão?
Ante os jogos do poder
O que devemos fazer
Para dar sustentação?
Nós devemos preservar
As chamas da esperança,
Precisamos continuar
Na mesma perseverança.
Para ao poder não ceder
Nós teremos que manter
A total desconfiança.
A marcha é longa, complexa,
Exige muito saber,
Este faz parte da vida
Não custa tanto aprender,
É do saber, com razão,
Que vem a libertação
Que sem tal não pode haver.
Os escravos da caverna
Que é citada por Platão,
Eram eles alienados
Por sombras que havia, então,
Mas, um dia um insurgente
Rompeu com sua corrente,
Conheceu outra lição.
Curioso, ele propôs
Outro mundo conhecer,
Foi pra fora da caverna
Onde tudo pôde ver,
Até criou na verdade
Conceitos de liberdade
Todo um mundo de saber.
Retornou aos companheiros
Contou o que viu lá fora,
Porém, eles reagiram
Pretendendo, nessa hora
Matá-lo após renegar
Que outro mundo não há
Com por de sol e aurora.
Enquanto aquele escravo
Caminhava livremente,
Como um sábio a repassar
O seu saber, consciente,
Os demais, ignorantes,
Pretenderam, como antes,
Continuar na corrente.
Nisso vemos que o saber
É todo libertação,
Enquanto a ignorância
É fator de escravidão;
Sem ter tal conhecimento
Preferiram a corrente,
A caverna por prisão.
Estou convencido de que a direita não fez seu movimento só por 20 centavos, mas pelos 20 bilhões que não pôde roubar nos últimos 10 anos.