Ah, que bom, finalmente Insensato coração voltou a ser novela, largando de lado aquela experiência de ser seriado, com episódios que se sucediam à margem da trama central e atores que apareciam e sumiam (foi essa a explicação, aliás muito adequada, do Arthur Xexéo para o formato que vinha sendo praticado pelos autores Braga & Linhares)…
Enfim, podemos voltar a torcer contra o vilão, sorver a expectativa da vingança da heroína, sem ter nossa atenção distraída por fatos, digamos, secundários (como o namoro de Tarcísio com Angela Vieira, lembram?). Enfim temos, plena, a atriz notável Glória Pires, magnética, múltipla, ocupando a tela com seu carão que é expressivo sempre. Enfim, todos os personagens têm papel definido na trama e sua participação se justifica plenamente. Enfim, uma novela! Arte que Gilberto Braga, a gente sabe, domina que é uma beleza, mas como todo artista ele de vez em quando quer variar, fazer diferente. Não pode! Está proibido!…
Ninguém faz uma novela urbana como você, querido; ninguém nos transporta para o encanto carioca como você sabe fazer; ninguém nos enreda, nos espezinha, nos maltrata e envolve, deixando nossa atenção suspensa no ar, obrigando-nos a cancelar compromissos, remanejar agenda, fazer forfait nos jantares, como você. Daí que, pronto-falei, você não está mais autorizado a fazer laboratório de roteiro em suas novelas, tá? Sobretudo porque, do lado de cá da telinha, estamos nós, seus eternos figurantes de plantão. E nossa opinião, não vale?…
Bem, acho que vale, pois as coisas começaram a se acertar. Personagens sumidos reaparecem, ressuscitam. Milton Gonçalves, o pai do Lázaro Ramos, vai retornar; idem, a Wanda da Natália do Vale; assim como já voltaram à trama a Tia Nenem, a Norma Blum, o Zé Augusto Branco…
E ouço dizer que Braga & Linhares estão nos reservando momentos de fortes palpitações, até com Norma fazendo justiça com as próprias mãos, aprisionando Léo no canil de sua mansão, à la O segredo dos seus olhos (lembram?), aquele filme argentino que no ano passado ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro…
Por fim, já que Léo fica na pior e Pedro e Marina terminam mesmo juntos, e já que André e Carol a mesma coisa, fica aqui o toque aos autores Ricardo e Gilberto: os desimpedidos Raul com Norma podem e devem dar a maior química numa love story, e a gente ia a-do-rar!…
PS: O Douglas do Ricardo Tozzi está hilário. Além de bonito, ele é bom comediante, forte candidato a um desses prêmios de Ator Coadjuvante que costumam ser conferidos…