Em plena temporada da Quaresma, chef Quaresma provoca pecado da gula

Sabem aquelas noites em que tudo, absolutamente tudo, dá certíssimo, e a gente volta pra casa com a convicção de que há de se lembrar dela por muito tempo? Pois foi assim o evento de ontem na Casa Julieta de Serpa, o segundo da série Les Grands Chefs, desta vez com a chef Flavia Quaresma, preparando suas delícias ao lado do “dono” do fogão, o chef Pierre Landry, do restaurante Le Blason…

O coquetel começou a ser servido às oito, nos salões da frente da casa, um palacete francês com espírito carioca, um verdadeiro Palácio da Cidade, em que os anfitriões, Beth e Carlos Alberto Serpa, fazem as honras do Rio ao seu melhor estilo…

Em seguida, todos passaram para o Le Blason, à exceção dos 20 convidados de Angélique Chartouny, em longa mesa florida de amarelo, mini e maxi rosas, ocupando toda a extensão da Pérgola, num efeito extremamente bonito e de grande impacto. Com sua habilidade de anfitriã traquejada, Angélique misturou poder e beleza, juventude e maturidade, tudo isso sob o faiscar de seu incrível colar de brilhantes, de deixar a coleção de Tia Hebe encabulada…

Numa mesa em que todos se conhecem e se gostam, a conversa flui ágil, de lá para cá, descontraída, os assuntos se multiplicam. Horas tantas, quando chegou o casal Giovanna e Mario Priolli, o homem MPB Ricardo Cravo Albin foi instado a fazer um discurso-elegia sobre o Canecão. Falou com a ênfase e a propriedade de quem conhece os bastidores dessa história triste, que levou ao abrupto fechamento da casa, onde foram escritos mais de 40 anos de história da Música Popular Brasileira. E que agora lá está, fechada, acossada por ratos e, surpreendentemente, ainda dando despesa… (na volta pra casa, reparei bem na luz neon que se mantém acesa sobre o prédio, pra quê?!)…

Depois, passamos aos prazeres infindáveis da mesa delicada de Quaresma. O risoto de abóbora com cieira e Parma crocante, servido com Chardonnay Reserva 2008 (sem Madeira). Em seguida, o filé de cherne grelhado, com um quiabo que lhe caiu muito bem, e cúrcuma, mais frutas tropicais (o vinho era Esporão, private selection, 2008). Sucedido por mignon de vitela com pupunha, shitake e tamarindo, que fez muita gente gemer sem sentir dor, enquanto sorvia goles de Château Beauregard Lagupeau 2006. Por fim, na sobremesa moelleux de chocolate com farofa de castanha do Pará e o coulis de cupuaçu dando um gostinho ainda mais saboroso ao conjunto da obra. Banyuls Grand Cru 199 sorvido de pouco em pouquinho…

Brindes, alegria, alegria, discursos e o bolo chegando, ao som de “parabéns pra você”, para Beth Serpa que aniversaria hoje, e já passava da meia-noite…

Fotos de Sebastião Marinho…