PARTIU A CLAUDE, FEZ AMIGOS, FICARAM LÁGRIMAS E ELOGIOS

Um minuto de silêncio por Claude Amaral Peixoto. Todos tristes. O Rio de Janeiro triste. Era antes de tudo uma trabalhadora. Da noite e do dia. Abraçou todas. Modelo, quando foi mais que linda, foi lindíssima. Relações públicas, estilista, directrice do Régine’s, como direta assessora e braço direito total, no Brasil, de Régine Choukroun.

Assessora de imprensa, promotora da marca Salvador Dali, teve sociedade em loja de arte popular, meu Deus, o que é que a Claude não fez?

Depois que deixou de ser “dondoca”, pois era o termo na época em que a jovem francesinha Claude, trans-lum-bran-te, pontificou nas colunas sociais, dondocando com sua beleza, casada com o sobrinho do poderoso político Ernâni do Amaral Peixoto, marido de Alzirinha, filha de Getúlio Vargas. Bem, depois que passou essa “era de ouro”, o nome de Claude passou a ser Trabalho. Jamais fugiu dele. Foi sempre um exemplo de luta e de dedicação.

Foi também sogra da Camila Pitanga, consogra do Antonio Pitanga e da governadora e senadora Benedita da Silva.

Teve muitas amizades na área política. De Roseana Sarney a alguns ministros da Cultura. E também embaixadores, jornalistas (a cúpula global em peso frequentava as festas em sua cobertura de Copacabana), escritores, como seu vizinho Paulo Coelho. Enfim, sabia cultivar o poder.

Uma espécie de consulesa extra-oficial da França no Rio. Quando desembarcava algum figurão bleu blanc rouge na cidade, sobretudo se fosse artista ou alguém da moda, era  Claude quem o ciceroneava, cuidava, recebia. E era na porta dela que a imprensa ia bater para saber as notícias a respeito.

Um dos artistas que Claude recepcionava no Rio era o cantor franco-armênio Charles Aznavour, com quem ela teve um romance em sua juventude e para quem ele, logo após ela romper a relação, compôs a canção Que c’est triste Venice (Que c’est triste Venice / Au temps des amours mortes / Que c’est triste Venise / Quand on ne s’aime plus / On cherche encore des mots… Como Veneza é triste / Na época dos amores mortos / Como Veneza é triste / Quando não nos amamos mais / Nós ainda procuramos as palavras … ). Um primoroso hino ao amor, que muito envaidecia Claude tê-lo inspirado.

A imprensa era assim com a Claude, e Claude assim com a imprensa. Tinha alma de repórter. Aliás, até assinava uma coluna social-cultural semanal no jornal Monitor Mercantil. Chamava-se “Prova dos Noves”. Assim mesmo, com o “noves” no plural. Charme linguístico da Claude, que nunca deixou de ser a nossa “francesinha carioca”.

Fez amigos, foi leal a eles e eles a ela. Deixou dois filhos. Partiu coberta de lamentos e pena dos muitos que a estimavam. Lágrimas e elogios.

claude e o consulClaude Amaral Peixoto, que partiu hoje depois de muito padecimento, meses após ser vítima de um atropelamento em Copacabana, e o cônsul-geral da França, Jean-Claude Moyret

 

5 ideias sobre “PARTIU A CLAUDE, FEZ AMIGOS, FICARAM LÁGRIMAS E ELOGIOS

  1. Eu moro fora e não sabia do falecimento da Claude. Na época do Chez Castel ao lado de Sydney Pereira, ela sempre trazia as personalidades mais interessantes pra boite. Muita gente não sabia que ela trabalhava pra Alitalia no Aeroporto Tom Jobim, podendo assim ter acesso a passagens baratas, pra manter o ritmo internacional dela. RIP

  2. Lembro-me quando você comentou sobre a música do Aznavour, por ocasião de uma vinda dele ao Brasil, se não me engano em 93…Achei linda a história…Será que ele está sabendo da partida de um de seu antigo amor….

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