Nas últimas semanas, não tenho feito outra coisa senão rezar pelos que partiram. Não deixando de cumprir minha puxada agenda diária de compromissos. Ontem, fui à cremação de Homero Icaza Sachez, o “Brujo”, o homem das pesquisas, que praticamente “adivinhava” o futuro para a TV Globo. Abracei sua viúva, cumprimentei seu filho, a nora, o neto. O salão do crematório estava cheio, e não podia ser diferente. Lotado essencialmente com amigos. Não percebi ali famosos nem poderosos, na verdade também não olhei direito, pois estava bem emocionada. Mas vi o Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, logo à entrada. Vocês me perguntarão: você era amiga do Homero? Não, não era. Na verdade, o encontrei bem poucas vezes. Mas devo a ele um gesto de grande amizade, gesto de irmão, quando me recebeu para almoço, com sua mulher, Mirian, em sua casa do Jardim Botânico, e ali me aconselhou, mostrou caminhos, foi um farol num determinado difícil e turbulento momento profissional que eu vivia. Momento de passagem. E a iniciativa do encontro partiu dele, que encontrei ao acaso no aeroporto de Belo Horizonte. Iniciativa generosa e providencial, que muito me ajudou na minha vida profissional.
No momento de o caixão com o corpo de Homero partir na esteira, não houve uma bênção, nem qualquer oração ou cerimônia religiosa. A família se abraçou e chorou junto. Alguém me disse: “eles não têm religião”. Pura desinformação de quem falou. Pois pode existir algo mais essencialmente religioso do que aquela atitude de Homero comigo? Naquele momento que eu vivia, naquele almoço, naquela orientação que tão desinteressadamente me deu, Homero conjugou, literalmente, o mandamento cristão do “amai ao próximo como a si mesmo”…
Se a minha vida fosse um conto de fadas, o “Brujo” não seria Bruxo. Seria uma fada madrinha…