Nunca, jamais, em tempo algum se viu, numa tela de cinema, cenas de festas tão espetaculares. De cortar o fôlego. Apoteóticas, inacreditáveis, surpreendentes, puro encantamento. Com recursos que só mesmo os efeitos especiais do terceiro milênio poderiam proporcionar, as festas de The Great Gatsby fazem as da primeira versão do filme parecerem singelos convescotes domésticos. Até porque as festas da vida real, nas últimas décadas – as de casamento sobretudo -, se aprimoraram de tal forma, sofisticaram-se tanto, que as grandes festanças de antigamente, tão faladas e decantadas, hoje em dia só podem ser consideradas dentro do contexto da época em que aconteceram. Não há mais comparação possível.
O mundo ficou over. Tudo é grandioso, grandiloquente, high definition, tri dimensional, a regra do ‘menos é mais’ se tornou apenas um conceito do passado, para ser declinado com certa ponta de esnobismo, nada mais que isso.
O mais é muito mais. E a atual versão de The Great Gatsby ilustra isso de forma magistral. O Gatsby ‘fancy’ da primeira versão poderia passar, nos tempos de hoje, por um príncipe de elegância, sem pôr nem tirar. Porque os deslizes do outsider Robert Redford tentando ingressar naquele inatingível mundo esnobe e refinado, apresentado no filme de há 39 anos, eram, aos olhos de hoje, sutis, discretos, praticamente imperceptíveis.
Daí que o Gatsby 2013 precisa de, para ser crível, a cada weekend, promover festas que valem por uma temporada inteira do Cirque de Soleil, com trupes de bailarinos, contorcionistas, equilibristas, figurinos fantásticos, orquestras, uma mis-en-scène de enlouquecer. Sem esquecer a “sessão conquista” de Gatsby, em que, para reencontrar Daisy, ele transforma um pequeno chalé num mercado de flores e macarons, um over que nem Joãosinho 30, no auge dos seus exageros na Beija Flor nos anos 80, não ousaria promover. E fica tudo lindo, pois o bom gosto excede nessa produção.
Os figurinos de Prada enchem os olhos. A beleza estonteante de Leo di Caprio. Carey Mulligan é uma gracinha, mas, sinceramente, não chega aos pés de Mia Farrow da primeira versão, e a opinião não é apenas minha, ouvi isso primeiro de Luiz e Glória Severiano Ribeiro, anfitriões de sessão avant prémière do filme, em sua cabine privada, quando Glória recebeu um grupo só de mulheres.
Aos adeptos da beleza, da alegria, das festas de encher os olhos, da sofisticação, do refinamento, The Great Gatsby é um programa obrigatório.
De certa forma, o roteiro, baseado em obra de Scott Fitzgerald, soa ingênuo quando coloca como questão principal a incapacidade de uma sociedade de ricos fúteis e vazios manifestar solidariedade e amor ao próximo, movida exclusivamente por seu egoísmo e sua arrogância, cujo combustível é o preconceito e a convicção de que o mundo é dividido em duas castas, uma delas para servi-la.
Ingênuo porque, conceito de tal forma ultrapassado e defasado, que soa distante e anacrônico.
Ingênuo porque, conceito de tal forma real e consolidado, que soa evidente e insuperável.
Concordo com a Hilde quanto a maravilha das festas e só!
Com todo respeito ao seu encantamento com o filme, marco meu total desapontamento com o filme: uma chatice quase patetica. Di Caprio nao convenceu no papel, Daisy nao tem charme, e entre os dois nao ha quimica.
Aqui em Miami, onde moro, a plateia nao se emociona com o filme. Assim que acaba o filme as pessoas saem desapontadas. Os reviews tambem nao sao os melhores. A estoria – muito cliche!
E o tipo de filme que sera rapidamente esquecido…
Meu encantamento com as festas do filme, darling!
Nós gostamos de festas… né Hilde. Adoro qdo vc descreve festas. Parece que estou dentro delas.
Vou procurar fazer mais. Obrigada 😉