Antonio Guerreiro, diretor geral deste Portal R7, me pede que eu hoje conte o que fazia no September 11. Pois foi assim: meu marido, Francis, que ouvia rádio no banheiro enquanto se barbeava, me chamou e disse: “Um avião se chocou com o World Trade Center!”. Fiquei ao lado dele, escutando as notícias, que diziam ser um pequeno avião de passageiros que provavelmente errara a rota. Subi para o meu escritório, liguei a TV na CNN e fiquei impressionada com as imagens das pessoas em Manhattan, que passavam apressadas para o trabalho, olhavam a torre (a primeira) em chamas, mas não paravam nem se detinham para observar. Pensei: “Como a rotina brutaliza as pessoas em Nova York. Elas não se permitem nem parar e se emocionarem”. Foi aí que houve o choque do segundo avião contra a segunda torre. O apresentador achou que era um replay do primeiro choque, eu também pensei. Até que caiu a ficha: era um ataque orquestrado! Então, foi uma sucessão de imagens impressionantes. As pessoas na rua se apavorando, caindo em si sobre o que realmente acontecia, chorando, gritando. As notícias se sucedendo. Outros aviões haviam sido sequestrados. Um atacou o Pentágono. O outro, tentavam ainda localizar. Informações terríveis, uma após outra. E eu pensando: “isso não é uma provocação, é uma reação à política de Bush”. Vocês devem estar lembrados de como Bush vinha se posicionando francamente e acintonsamente pró-Israel nos conflitos com os palestinos, e sem qualquer preocupação com diplomacia, o que pelo menos isso Clinton teve. É óbvio que nada, mas NADA, justifica atrocidades como a do 11 de setembro, mas que o governo Bush contribuiu para que se chegasse a isso é evidente.
Enfim, hoje vemos as imagens chorosas e tristes na TV, e todos lamentamos. E eu fico pensando que, assim como cobrem com tanto sentimento esta triste lembrança, nos 10 anos do 11 de Setembro, as TVs brasileiras poderiam fazer o mesmo quando lembrassem o golpe de 31 de março de 64 no Brasil, com tantos mortos, torturados, perseguidos. Assim como poderiam, hoje, reservar um tempinho de sua programação para outro 11 de setembro, aquele de 1973, quando a CIA atuou para Salvador Allende ser deposto, o que levou a mais de 40 mil homens e mulheres serem mortos pela violência de Estado no Chile, entre 11 de setembro de 1973 e 10 de março de 1990, durante o regime de terror imposto pela ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990).
Que a grande e desastrosa lição destes dois 11 de Setembro seja aprendida: a de que definitivamente os interesses de um país não podem interferir na soberania de outros países nem nas vidas de seus cidadãos, mesmo que seja em nome das fontes de energia, da extensão territorial, da religião, do que for. Afinal, é para isso que existe a ONU, para que os assuntos sejam resolvidos diplomaticamente e com respeito mútuo…
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