Hildegard Angel
Diferente dos demais males para os quais o dinheiro serve de salvo conduto, ou pelo menos proporciona mais segurança e conforto, o coronavírus tem se mostrado implacável com a alta sociedade brasileira. Uma das famílias paulistanas mais celebradas, pela beleza excepcional das suas mulheres e a forte fé católica, passa por forte aflição. Inspiram cuidados, com o vírus, além do patriarca, suas filhas e seu neto. O contágio se deu em almoço com um infectado retornado do badalado casamento da digital influencer, em Itacaré, na Bahia.
No Rio de Janeiro, apenas numa festa de noivado no penúltimo fim de semana, foram 27 infectados por dois casais recém-chegados da Itália. Inclusive os noivos. Por uma ironia semântica, vários coroados da Família Imperial Brasileira presentes adquiriram o corona. Também influente, o sobrenome de duas senhoras de importante família judaica que foram infectadas em sua frisa no Sábado das Campeãs. Elas se tratam em casa.
Há até quem cogite um castigo dos céus. Por telefone, o primeiro paciente a sofrer o contágio comunitário do coronavírus especulou: “Só os ricos estão com essa doença”.
Contudo, contrariando tal teoria, morreu hoje em hospital de Miguel Pereira, com todos os sintomas do coronavírus, uma empregada doméstica. Com 63 anos, ela foi se tratar em sua cidade, após ser contagiada no Rio pela patroa, vinda da Itália, que depois foi diagnosticada com o Covid-19.
Não, o coronavírus não surgiu para dividir a Humanidade. Ele mais parece ter vindo para evidenciar nosso egoísmo. Quando tivermos estocado todos os bens dos supermercados, e nos dermos conta de que eles não nos curam, apenas causam escassez nos lares mais pobres, veremos que o que de fato faltou em nossas prateleiras foi compaixão.
FIM DOS TEMPOS?
(Rita S. Coelho)
A partir do século 20, o homem começou uma corrida atrás de bens materiais colocando de lado a espiritualidade. Nada demais ter conforto e dinheiro, mas o mal do século é a ganância, querer tirar vantagem em cima dos semelhantes, lucros exorbitantes, dinheiro fácil, não se incomodar com o sofrimento alheio, a hipocrisia, etc.
O coração endureceu a ponto de eliminar, excluir os que não comungam do mesmo modo de pensar.
A discriminação, preconceito ao invés de ser vencido, cresceu.
Embrutecemos!
Famílias se desestruturam, a sociedade adoeceu a ponto de usar o nome do Criador para explorar, distorcer os textos sagrados, etc.
E aí, matreiramente chega a “praga” que nos força voltar para dentro de casa e de nós mesmos.
O filho, o cônjuge que há muito não era visto, abraçado, beijado, hoje está apenas a um metro de distância, mas, agora, mesmo que quisesse, as demonstrações de afeto arriscam a vida. Ou resgatamos os laços familiares construindo lares harmoniosos ou acabamos de vez com às uniões de fachada.
Os relacionamentos difíceis se tornam mais evidentes, a carreira indesejada, entre outras problemáticas.
A impaciência, ansiedade, o medo está à flor da pele.
A hierarquia há muito desprezada, chega a seu extremo. Idosos, há muito desvalorizados pela sociedade, hoje, mais do que nunca estão com a vida nas mãos dos jovens, até mesmo na hora de se decidir quem vive, quem morre.
Vemos castelos de areia se desmanchando de um dia para outro.
Percebemos que não ficará pedra sobre pedra.
Grandes impérios ruindo.
É o planeta expurgando o ódio e às mazelas do inconsciente coletivo.
Hora do juízo final?
Momento de aprendizado, e de regeneração para àqueles que quiserem continuar habitando esse “novo planeta que se anuncia.”