Quem quiser saber o que foi a ditadura tem hoje oportunidade indo à mostra Ocupação Zuzu, no Paço Imperial
Está lá tudo exposto no Paço Imperial, até seis da tarde: a vida, a moda, a luta de Zuzu Angel e de meu irmão , Stuart, sacrificado pela ditadura, a dita-tortura, a dita-morte, a dita-indiferença de tantos brasileiros, que sequer compaixão puderam ter porque a Censura proibia que fossem informados dos fatos.
Estão lá as fotos, os fatos, os poemas, as cartas, os documentos, as provas, as vozes, os filmes, o choro, o drama.
Estão lá o suplício, a tragédia, a dor e o sofrimento de minha família.
Estão lá os modelos ícones do primeiro desfile de moda política do mundo e inclusive o vestido de noiva política, em que o costureiro da casa Versace agora, digamos, “se inspirou”, para o casamento de Angelina Jolie.
Está lá a réplica do ateliê de Zuzu na garagem da casa da Nascimento Silva.
Está lá seu depoimento em áudio ao historiador Helio Silva contando como foi o suplício e a morte de seu filho Stuart.
Querem saber o que foi a DITADURA terrível no Brasil, que vocês, mesmo vivos e saudáveis, não viveram e não souberam porque não lhes permitiram saber? Corram, corram ao Paço Imperial no Centro.
A Ocupação Zuzu levou 45 mil visitantes ao ItaúCultual em São Paulo e outros tantos milhares ao Paço Imperial, e hoje é a última oportunidade de visitá-la aqui no Rio de Janeiro.
Espero vocês lá.
Hoje há performances de atrizes lendo as CARTAS DE ZUZU e usando vestidos réplicas dos criados por ela.
De cabelos curtinhos, na primeira fila, Sonia Angel, minha cunhada, assistindo a desfile da moda de minha mãe, Zuzu Angel, na Bergdorf Goodman, em Nova York. Foi barbaramente torturada, arrancaram-lhe os seios com alicate, lhe deram um tiro nas costas e seu corpo foi encontrado numa vala comum no cemitério de Perus, em São Paulo, quando Luiza Erundina era prefeita. Isso era a ditadura, para quem não sabe.