Com a abertura da exposição Tatuagens Urbanas, formatada a partir do livro Tapetes de pedra, editado no Brasil e em Portugal, foram dois dias de trepidação cultural e social em Belo Horizonte. Na programação, uma visita a Inhotim, parada obrigatória de quem vai a Minas, e um jantar em grande estilo na casa maravilhosa de Ângela Gutierrez, praticamente um museu…
Afinal, a exposição é no Museu de Artes e Ofícios, na antiga estação de BH, cujo mecenato foi da admirável Ângela Gutierrez, que recheou todos aqueles espaços com a coleção reunida por ela e por seu pai, Flavio Gutierrez…
Com coordenação de Renata Lima, curadoria de Helena Severo e cenografia de Chicô Gouvêa, a exposição Tatuagens Urbanas transporta para as salas do museu o conteúdo do livro, que aborda a arte dos “tapetes” de pedras portuguesas, no mundo e em especial no Brasil, onde temos belos exemplos na Avenida Atlântica, com aquele famoso desenho sinuoso preto e branco da calçada da praia, inaugurado em 1910, pelo prefeito Pereira Passos, e que virou marca registrada da cidade no mundo inteiro…
Mais tarde, já no governo do prefeito Negrão de Lima, com o alargamento da avenida aterrada, a calçada de pedras portuguesas se ampliou e, anos mais adiante, com a criação da calçada central e do calçadão, a Atlântica ganhou novas calçadas-tapetes de pedras portuguesas, com desenhos maravilhosos de Roberto Burle Marx. Estes, apesar de tombados, têm sido, ao longo dos anos, sistematicamente destruídos pelos avanços sobre as calçadas dos puxadinhos de restaurantes, hoteis e casas comerciais, que não estão nem aí para a preservação desse patrimônio artístico do Rio de Janeiro e do Brasil. Contando para isso, é claro, com a cumplicidade, a vista grossa e a anuência do poder público, que há décadas não está nem aí para essa degradação…
A necessidade de preservar esses maravilhosos tapetes de pedra cariocas, bem como os de outras cidades brasileiras, foi um dos temas do jantar de Ângela, que reuniu os jornalistas mineiros Mario Fontana, Lucio Valadares Portela, Anna Marina e Renata Lima; o presidente da Câmara Luso Brasileira, Antonio Bustorff; o presidente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Liszt Vieira; os casais Helena Severo e Francisco Weffort, Paulo Reis e Chicô Gouvêa, Sheila e Walfrido Mares Guia, Teresa e Aristóteles Drummond, que aproveitava a efervescência cultural para fazer campanha para membro da Academia Mineira de Letras, na vaga a ser preenchida em setembro, deixada por Miguel Augusto Gonçalves…
Ângela Gutierrez, dedicada à preservação de nossa memória cultural
Via Revista Viver Brasil – Foto de Paulo Laborne