Agradeço a todos os que se manifestaram aqui a propósito do post do dia 17/09 com meu vídeo http://bit.ly/U60PWt . A grande bênção da democracia é esta: a gente pode falar. E eu, que vivi o período em que não podíamos, faço questão de não abrir mão dessa liberdade que julgo mesmo um privilégio. Liberdade para ser coerente e leal a projetos e sonhos. Porém, lamentavelmente, o comportamento que testemunho, não apenas na mídia, mas também em outros ambientes, na política, na cultura, entre os intelectuais, é o daquele ritual em que, momentos antes dos autos de fé, na Inquisição, o populacho esquentava o ferrinho na lareira em casa e ia esperar o herege passar na rua estreita, a caminho da fogueira no centro da praça, para já ir adiantando seu suplício, dando-lhe com o ferrinho em brasa no rosto. Chamava-se o ritual do “fazer a barba”. Isso foi ainda “ontem”, na fase pré-moderna…
Hoje, ligamos o rádio e escutamos jornalistas, ditos engajados, em animados debates no antecipar do “fazer a barba”. Articulistas de expressão deleitam-se nesse escanhoar cotidiano da barba de José Dirceu. Nesta véspera, vimos até um religioso de esquerda “fazer a barba” do réu, em um belo artigo, já lhe dando um adianto, um empurrãozinho, rumo ao crepitar das chamas…
Não sabem estes, que agora se vestem as capas dos bons moços, que serão aqueles a sair em cinzas ao final de todo esse processo de eliminação…