O CENTRO DE DIREITOS Humanos de Petrópolis apresenta na sexta-feira o filme Batismo de sangue, que conta a história da participação dos frades dominicanos na luta clandestina contra a ditadura civil-militar, no final dos anos 60…
UM DESSES frades foi Frei Tito, enviado para o exílio na França, onde, atormentado pelas imagens das torturas terríveis a que foi submetido, que o perseguiam, acabou cometendo o suicídio…
ESTA HISTÓRIA e tantas outras até hoje não são contadas em nossos livros escolares. A verdadeira História do Brasil é sonegada aos jovens de nosso país, em nome não se sabe dos interesses de quem e do quê…
PARA ESCONDER as “vergonhas” e culpas sabe-se lá de que grupos e de quais organizações de tal forma poderosos que, até hoje, no Estado democrático em que vivemos, ainda prevalecem e se mostram eficazes, no papel de silenciadores dos fatos históricos do nosso país…
QUEM CONTA e revela, como sempre, são apenas os emissários culturais. Os homens e as mulheres do cinema, do teatro, da música, da literatura, das artes plásticas, da moda. Os educadores não têm à mão as cartilhas com que educar suas crianças e seus jovens. Estas não são produzidas. Os professores do ensino médio, empenhados, projetam filmes, levam os alunos ao cinema, propõem trabalhos escolares, indicam livros, fazem o que podem para essa história não passar em branco. Todos os nossos respeitos a eles…
Mas que projeto será este de poupar a realidade dos fatos às mentes das novas gerações?…
E ainda há o agravante de que até hoje existe o medo. Pois, quando não há a apuração das responsabilidades com as devidas punições, há medo…
QUANDO VEJO jovens briosos vestirem camisetas com rostos de heróis e ídolos emprestados, de guerras e lutas alheias, de outros povos e países, até me revolto. E nós, nossos mártires, nossos heróis? Tão corajosos, destemidos e belos, que esses jovens sequer conhecem ou ouviram falar? Aos nossos jovens é negada a referência heróica de seus próprios recentes antepassados. A única imagem de um bravo resistente do passado que lhes é dada como registro é a do barbado Tiradentes, e tão longe se vai o tempo!…
DEPOIS DELE, tantos homens corajosos, tantas bravas mulheres tombaram e padeceram pela soberania brasileira. Nomes omitidos, rostos proibidos, lacrados, selados, mascarados, tarjados pela Lei do Silêncio. E a gente que, na maior ingenuidade, enche a boca para falar de Estado de Direito, para falar de Estado Democrático. Que Estado de Direito é este que não permite seja contada no colégio a história de 30, 40 anos atrás? Continuam a varrê-la para debaixo do tapete e, com a mesma pá com que catam as poeirinhas remanescentes, atiram sobre o passado a cal do esquecimento ad eternum…
NOSSOS JOVENS vivem e sonham com os heróis emprestados. Quando eles terão direito a conhecer seus próprios heróis?
Que vergonha, Brasil!
Que omissão, Ministério da Educação!
Que tristeza, educadores, escolas, projetos, telecursos, que vergonha, vergonha, vergonha!
Hilde,
Ainda temos muito o que aprender, ainda temos muito o que crescer, ainda temos muito pelo que lutar. Eu particularmente fiz a minha opção de aprendizado. Aprender verdadeiramente através do exemplo daqueles que defenderam meu país ao invés de repetir mecanicamente comportamentos quase pavlovianos daqueles que dilaceraram a sangue frio, de forma impiedosa e autoritária, o sonho de toda uma geração. Meus Heróis eu escolhi, não pelo poder da força bruta, mas sim pelo poder do ideal. Se quero ser como alguém um dia, quero ser como aqueles que bravamente lutaram pelo meu povo, por um país mais justo, por um mundo melhor. Não sou maior nem menor do que aqueles que estão seguindo o mesmo caminho, mas que tomam decisões diferentes. Eu apenas escolhi, silenciosamente. Escolhi admirar quem teve a coragem de ser brasileiro. Que eu consiga aproveitar todas as lições que eles nos deixaram.
Hilde, minhas reverências e todo meu carinho.
Beijos
Monica
Parabéns, Monica, pelo seu idealismo e as suas escolhas. Você é uma jovem muito bem articulada e que tem tudo para ser uma liderança entre os jovens como você. Vai em frente!
Beijos
Hilde
Já propus na internet que o Ministério da Cultura patrocinasse um projeto de HQ, com o seguinte enredo: tomando conhecimento da infiltração golpista gringa no Brasil a partir de 1962 o Capitão Lamarca passaria a enfrentar o problema até que em determinado momento, o climax da HQ, ele teria que enfrentar o Capitão América. Depois de apanhar um pouco, usando o tacape de Cunhambebe (encontrado na Floresta da Tijuca) o Capitão Lamarca daria uma surra no Capitão América obrigando-o a fugir do Brasil. O Minc, todavia, prefere financiar o Hollyday in ce.
Adorei o HQ!
Os milicos de pijama que sonham com o retorno da Ditadura derrotada e seus amigos nauseabundos, que costumam trollar anônimos na internet, ficaram furiosos. Fui até ameaçado de morte por causa da idéia. Como vc pode ver, bem pouca coisa mudou no Brazilzilzil.
Adorei tudo Hildegard, ainda mais o termo heróis emprestados. Bjs boa semana.