Quero vomitar porque vejo o retrato do saneamento público de nosso país dar uma marcha à ré aos tempos anteriores a Oswaldo Cruz e seu esquadrão de Mata-Mosquitos e voltarmos à estaca zero, ou à estaca de menos zero, com o mosquito da dengue proliferando, milhares de pessoas em óbito nos hospitais, estas as que deram “a sorte” de ter um diagnóstico.
Outras tantas milhares morrendo sem sequer saber o porquê, com os médicos tontos, não chegando ao diagnóstico, muitas vezes difícil. E mais milhares de brasileiros partindo deste mundo, vítimas da picada, sem acesso a qualquer tratamento.
Sem esquecer os que sobrevivem depois de dias de internação, sofrimento, angústia, dor e toda a sorte de precariedade.
Vômito por ver como o saneamento do Brasil regrediu nas últimas décadas, sem qualquer investimento por governos sucessivos…
Lembrando que o FGTS foi criado para proporcionar a Habitação e o Saneamento, saindo o dinheiro, parte do patrão, parte do empregado, especificamente para esse fim. O objetivo era atender aos menos favorecidos.
E com esse objetivo criou-se, então, o Banco Nacional de Habitação, BNH, presidido pela deputada Sandra Cavalcanti, visando a aplicação desse dinheiro, com uma diretoria de Habitação e outra de Saneamento.
O BNH foi extinto no governo de José Sarney e a verba do FGTS continuou a ser recolhida, passando a ser enviada para a Caixa Econômica Federal.
Que tal investigar o montante de aplicação feito pela Caixa Econômica Federal em Habitação e Saneamento, desde que passou a receber essa m ontanha de dinheiro do FGTS?
É bom apurar isso, pois não será justo a Caixa, que historicamente sempre foi conhecida como a “Mãe dos Pobres do Brasil” passar a ser tida, desde agora, como a “Madrasta Morte” das vítimas da dengue no país…
Hildegard.
Sou seu admirador pela postura e luta em favor das causas que particularmente considero justas.
Quanto ao FGTS posso ajudar informando que o valor do fundo fica guardado na Caixa e não é usado para fins comerciais (cheque especial ou empréstimos, por exemplo). Ele é utilizado para financiamentos habitacionais. As construções de casas/apartamentos levam 100% dos recursos destinados para isto. A outra parte da destinação (saneamento) é a parte das Prefeituras/Governos Estaduais que, para aplicar, necessitam ter documentos contábeis/financeiros em dia. Aí começa a encrenca. Poucos entes públicos têm as contas sob controle e têm documentos que provem a idoneidade da administração. E tem ainda a questão do interesse público de fazer obras que não aparecem para o eleitor. Se tiver interesse e projetos, verba do FGTS tem e de sobra.
Abraço.
Muito obrigada, Sabido, por tocar nos pontos que já conheço. Essas são as exigências que a Caixa faz, que dificultam enormemente, às vezes chegando a inviabilizar, a realização do motivo principal da criação do FGTS: aplicar o dinheiro em Saneamento e Habitação.
O empréstimo que a Caixa faz para o indivíduo comprar material de construção e ele mesmo, muitas das vezes de modo irregular, construir em baixadas e encostas, poderia ser aplicado em projetos de habitação popular. Pelo que entendi, o dinheiro era emprestado aos governos, pelo BNH, a fundo perdido, ajudando a solucionar um gravíssimo problema de habitação. A consequência da desativação desse processo hoje vemos com a favelização do país.
Já na questão do Saneamento, aí está a dengue ceifando vidas como na Idade Média.
Este é meu ponto de vista, mas não sou dona da verdade. Aguardo novas contribuições suas.
Abraços
Hilde
Hilde, é para vomitar mesmo. Parabéns por ser a voz de muitos que não conseguem se fazer ouvir. Eu mesmo, já tive dengue duas vezes e graças a Deus e por ter um plano de saúde, sobrevivi. Porém, tive a experiência da dor e de todo o mal estrar terrível causado por esta gravíssima doença; inclusive vômitos literais. É triste, porém me alegro ao ler suas palavras, que lava a alma de muitos, no tom exato que todo cidadão deve ter; já que paga impostos para ter investimento necessário da parte de quem governa.
Muito bem, Hilde, que com o seu grito providencial alguma coisa seja feita antes que morramos vítimas da peste negra do sec. XXI.