Jantar no principado da Barra para a 1º desembargadora negra ou “É um escândalo que a dra. Ivone Caetano seja a 1ª, deveria ser a milésima!”

Ela é o grande personagem feminino da mídia da temporada. A primeira desembargadora negra do Tribunal de Justiça do Estado do Rio. Segunda negra a ocupar o cargo no Brasil. E não apenas isso: ela vai atuar na importantíssima 25ª Câmara Cível/Consumidor, que decide as disputadas causas dos consumidores, algumas vezes envolvendo interesses poderosos. Há que ter fibra e pulso forte, o que ela já demonstrou de sobra.

Ela está acostumada aos pioneirismos. Foi a primeira mulher titular do 1º Juizado da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, atual Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, onde atuou por 10 anos, tendo partido dela a primeira decisão permitindo a um casal de lésbicas integrar o Cadastro Nacional de Adoção de crianças.

A dra. Ivone Ferreira Caetano tomou posse esta semana no cargo no TJ, com o plenário lotado, aplausos entusiasmados e frases bonitas em seu discurso, como “chegar ao ápice da carreira é maravilhoso para qualquer profissional; da forma como cheguei foi muito difícil e muito duro mas, em qualquer situação, com autoestima, você consegue”. Disse mais: “Acho que eu sou um exemplo para aqueles que estão chegando, para verificarem que também podem”.

E a chave de ouro desta semana de homenagens foi ontem, com um jantar na Barra da Tijuca, à beira da piscina, ao som suave e sofisticado da bossa nova, interpretada ao vivo, com a visão de palmeiras tropicais iluminadas, um jardim deslumbrante, mesas de cristal, cadeiras de acrílico ou prateadas, lustres de prata como os sous plats, centros de mesa floridos de branco, e muito floridos, muito mesmo.

Mas a flor principal da noite era cor de rosa, se chamava Maria e se intitulava “uma papoula”, a pequenina filha dos anfitriões, Ariadne Coelho e Luíz Saúcha, que recebiam para um jantar de 70 convidados, lugares marcados, em torno da desembargadora dra. Ivone Ferreira Caetano e sua família.

A deputada federal Benedita da Silva, a empresária da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Maria Aguinaga Lima e Silva de Moraes, a joalheira premiada com o De Beers, Tereza Xavier, a jornalista múltipla Claudia Cataldi, a juíza Maria Vitória Riera, a introdutora fashion Nina Kauffmann – foi uma noite de mulheres empreendedoras. A presença delas também era uma forma de celebrar a mulher de sucesso Ivone.

À sobremesa, como é de tradição, e como se tratava de uma homenageada mulher, coube à hostess fazer o speech da saudação. Ariadne falou comovida. Lembrou da força feminina e da força do exemplo emanados por Ivone Caetano, e de seu privilégio de poder homenageá-la. E aí fez o gesto que causou surpresa, estendendo a mim a missão difícil de, em nome dos convidados, dizer algumas palavras à homenageada.

E o que pude falar além de tudo dito? Que muito nos alegra, como brasileiros, saber de uma mulher tão merecedora e lutadora quanto a dra. Ivone Caetano galgar tal posição e alcançar seus objetivos tão elevados, sendo como mulher negra a primeira. Mas também muito nos entristece, nos envergonha e acabrunha, como membros da grande parcela branca num país sobretudo negro, que só agora ela seja a primeira. Pois deveria ser a milésima, a milionésima desembargadora negra no Rio de Janeiro e no Brasil.

Assim seria o justo, assim seria o certo.

O fato de dra. Ivone Caetano ser a primeira apenas evidencia a histórica e injusta situação de desigualdade social da população negra em relação à população branca.

Por este motivo tão óbvio é que sou plenamente favorável a qualquer tipo de cota racial. Pois se não houve, logo após a abolição da escravatura, mecanismos de apoio e estímulo à população negra para sua inserção social com dignidade, antes tarde do que nunca.

Esta deve ser a postura de todo o cidadão branco deste país, onde devemos estar permanentemente vigilantes contra o nosso preconceito, que se manifesta sem que sequer o percebamos. No nosso cotidiano, através de pequenos gestos, atos, palavras, menções, cacoetes. Mesmo quando julgamos que não somos racistas ou preconceituosos. Mesmo entre as pessoas “de bem”.

Não ser preconceituoso exige estar sempre alerta. O racismo precisa ser encarado como uma doença que contamina a sociedade e necessita sempre ser tratada, até seu completo banimento.

Caso contrário, seremos sempre uma sociedade refém do ressentimento de cor, e não poderemos nos queixar dele.

Diante de mim à mesa, as sobrinhas de dra. Ivone, e também o sobrinho, todos muito bonitos, fileira deles, me olhavam com interesse, até com espanto.

Eu mesma estava espantada. Terminei de falar sem saber de onde me veio a repentina inspiração, mas veio.

Ao fim do jantar, depois do protocolar discurso de agradecimento da dra. Ivone, houve um grande congraçamento. Vários familiares da homenageada cumprimentaram com entusiasmo esta Hildezinha. Fiquei muito lisongeada.

Então, me lembrei de uma das últimas confidências a mim por meu pai canadense americano, antes de morrer: “Hildegard, casei-me com sua mãe porque me apaixonei por ela. Mas também me apaixonei pela família dela. Quando desembarquei no Brasil, na década de 40, foi a família brasileira que conheci em que não percebi qualquer racismo”.

Pisquei os olhos e recordei-me de minha avó Chiquinha, na sala de seu apartamento no Jardim Botânico, em longos bate-papos com suas amigas, negras e brancas, chamando a todas de “dona”, como era de seu cerimonioso costume, e servindo cafezinho com o bolo da tarde.

ari Benedita da Silva, Ivone Bezerra, Ariadne Coelho e Maria Vitoria Riera__SA_9803Deputada federal Benedita da Silva, desembargadora Ivone Caetano, Ariadne Coelho, juíza Maria Vitória Riera

Ariadne Coelho, Luiz Saucha, Felipe e Nayla Carvalho__SA_9541Ariadne Coelho, Luiz Saucha e os belos Carlos Felipe e Nayla Carvalho (se a Barra fosse um principado eles seriam Albert II e Charlene, são os nossos príncipes da Barra da Tijuca, os herdeiros da Carvalho Hosken, maior construtora e incorporadora, que povoou o bairro)

ari Francis Bogossian, Luiz Saucha, Francisco de Assis Watson e Felipe Carvalho__SA_9645Francis Bogossian, Luíz Saúcha, Francisco de Assis Watson e o jovem empreendedor Carlos Felipe de Carvalho, filho de Carlos Carvalho

ari Zelia Lima e Tereza Xavier__SA_9606Zelia Lima e Tereza Xavier

ari Marcelo e Sabrina Rebelo__SA_9487Marcelo e Sabrina Rebelo, campeã mundial de provas de ciclismo

 ari Ivone e Mauricio Caetano__SA_9921Ivone e Mauricio Caetano, a desembargadora e o engenheiro, brindando à grande noite em família

ari Hildgard Angel e Heckel Verri__SA_9759Hildegard Angel e Heckel Verri

ari Nina e Salitre Flavio Kauffmann__SA_9511Nina e Flavio Kauffmann

ari manda para a hilde_SA_9514A clutch de Nina Kauffmann trazia uma arara celebrando este blog, piu, piu!!!!!

ari Luiz Saucha e Ariadne Coelho__SA_9384Luíz Saúcha, Ariadne e a mesa de cristal, tudo decorado com requinte pelo cerimonialista Carlos Lamoglia, que assinou a noite

ari Brinde__SA_9877Ariadne brinda com Luiz Xavier e convidados vindos de Brasília

ari Claudia Cataldi, Jose Ronaldo Muller e Benedita da Silva__SA_9838Claudia Cataldi, José Ronaldo e Benedita da Silva

Ariadne Coelho, Ivone e Danila Caetano__SA_9702A desembargadora Ivone Caetano, entre sua anfitriã e a filha, Danila Caetano…

ari Mauricio e Ivone Caetano__SA_9866… e com o filho, chamado Maurício como o pai

ari Hildgard Angel, Luiz saucha, Ariadne Coelho, Ivone e Mauricio Caetano__SA_9899O momento do brinde à mesa principal: Hilde, o casal Saúcha e o casal Caetano

ari Carlos Lamoglia e Jacira Rodrigues__SA_9466Carlos Lamoglia e Jacira Rodrigues

ari Stella Castelo Branco e Acilio Severo__SA_9433Stella Castelo Branco e Acilio Severo

ari Kristhel Biancco, Ariadne Coelho e Benedita da Silva__SA_9773Krysthel Byancco, Ariadne e Bené

ari Nayla Carvalho, Ariadne Coelho e Nina Kauffmann__SA_9647Ariadne Coelho, pré-candidata a deputada estadual pelo PSDC, da base de Pezão, com Nayla Carvalho, a princesinha da Barra da Tijuca, à espera de seu segundo baby, e Nina Kauffmann

Fotos de Miguel Sá

3 ideias sobre “Jantar no principado da Barra para a 1º desembargadora negra ou “É um escândalo que a dra. Ivone Caetano seja a 1ª, deveria ser a milésima!”

  1. Fiquei emocionada em ler a matéria, moro em Itaboraí, tenho 61 anos, milito na área comunitária, sinto na pele a discriminação, por ser mulher, pobre e negra, mas isso nunca me tirou o estimulo de lutar, por melhoria, reconhecimento dos menos favorecidos, por isso me chamam de LAIR MULHER DE LUTA, sigo, pois conheço a BENÉ, sua trajetória de vida e agora a Dra. Ivone, que já li alguns artigos sobre sua atuação, e concordo plenamente com o artigo: deveria ser a milésima…….mas nos alegra em te la como primeira, e lutar, lutar, para que outras Benés e Ivone venham abrilhantar com garra, luta e seriedade a Mulher Negra no Brasil……..Parabéns Dra. Ivone e Parabéns Hildegard Angel

  2. Oi, Hild! Belas e adoráveis palavras … Toda a família agradece seus elogios!

    Beijos,
    Vinicius (o sobrinho desse texto)

  3. Hild meu amor , amei encontrar com vc e o Francis e ouvir suas historias engraçadas .
    Otimo ver vc super bem , em todos os sentidos , sucesso ainda mais nos seus projetos , muita luz pra vc .
    Te amo ha mais de 25 anos .
    Kristhel Byancco

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