Respira por aparelhos na UTI do Hospital de Urgências de Goiânia, o estudante paulista Mateus Ferreira da Silva, da Universidade Federal de Goiás. Desarmado e em atitude pacífica, ele foi surpreendido pelo ato de selvageria de um policial, durante manifestação da greve geral, que, aos golpes sucessivos, espatifou o cassetete contra sua cabeça.
A grande mídia demorou a noticiar o fato, e agora, quando o faz, é de modo distorcido, procurando justificar o injustificável, tentando criminalizar a presença em um ato de protesto, participação absolutamente saudável e necessária em qualquer regime democrático. Mas, não, nessa greve geral, desde o início, desde antes, a preocupação tem sido a de manipular fatos.
Primeiro, fingiram que não existiria a greve geral. Sequer menção nos noticiários da véspera. Bem definiu o jornalista Gerson Nogueira, “como se omitissem uma tempestade do dia seguinte”. E na sexta-feira as pessoas, desavisadas, seguiram desatentas, “sem guarda-chuva”, para os pontos de ônibus e estações de metrô, desconhecendo que greve haveria. Pura irresponsabilidade da mídia, dando margem assim até ao registro da imagem desconsolada de um homem em cadeira de rodas, numa estação vazia de metrô, não tendo para onde ir ou voltar. Maldade dos departamentos de jornalismo, que deixaram de, na véspera, fazer sua obrigação: informar.
A preocupação foi, e tem sido, a de desfocar fatos e demonizar os protestos dos trabalhadores indignados, no afã de calá-los. O que também é uma forma de censura e repressão. Forma odienta, porque disfarçada. Abjeta, porque desse plano são levados a participar profissionais de imprensa, muitas vezes por necessidade de sobrevivência, cientes (ou não) do mal que fazem ao país. Irmãos contra irmãos.
As vítimas são feitas vilões. Os vilões são apresentados como heróis. Ah, e nós que já assistimos em outras décadas a esse filme, e deu no que deu…
Câmeras de TV, na sexta-feira, 28 de abril de 2017, focalizavam pneus queimados no Passeio Público e encobriam as bombas de gás lacrimogêneo lançadas na Cinelândia contra o povo – idosos, mulheres – multidão que cantava, compungida e ordeira, o Hino Nacional Brasileiro, no encerramento de um ato-comício. Alguém viu na TV?…
Assim como câmeras não mostraram a indignação popular ante a presença de Marcelo Madureira, radical de direita assumido, que, alienado dos sentimentos da população, resolveu gravar vídeo diante da Alerj, enquanto trabalhadores reclamavam contra a Reforma da Previdência e o fim da CLT.
O comediante foi expulso do local, escorraçado, aos impropérios, e assim seguiu pelas ruas do Centro do Rio – ele e sua equipe – em passos acelerados, com o povo atrás, bradando “ladrão, roubou nossos direitos!”, “verme!”, “canalha!”, num corredor polonês de xingamentos. Encurvado de tanta humilhação, o astro viveu seu ‘Momento Bastilha’.
Não, isso as TVs não mostraram. Não mostraram que os direitos duramente conquistados e suados de um povo trabalhador são como que sagrados. Para querer mudá-los de alguma forma há que se sentar, cordialmente, em mesa de negociação e conversar. Até se chegar a um ponto de ajuste positivo para todos. Não é assim como querem fazer, impondo à galega, tipo manu militari, levando as pessoas ao seu limite.
O povo trabalhador também é gente. Merece consideração.
#SomosTodosMateus
Como sempre Hilde muito bem dito . Também faço suas palavras minhas palavras!
Nós já vimos esse filme. A FIESP/MÍDIA/POLÍTICOS etc. estão com saudades da
Ditadura…..
Tirou da minha “garganta” tudo que eu gostaria de dizer e não sabia como…. Sim, os Trabalhadores foram chamados de “marginais” e “bandidos” por gente que você não acreditaria se visse nas páginas de redes sociais! ESCONDERAM de todos que a Policia atirou Gás Lacrimogênio em várias pessoas que estavam lá para dar suporte à passeata, como conhecidos meus, e não divulgam que muitos daqueles vândalos foram PLANTADOS ali, para TIRAR a credibilidade da Greve! Pois eram uma mixaria se comparados ao número de grevistas! Na TV deu pra ver moleques arrancando cabines de telefone e dando “risadas”… e outros PIVETES, quebrando Vitrines, como se aqueles “pivetes” assaltantes fossem Trabalhadores… C.
Desculpe Sra. Hilde em discordar da sua opinião . Na verdade tinham que colocar o exercito na rua para defender o povo do bem destes marginais que a imprensa chama de manifestantes . Espero a recuperação deste rapaz .
MARGINAIS? Em que Planeta a Senhora mora? A Senhora pelo menos LEU o artigo pra se INFORMAR? Lamentável que ainda existam pessoas sem noção pelo Brasil.!
E ainda há gente que acredita que existe gente do bem e gente do mal. Será que todos a consideram ‘gente do bem’?
Você já pensou na possibilidade de a sociedade tentar resolver seus problemas pelo diálogo, em que patrões e empregados, governo e povo possam conversar e se entender? É assim que se dá em sociedades civilizadas.
Quando os que têm poder e capital não querem conversar, não querem um solução pelo diálogo, os que se sentem prejudicados reagem. Vão às praças públicas dizer das suas indignações e denunciar injustiças.
O Exército é uma força treinada para matar inimigos e proteger seu país. Exército não é solução para reprimir jovens cheios de energia que bradam por seus direitos e os da população.
Os jovens e os que lutam por nossos direitos deveriam ser reconhecidos como cidadãos corajosos que se expõem por um ideal de justiça social.
Pense nisso, como filha, irmã ou mãe.
Não sei se esse poço tem fundo.