Foi muito tocante o texto lido ontem pela jovem Fernanda MacDowell na missa de sétimo dia de sua avó Heralda Cordeiro. Tão bonito que resolvi transcrevê-lo aqui. Fica como um bonito exemplo para se guardar e para lembrar, uma lição de vida da garotinha Fernanda, neste final de noite de terça-feira…
“Primeiro de tudo, eu quero agradecer a todos que estão aqui. Todos os que já passaram pelo que eu e minha família estamos passando agora sabem como é difícil – como é impossível – conviver com a dor de perder alguém que amamos muito. A todos que estão aqui, ou por serem amigos da vovó Heralda ou por nem a conhecerem pessoalmente, mas que vieram aqui por solidariedade à minha família, muito obrigada! Vocês, nossos amigos, são a família que escolhemos e as pessoas mais importantes para nós.
Agora, como vocês já devem ter percebido, esta é uma missa diferente. Como a Hildegard Angel disse no texto lindo que escreveu sobre a minha avó, tristeza não é algo que faça parte da nossa família. Ela tem razão. Não podemos escolher o que sentimos, mas podemos escolher sempre como reagimos. É por isso eu não quero que esta missa seja triste. Não quero que todos chorem, mas que todos riam das lembranças que ela deixou…
Quando a vovó ficou doente e descobrimos no hospital que ela estava com câncer no intestino, nem falamos para ela o que tinha. E, acreditem, ela morreu sem saber! Apesar da gravidade da situação, meu tio Joca, assim que entrou no quarto do hospital, falou: “Mamãe, fique calma, você tá grávida de gêmeos e vai ter que fazer uma cesariana”. Os médicos riam horrores. Como eu não sou casada e não tenho filhos, eu logo prometi que ia cuidar dos gêmeos, já que ela estava tão velhinha para ter filhos.
No CTI, dizíamos para ela que os gêmeos já estavam na Fazenda, que estávamos cuidando deles e que o médico aproveitou para fazer uma lipo e por isso ela estava tão magrinha! Ela, vaidosa do jeito que é, ria horrores e olhava para a barriga para conferir. Apesar de ser a paciente em estado mais grave do CTI, quem estava no Silvestre só escutava risadas vindo do quarto dela. Não foi à toa que a primeira coisa que ela pediu ao acordar foi sorvete de creme e pediu o Seu Gomes para pintar o cabelo dela.
Por isso, eu vou dizer aqui que eu não estou triste. Eu estou feliz. Estou com saudades da vovó, é claro, mas estou feliz por ela ter tido uma vida tão perfeita e por todos os momentos que eu passei ao lado dela. Estou feliz por ter tido uma avó perfeita e que me amou tanto. Que nunca me disse um “não” e que desafiava todas as proibições da minha mãe. Ela também teve filhos que sempre fizeram tudo por ela. E teve meu avô, que, com todas as maluquices dele, nunca vi um amor tão grande por alguém como o dele pela minha avó.
Aos que estão preocupados conosco, fiquem tranquilos. Minha família é a melhor família do mundo e estamos mais unidos do que nunca. O vovô Josias chora e diz que não consegue viver sem a vovó, mas quem o conhece sabe que ele é imortal. Já passou por cirurgias piores da que a da vovó e está bem como um touro. Ele mesmo diz que não adianta se jogar da janela porque sabe que não vai morrer, vai se quebrar inteiro e “vai doer pra cacete”. E é verdade! Enfim, vamos ter um Natal difícil, com certeza, mas, como diz o ditado, “if life gives you lemons, make lemonades”.
E a última coisa que eu posso dizer, a única certeza que tenho na vida, é: aproveitem ao máximo todo o tempo que vocês tiverem ao lado dos seus avós. Nada nessa vida importa além do amor que sentimos pela nossa familia e pelos nossos amigos. Todo o resto é insignificante. E para a minha mãe quero dizer: Quero ser para você a mesma filha maravilhosa que você foi para a minha avó!
Saudades vovó! Te amo muito!!!!