Em 1962, na última vez em que Dolores caminhou sobre o tapete vermelho rumo ao Academy Awards, ela era uma jovem atriz de bochechas rosadas, cujo contrato valia US$ 1 milhão e que fora a primeira a beijar Elvis na tela. Mas, não mais que de repente, ela largou tudo, sumiu! Desapareceu tão completamente do foco da mídia e dos olhos do público que se tornou praticamente uma miragem do passado…
Contudo, amanhã, neste domingo, Dolores Hart estará pisando novamente o red carpet do Teatro Kodak em Hollywood, na festa de entrega do Oscar e por um motivo muito especial: um documentário sobre sua vida é candidato ao prêmio! Porém, ao contrário das outras celebridades, ela não vestirá nenhuma roupa de griffe ou usará joia de marca importante. Estará vestindo o seu hábito negro, da congregação Beneditina, da qual é freira, e se mostrará como a mulher que escolheu ser: Mãe Dolores, como Superiora da Ordem em que vive em clausura nos últimos 50 anos, nos Estados Unidos, numa fazenda em Bethlehem, Connecticut, na Abadia de Regina Laudis, levando uma vida de trabalho duro, contemplação e orações…
Com 73 anos de idade, Dolores Hart, ou melhor, Mãe Dolores concordou em fazer esta rara aparição para prestigiar o documentário, que conta a sua história de vida, indicado para o Oscar, God Is The Bigger Elvis…
Nunca dantes na história da estatueta dourada, uma candidata ao Oscar chegou àquela festa andando de bengala e vestindo hábito, mas Mãe Dolores irá assim e com muita alegria, dizendo-se entusiasmada em participar daquela grande noite, mesmo que por ventura tenha que subir no palco…
Amanhã, ela surgirá no Oscar com os mesmos lindos olhos azuis e a mesma beleza serena, que a fizeram ser, tantas vezes, comparada a outra estrela da época, Grace Kelly…
Loving You a fez famosa e ela logo atuou em outros filmes com grandes galãs, como Montgomery Clift e Anthony Quinn, e mais outro com Elvis, King Creole, em 1958. Nos cinco anos seguintes, ela fez mais nove filmes, inclusive a a comédia musical “cult” Where The Boys Are, com outro bonitão, George Hamilton. E a música, ninguém esqueceu: Where the boys are/ Someone waits for me…
Mesmo trabalhando como atriz, Dolores permanecia uma católica romana devotada, de ir à missa todos os dias, levantando-se às seis da manhã. E sempre rezava o terço durante todas as filmagens. Em 1963, atuou em seu último filme, Come Fly With Me, no papel de uma aeromoça. Em entrevista na época, ela se queixou de que o lado emocional da profissão era muito triste, pois, durante 10 semanas ou mais, eram trabalhos intensos de filmagens e amizades estreitas estabelecidas com pessoas que depois ela nunca mais voltava a ver…
Quem não gostou nada foram os chefões do Studio MGM, que, furiosos, consideraram a conversão uma traição, e atribui-se muito a esse despeito o rumor difundido na época de que ela teria se apaixonado por Elvis Presley e estaria se escondendo num convento para dar a luz a um filho ilegítimo do cantor, tendo virado freira devido ao amor não correspondido. Dolores se calou, mas hoje que lhe é dada a oportunidade de ser escutada diz que preferiu servir ao Rei dos Reis, do que fazer filme com o Rei Elvis…
Mãe Dolores, que vemos nas fotos acima, continua votando para o Oscar, já que faz parte da longa lista dos membros da Academia, e assistindo aos filmes em DVDs, que recebe da Academia. É a sua maneira de saber o que se passa no mundo lá fora. O documentário a seu respeito expõe sua luta, doenças graves e problemas financeiros que enfrentou no convento, onde reza sete vezes ao dia com suas irmãs, desde que se tornou freira, quando tinha apenas 25 anos de idade…