Como sempre, peço à minha amiga atriz Maria Pompeu, a mais assídua frequentadora dos palcos, estreias, vernissages, óperas, shows e correlatos da cidade, um resumo opinativo do movimento cultural do Rio. Hoje, Maria fala do movimento teatral.
“Vamos começar pelos espetáculos que já estão saindo de cartaz:
JUDY GARLAND – O FIM DO ARCOIRIS – apresenta uma interpretação das mais emocionantes dos últimos tempos: a de Cláudia Netto. O público já sabia o quanto ela cantava bem, mas nunca tivemos a oportunidade de vê-la num personagem com tal carga dramática. O grande musical ( mais um com a assinatura de Charles Moeller e Cláudio Botelho ) tem só três atores: vi ainda com Gracindo Junior ( também excelente) mas agora Anthony é encarnado por Francisco Cuoco. Com certeza mais um ponto alto. O terceiro ator é Igor Rickli. O espetáculo está no Teatro Fashion Mall e torço para que esta não seja realmente a última semana, como anunciado.
DORIAN é uma visão muito criativa do famoso romance de Oscar Wilde – O retrato de Dorian Gray. A Companhia do Teatro Íntimo sob a direção de Renato Farias tem um ótimo desempenho em que não se pode ressaltar nenhum nome. Está também em última semana, num novo horário que está se firmando: Sábados, domingos e segundas feiras. No Teatro Gláucio Gill, ao lado da Estação Cardeal Arcoverde do metrô. Até 26 de março.
O CEU ESTÁ VAZIO de Júlia Spadaccini (uma das mais destacadas representantes da nova geração de autores brasileiros) com direção de Jorge Caetano, aborda de forma original os conflitos do mundo moderno. Destaque para o marido/pai vivido por Paulo Giardini. Só até o dia 1 de abril no Teatro Laura Alvim. Já veio com sucesso do Teatro da Caixa Cultural.
OS MAMUTES é de outro autor muito requisitado da nova geração : Jô Bilac. Jô escreveu esse texto aos dezoito anos e impressiona a madura visão de nossa sociedade que demonstrou tão cedo . A metáfora da degradação humana aparece na história de uma fábrica de hamburgueres de carne humana. A direção excelente é de Inez Viana. Vale destacar o trabalho de Débora Lamm e Ricardo Souzedo. No Teatro SESC de Copacabana até 8 de abril.
TRAIÇÃO de Harold Pinter volta ao Teatro Solar onde estreou e deu ao seu diretor, Ary Coslov, o prêmio Shell de melhor direção. Do elenco original só Leonardo Franco que também foi indicado para o prêmio de melhor ator. Agora, a seu lado estão Vanessa Loes e Pablo Padilha. O Solar fica na Rua General Polidoro 180 e está comemorando o quinto aniversário”.