E vamos, enfim, ao tão aguardado balanço da SP-ARTE deste ano. Vou fazê-lo em tópicos, como fiz as avaliações no post anterior sobre a feira, porque as colocações ficam mais precisas e objetivas, sem rodeios. Relendo todos os itens, lembrei-me do verso cantado por Renato Russo: “Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar / Que tudo era pra sempre / Sem saber / Que o pra sempre / Sempre acaba”…
1- Este ano, as vendas na feira foram menores do que nas edições passadas. Menores em vendas e no número de trabalhos comercializados…
2- Na opinião de expositores veteranos, apesar de a feira obter o recorde de 110 galerias, 27 delas estrangeiras, infelizmente a expectativa dos organizadores de superar os 20 mil visitantes e mais de R$ 40 milhões em negócios foi, seguramente, frustrada. Porém, vamos aguardar os números oficiais…
3- Decididamente, a euforia e o deslumbramento perderam fôlego. Como este blog sempre tem um olhar otimista, podemos encarar esse fato como positivo. Afinal, os colecionadores e mesmo os compradores esporádicos sinalizaram – com todas as suas “notas” – que desejam preços justos nas obras que compram…
4- Este oitavo ano da feira paulista marcou o amadurecimento do circuito das artes, que parece não se render mais ao oba oba, ao vale tudo, ao deslumbramento para se ter na parede o artista da moda. As “grifes” deram vez a um cuidado maior nas escolhas… Por melhor que seja o momento da nossa economia, dinheiro continua a não aceitar desaforo…
5- É claro que há sempre uma exceção para confirmar a regra. Os preços astronômicos ficaram por conta do polêmico artista inglês Damiem Hirst e suas infindáveis bolinhas… Há bolso e gosto para tudo. Ainda bem…
6- A ArtRio tem muito o que aprender com os erros e acertos da sua irmã mais velha: a SP-ARTE. É recomendável cautela na sua expansão, empenho na sua organização e acuidade em todos os detalhes do evento…
7- O Rio pode dar o exemplo: muita segurança, transporte farto, estacionamento fácil, bilheteria sem filas, opções de alimentação, banheiros limpos, ar condicionado impecável, uma programação atraente e múltipla: com debates, conversas e performances para todos, sem permitir que a arte se feche em modismos comerciais de ocasião. A boa arte não pode estar restrita numa feira de arte, ou mesmo excluída dela, porque está “fora de moda”. São uma postura e um pensamento equivocados. Ela pode não estar num bom momento comercial, mas, se a arte é boa, ela é atemporal. Mais um belo desafio para nós cariocas…
8- A cidade tem que pulsar junto com a ArtRio. Transformar esse evento num espaço de conhecimento e gente bacana. A deslumbrante paisagem da Baía de Guanabara só ajuda o que o Cristo abençoa…