O escândalo dos bueiros voadores da Light levam a uma reflexão mais profunda sobre as privatizações. A maneira apressada e irresponsável como foram feitas. A toque de caixa. Sem a preocupação de conferir responsabilidades, de exigir contrapartidas. Sem se deter na qualidade dos serviços a serem prestados à população. A preocupação, ao que parece, era bem outra…
No alto mundo empresarial carioca, o que se diz é que os bueiros estão explodindo devido sobretudo à ganância dos sócios estrangeiros, a estatal francesa EDF, que enquanto geriu a empresa como seu principal acionista (de 1996 a 2006) só se preocupou em cortar gastos, despedir as antigas equipes que dominavam totalmente os assuntos técnicos da empresa, terceirizando a custo mais barato os serviços, e sem reinvestir um níquel na empresa. Só levando o dinheiro lá pra fora. Deixaram os equipamentos ficar obsoletos, a ponto de explodirem, e nem te ligo. Imaginem se fosse na França! O lucro colocado como prioridade única, pois nada lhes foi exigido, quando os consórcios compraram a empresa, pagando com moeda podre e a preço de banana…
Vejam o caso da telefonia. Seu telefone celular funciona bem ou é daqueles, como o meu, que cai toda hora, que dá sinal de ocupado mesmo não estando em uso ou que, volta e meia, quando liga pra alguém, escuta a mensagem “esse número não existe”? Ah, o seu também é desses? Pois vou lhe contar o motivo. É porque para as empresas de telefonia é mais lucrativo pagar mega escritórios de advocacia, que contratam centenas de advogados só para cuidarem daquela conta, empurrando as causas e os usuários com a barriga no Judiciário, do que prestarem de modo correto o serviço que deveriam ser obrigadas a prestar. Porém não existem obrigações. Os contratos foram todos feitos na perna, na base do vamos fazer depressa antes que o governo acabe. E nós sabemos o porquê, não?…
Os bueiros explodem toda semana, agora todo dia, em breve será a cada minuto. A agência reguladora Aneel até hoje, nunca, jamais, multou a Light. E os bueiros do Rio só voando. Foi preciso o Ministério Público entrar no circuito para que multas sejam imputadas. Uma multa irrisória, de 100 mil reais por bueiro que sai voando, criando pânico, traumas, ferindo pessoas ou, pior, até matando…
Não são apenas os atuais controladores da Light que devem reponder por esse escândalo. Também os anteriores, assim como as autoridades que lideraram a privatização da empresa, na ocasião em que foi feita, mal feita. Deviam responder por sua incompetência, seus erros, e pagar pelos prejuízos, inclusive financeiros, pelos quais são, sim, diretamente responsáveis. Ação pública neles!…
Desde dezembro de 2009, a maior acionista, controladora e gestora da Light é a mineira Cemig. Já pegou a bomba com o pavio aceso…
Hoje em dia, o carioca quando sai de casa faz antes dois sinais da cruz. Antes era apenas um, para proteger contra balas perdidas, sequestros relâmpagos e assaltos em geral. Agora precisa fazer mais outro: contra os bueiros voadores da Light…