CASAMENTO NA SERRA COM OLHINHOS GRABOWSKY EM TODAS AS DIREÇÕES

Casamentos, ah, os casamentos! Todos se parecem tanto. São rotina sucessiva de cerimônias com o mesmo ritual, mesmo conteúdo, emoções e palavras sempre as mesmas, gestual e convenções que se repetem de modo protocolar, quase automaticamente. Em muitos, a religiosidade vem a reboque do décor, do belo vestido da noiva, do frenesi dos convidados.

Daí que, quando assistimos a um casamento, que particularmente nos toca, que nos faz estalar um clique mental, certo tipo de lucidez que explica e justifica a perenidade dessa instituição, que, misteriosamente, se mantém per saecula saeculorum, contra todos os argumentos do bom senso, bem, quando isso acontece, aí a gente se sente generosamente premiado por ter merecido o convite.

Foi assim com o casamento de Carol e Rodolfo.

O dia garoava, neblina forte na Serra de Petrópolis, chuva intermitente, mas duvido que um só dos convidados tenha se furtado ao compromisso do casamento de Rodolfo Cordeiro Guerra Sá e Ana Carolina Grabowsky Seiler, tais foram os cuidados e as gentilezas que cercaram previamente o acontecimento.

Meses antes, já tínhamos a data reservada na agenda, avisados pelo “save the date” antecipado. Sem falar nos encontros eventuais, aqui e ali, com Teresa Seiler, mãe da noiva, ela sempre falando das preocupações que tinha, da lista reduzida de convites, “bem restritos”, do vestido de Carol, encomendado com grande antecedência. Tudo organizado e pensado com precisão.

No grande dia, lá estávamos nós, na Locanda Della Mimosa, Alameda das Mimosas, 30, Vale Florido, Petrópolis, conforme rezava o convite na cor creme, com o envelope listrado de vinho no interior, exatamente no tom das listras que desciam nas faixas dos panos, do alto do gazebo transparente até o chão, no décor de Neves da Rocha.

Cada decoração do Antonio é uma novidade. Sua dobradinha com o Raimundo Basílio, um escultor de flores, é insuperável. Basílio harmonizou todas as tonalidades do vinho ao vermelho, em todas as espécies possíveis de flores, formando buquês menores nos centros de mesa e buquê imensos nos arranjos dos vasos.

Antonio concebeu treliças de bambu quadradas, que sobrevoavam algumas mesas e, sobre elas, havia coroas de buganvílias em tom vermelho fúcsia. Pendendo dos gazebos, também, lanternas de cobre envelhecido, azinhavrado, em estilos vários, do rústico ao oriental. Achados, imaginação, criatividade. E mais os panos listrados.

Sobre o local da cerimônia, um toldo geral transparente, e também sobre as filas de cadeiras dos convidados. Havia uma treliça branca, acima do quadrado onde se situavam o altar e a passarela da noiva.

Todos os padrinhos usavam gravata amarelo ocre-ouro, diferentes entre elas e no mesmo tom das paredes da Locanda. Ouvi dizer que a própria mãe do noivo, Rosa Cordeiro Guerra, preocupou-se em escolhê-las.

Rosa estava linda. Bem, ela é uma mulher linda. Sempre foi. Sem plástica. Vestia um Guilherme Guimarães, que passeava do goiaba ao fúcsia ao coral e tinha uma larga capa-gola, plissada à la Mary McFadden. Obra-prima. Como acessórios, brincos de argolas de contas de coral com acabamento de brilhantes. Em grande dia.

Teresa Seiler não ficava atrás em elegância: um Oscar de la Renta, duas peças, saia roxa com leve cauda, casaco imprimé em tons de roxo, lilás, amarelo, manguinhas, muito bonito. Bem penteada. Perfeita. Também em grande dia.

Impecáveis, as duas.

Rosa Cordeiro Guerra é militante pioneira da produção e do consumo de alimentos saudáveis. Não é de hoje que, com sua sócia na Planeta Orgânico, Beatriz Martins Costa, ela promove  palestras nacionais e internacionais, feiras e exposições sobre alimentação orgânica e sustentabilidade, com chancela do Ministério do Meio Ambiente, da Unesco, da WWF e de outros organismos de seriedade reconhecida.

Teresa Grabowsky Seiler é um dos nomes mais respeitados da medicina do Rio de Janeiro. Grande alergista, foi durante muitos anos a assistente do professor Brum Negreiros. Quando ele morreu, herdou a sua clientela fiel. Daí que a medicina top prestigiou in totum.

Em minha chegada, cruzei com o ortopedista Alcino Affonseca. Em seguida, encontrei o professor Ivo Pitanguy, que mereceu lugar na primeira fila, junto com as famílias dos noivos. Também vi o dr. Paulo Niemeyer, e mais o dermatologista Pedro Briggs, o pneumologista Barros Franco, o radiologista Felipe Queirós Mattoso, o dr. Rawlson de Thuin, médico combativo da causa “crânio-maxilo-facial” –  só feras, o primeiríssimo time da medicina, enfim.

Claro que havia o frisson farfalhante próprio dos eventos sociais. Enquanto a cerimônia não começava, convidados distraíam-se identificando rostos, nomes, sobrenomes; observando roupas e jeitos; registrando modas e modismos.

Não, não havia um único fascinator. Sequer um leve resquício de chapéu. Já era, já foi. E olha que a cerimônia foi marcada para às quatro e meia da tarde. Noutros tempos, chapéus haveria vários.

Sim, várias mulheres vestiam preto. Inclusive a bem-vestida referencial Patrícia Mayer. Aquela regra de que em casamento não se veste preto, como vemos, já era, já foi.

4Beth Accurso e Patrícia Mayer, elegantes e de preto

2Ricardo Cordeiro Guerra, tio do noivo, e a namorada, Claudia Pinheiro Guimarães, de preto também

Sim, aquela outra regra de que calça comprida em casamento não pode também é passado. Bebel Niemeyer 40 Forever vestia uma, bem justinha, aliás. E estava uma graça.

O que nos faz concluir que o que, veramente, já foi e já era são as regras, as convenções, o pode e o não pode, o “usa” e o “não usa”.  À exceção dos chapéus, que decisivamente NÃO USAM! Uma pena, adoro! (um dia, voltam, tudo volta).

Claudia Melli, vestido reto, verde, tiras azuis nas costuras laterais, esmeraldas nas orelhas, esverdeando seus olhos azuis. De pertinho, bem pertinho, é ainda mais bonita. Geralmente é o contrário.

Fernanda Basto, very stylish, tailleur imprimé, marinho e branco, cinturado com cintinho fino, e suas inseparáveis luvinhas brancas, com pulseiras, claro. Se eu fosse fazer Marca Registrada da Fernanda desenharia um par de luvas.

Maria Vitória de Botton, amiga de colégio de Rosa Cordeiro Guerra, tailleur vermelho. Outra mulher que está muito bem, pele maravilhosa, soignée. Jamais um bisturi passou por ali. Nem precisa.

3Amigas de colégio: Rosa Cordeiro Guerra e Maria Vitória de Botton

O noivo já entrou emocionado. A noiva entrou uma boneca de porcelana, impecável, linda mesmo. Que vestido impressionantemente belo! Várias carreirinhas de renda, uma após outra, uma diferente da outra, preguinhas horizontais, um capricho, uma preciosidade. Subindo em camadinhas, como ondinhas de mar espumante. Terminando no  corpo, em fourreau delicado nas costas, babado de point d’esprit na bainha fazendo a saia levitar. Uma suavidade, um bom gosto, um equilíbrio próprios da assinatura do Gui-Gui.

O véu, em point d’esprit sobre o coque salpicado com jasmins naturais, era longo,  acompanhando o movimento da saia em cauda.

grabowOs noivos Rodolfo e Carol, ao fundo, à direita, Teresa Seiler, de Oscar de la Renta, e o pai da noiva, Ted Seiler, cantando!

Se o vestido fosse música seria a Terceira Sinfonia em Fá Maior de Brahms, eu acho. Mas o que tocou à sua entrada foi a Edelweiss do Música Divina Música. Também gosto.

Ah, como o Rodolfo chorava. E chorava o pai da noiva, Ted. E chorava a mãe do noivo, Rosina – Rosa. E chorava a mãe da noiva, Teresa. E eu aflita de aquelas lágrimas todas contagiarem Carol e ela irromper no choro junto, quebrando a beleza do conjunto daquela imagem tão delicada dela, de boneca de porcelana, intocada, cromo, aquarela em que bastava um pingo d’água que comprometeria o todo.

No entanto e por sorte, as lágrimas de Carol vieram pingando, molhando, encharcando emoção, não no rosto, mas em suas palavras comovidas, tremidas até, no juramento de amor feito ao Rodolfo: “Eu te amarei em todas as manhãs de nossas vidas, ao acordar; e te amarei nas tardes de chuva como esta e no amanhã ensolarado; e te amarei em Miami, no Rio ou em São Paulo, aonde estivermos, e te amarei….”.

Bem, o discurso não era exatamente este, mas era quase. E todos amaram, e todos se emocionaram. E também brincaram: “Em Miami! Em Miami!”, disseram.

E havia olhinhos de tios Grabowsky (são seis!) por toda a parte, em todas as direções, em todos os nichos, frestas e lugares daquela cerimônia; a observar, a sorrir, a torcer, a fotografar, a dar força, a se emocionar, a irradiar alegria diante daquele quadro tão belo, da visão de uma Carol tão bonita e feliz, de um Rodolfo de tal forma emotivo, de um casal amoroso, que ali se completava.

E o padre, simpático, bonachão, bem humorado. Providência, é claro, de tia Gisella Amaral – que só ela para conseguir um sacerdote de tal calibre para uma cerimônia privée, num sábado à tarde na Serra.

O padre, entre pérolas outras de sabedoria, ensinou-nos a fórmula dos casamentos perenes, numa única, simples, objetiva e singela palavra: “O segredo – ele disse – é AGUENTAR“.

E todos demos uma longa, divertida e cúmplice gargalhada!

(E em março aguardem mais um casamento Cordeiro Guerra. O de Suzana, filha de Ricardo Cordeiro Guerra e Ana Maria Leite Ribeiro Cordeiro Guerra – a querida Nana. Suzana, bela e crânio das finanças, formou-se em Harvard, onde faz agora doutorado – ou será mestrado? A recepção será no Copacabana Palace. Tudo elegante, clássico, de bom gosto, como é marca e tradição das famílias Cordeiro Guerra e Leite Ribeiro).

grab 3Fernando Sá e Rosina Cordeiro Guerra, pais do noivo, os noivos Rodolfo e Carol, os pais da noiva, Ted e Teresa Seiler

994043_629984837062914_1166648663_nGuilherme Guimarães, que se transferiu para a Locanda com todo o seu staff, para vestir a noiva e a mãe do noivo, Rosa Cordeiro Guerra,  e a mãe da noiva, Teresa, que vestia de la Renta, impecável, página da Vanity Fair

1476051_10151988016502974_1957837442_nTeresa e Ted contemplam, felizes e realizados, a filha, Carol, nos braços de seu marido, Rodolfo Cordeiro Guerra Sá… e tio Luiz Fernando Grabowsky fotografa ao fundo, click!

1476403_630216357039762_1720117804Foto (meio nebulosa, porque a garoa era forte, rsrsrs) para o álbum de família

grab 1Os padrinhos (noivo no meio) todos com gravatas amarelo ouro-ocre, no tom das paredes do Locanda – Rosa Cordeiro Guerra providenciou

alessandra azevedo e carolAlessandra Azevedo e Carol revelando a “simpatia”: nomes dos noivos bordados na bainha pra dar sorte

alessandra azevedo pegou o buquê!E quem deu sorte no casamento da Locanda foi a Alessandra Azevedo, que pegou o buquê e pegou outra coisinha…

brice gauer, amanda helena sauer, alessan dra, foto da carolBryce Gauer, Amanda Helena Sauer, Yvonne Seiler

Fotos da Hilde e “pirateadas” do Face

13 ideias sobre “CASAMENTO NA SERRA COM OLHINHOS GRABOWSKY EM TODAS AS DIREÇÕES

  1. Só Hilde pra transmitir e descrever tão bem a emoção e a beleza do que foi o casamento.
    Parabens.

  2. Hilde ! que lindo esse texto ! Acho que nunca tinha lido uma descrição tão bacana de um casamento !!! Pelo que li além de inspirador foi um espetáculo!!! bjo

  3. Querida Hilde ,muito obrigada pelo carinho com suas palavras tão lindas! Muito honrados com sua presença e do Francis. Beijo carinhoso Teresa

  4. Parabéns pelo texto descritivo. Foi um prazer ler algo tão bem descrito. Foi como participar da festa. Detalhes sutis não foram esquecidos Parabéns! Parabéns ao jovem e lindo casal . Sejam felizes!

  5. Parabéns pelo texto descritivo. Foi um prazer ler algo tão bem descrito. Foi como participar da festa. Detalhes sutis não foram esquecidos Parabén!

  6. Hilda querida,
    Como sempre vc é única nos seus relatos de eventos…..adoooro!
    Nada escapa ao seu olhar, muito bom ler você!
    Obrigada pela citação tão amável ao se referir a minha pessoa.
    Bjs e foi um prazer te ver.
    Patricia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.