Foi uma noite de cinema. Pois só mesmo na ficção de um filme hollywoodiano poderia haver noite igual. Eram apenas 50 convidados. Todos vestidos em grande gala. Para um coquetel e jantar servido em mesas com toalhas douradas, cristais vermelhos e brancos, talheres de vermeille, bem como de vermeille os centros de mesa, recheados com chocolates amargos belgas para quem quisesse ir beliscando a doçura, enquanto assistia à mais exclusiva das prémières teatrais, no mais absoluto gargarejo, pois todas as mesas eram de pista. Fui clara?…
Vou ser mais explícita: Angélique Chartouny, a mais generosa das anfitriãs, arrematou inteirinha a soirée de pré-estreia do musical Hollywood – A magia do cinema, da Companhia Teatral Casa Julieta de Serpa, exclusivamente para o grupo de seus amigos especiais. Foi uma noite longa, pois, para brindar com tantos momentos de beleza, é preciso mesmo muito tempo. Desde o portão de entrada do palacete no Flamengo, já encontramos os funcionários da casa vestidos com casaca preta e white tie. E, importante: roupas feitas su misura, por alfaiate. Não há um cast de garçons tão bem vestidos em todo o país!…
Como primeira etapa da noite, um coquetel, nos salões da grande residência em estilo francês. Depois, todos os convidados se encaminharam para a pérgula, onde apenas depois de todas as flûtes de champagne serem muito bem servidas teve início o espetáculo. E cabe aqui uma pausa na descrição mundana para um mergulho no universo teatral. Raras vezes encontramos um elenco de tal forma harmonioso, em que todos igualmente se destacam e o espetáculo segue como orquestra bem regida e muito afinada, com momentos de emoção, saudade, nostalgia, júbilo, humor. São um ator-mímico e seis atores cantores, a maioria egressa do musical Beatles num céu de diamantes, que brilhou até no exterior. Inclusive o diretor musical, Jules Vandystadt, também ator e cantor – ótimo cantor!…
Beth Serpa, em seus figurinos, homenageou os criadores dos guarda-roupas dos vários filmes. Não chegam a ser réplicas, mas cada um traz referências das roupas que já vimos nas telas. Homenageia Cecil Beaton, através da roupa que Elisa Doolitle usa em Ascot, em My Fair Lady. Homenageia Adrian, que vestiu Judy Garland em O mágico de Oz. Bem como Walter Plunket, autor das roupas de Debbie Reynolds e Gene Kelly em Cantando na chuva…
Vou colocar água na boca de quem me lê. O espetáculo abre com That’s Entertainment, embarca nos grande musicais da MGM, depois celebra a Broadway em Hollywood (West Side Story, Chorus Line, Evita, The Sound of Musica e vááários outros). Eis que entram em cena as músicas emblemáticas dos filmes de Disney, e as atrizes vestidas a caráter. Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida, Mary Poppins, A Pequena Sereia, todas lá, nos encantando. E também os rapazes, como Aladim, Tarzan, o Rei Leão, Pinóquio. É aí que todos voltam à infância e se derretem diante de tanto encantamento…
Mas o musical não para por aí. Chegou o momento dos Temas Inesquecíveis de Casablanca, Breakfast at Tiffany’s, New York, New York e outros filmes a que nós todos assistimos. Por fim, o momento de humor do espetáculo, quando cada ator disputa os refletores, numa pantomima, no quadro Eu Quero Ser Uma Estrela. Aí, entram Moulin Rouge, Ghost, Flashdance, Dreamgirls, Mamma mia, Titanic. E o povo assistindo admirado, algumas vezes cantando junto…
Com um destaque especial para Chaplin, que faz a ligação entre os quadros, numa performance magnífica do ator Bruno Torquato, o único calado em cena, mas brilhando o tempo todo…
Sem deixar de registrar os cumprimentos deste blog à dupla de produtores, Carlos Alberto e Beth Serpa, que não poupou investimentos para nos brindar com uma montagem em que a qualidade é evidente, da orquestra aos atores aos figurinos e até mesmo aos acessórios, bijuterias muito bonitas. Com a estreia dessa atraente, talentosa e bem feita produção cultural, a plateia do Rio de Janeiro está de parabéns!…
Vejam aqui, nas fotos de Marcelo Borgongino, os vários momentos do musical, até o final, quando Chaplin presenteou a anfitriã da noite, Chartouny, com um buquê de rosas vermelhas. E dá-lhe aplausos!…
Ficha Técnica
Direção: Rubens Lima Junior / Direção musical: Jules Vandystadt / Roteiro: Fabricio Negri e Jules Vandystadt / Coreografia: Fabrício Negri/ Figurinos e Cenário: Beth Serpa / Conceção e e Produção: Carlos Alberto Serpa e Jules Vandystadt
Elenco: Bruno Torquato, Analu Pimenta, Carla Odorizzi, Fabrício Negri, Jules Vandystadt, Lucia Bianchini, Raul Veiga
Orquestra “Hollywood Band”: Carlos Rodrigues (sax, clarinete, violão), Léo Bandeira (bateria, percussão), Thaís Ferreira (violoncelo), Tony Lucchesi (piano)…
Espetáculos de quinta a domingo, nos horários do chá da casa…