A chef-banqueteira Adriana Mattar, leia-se o bem sucedido Cooking Buffet, voltou da Rússia trazendo em sua valise ótimas histórias e um roteiro dos melhores restaurantes, hotéis e passeios. Eu soube, fui atrás e publico aqui essa Jóia Rara para vocês, antes mesmo da novela de mesmo nome (ops!). O que eu não faço para manter meus leitores cativos, hein?
Com a palavra, a chef Mattar:
“Me animei depois de ler a história de Anna Karenina e fui passear na Rússia. Eu temia encontrar apenas aqueles russos rudes e mal encarados que eu já tinha visto pelo mundo e nos filmes. Aqueles que não pedem desculpas se esbarram na gente dentro do aeroporto e não dão passagem no alto da montanha de esqui. Tá, estes existem. Mas em Moscow conheci os outros russos. Para mim agora, os verdadeiros. Eles são sérios, mas gentis. Aprendi que não são mesmo alegres, não faz parte da sua cultura, a alegria. Eles passaram por muitas guerras e privações. Coisa que a gente no Brasil nunca entende muito bem. O inverno aqui chega a menos 30 graus. Mas os seus rostos se iluminam docemente quando dizemos Spaicíba (obrigada). Querem claramente ser corretos e honrados. Sentem orgulho da sua história.
Dizem aqui que o comunismo não foi tão bom nem tão ruim como falamos no ocidente. Conheci pessoas duras e amáveis. Dá vontade de ensiná-los a sentir um pouco mais de felicidade. É claro que tem outros arrogantes e detestáveis como em qualquer outro lugar, mas faz parte da humanidade. Por mais que eu procure, não existe mesmo mundo perfeito. Fiquei emocionada quando vi dentro da igreja como são devotos e espiritualizados. As mulheres e também as meninas, sem exceção, cobrem suas cabeças com lenços em sinal de submissão a Deus e aos maridos. Cobri a minha cabeça em sinal de respeito à cultura deles. E assim me senti mais humilde, mais tranquila. Bom…talvez por 8 dias.
Fui no verão deles, o que significa temperatura acima de 20 graus e luz do sol até as 11h da noite, sol nascendo de novo às 3 h da manha. Na verdade não chega a escurecer, fica um lusco- fusco lindo. A comida me encantou. Blinis com ovas de salmão e creme azedo todos os dias no café da manhã. O caviar bom é caro e vendido por 12 dólares a grama, uma provinha são 5 g.
O caviar bom é caro e vendido por 12 dólares a grama, uma provinha são 5 g.
O tal stroganoff parece mesmo com o nosso mas é servido sempre com purê de batata e anéis de cebola empanados. O frango, não achei à Kiev, mas provei um delicioso, macio, coberto com pedacinhos crocantes de pão. A bebida é servida em temperatura ambiente, gelo, só a pedidos. Vinho é caro, melhor provar as ótimas vodcas diferentes, estas sim servidas bem geladas. Empiria e Beluga são as melhores. Trouxe na mala…
O tal stroganoff parece mesmo com o nosso
Tome cuidado com os táxis…tem que combinar a tarifa antes porque eles cobram quanto querem, não há taxímetro. Mais seguro pedir no hotel e não pegar na rua. São Petesburgo é uma cidade toda florida e muito animada no verão. Os meses melhores de vir, me explicaram, são de maio a meio de setembro. O Museu Hermitage já vale toda a viagem. Compre ingresso diferenciado para entrar mais cedo, antes da abertura. E preste atenção também à coleção de quadros impressionistas. Vá com um sapato confortável, é imenso e deslumbrante. Nunca vi luxo maior. Dá para compreender como o povo teve que fazer sua revolução. Há um quadro grande em uma sala que retrata uma batalha de navio. A imperatriz Catarina, a grande, descontente com a imagem que o pintor fez, mandou explodir um navio de verdade para que ele pudesse acertar a pintura. E tinha a imperatriz Elizabeth que governou por 20 anos e tinha 15 mil vestidos. Achava de mal gosto repetir roupa. Histórias extravagantes da realeza russa… Como diz a estudante americana que eu conheci, cuja tese era sobre porque as pessoas viajam, queremos apenas entender melhor a nós mesmos cada vez que vamos desbravar a cultura alheia. Agora quero conhecer os russos no inverno. Deve ser linda a cidade coberta de neve. É um país para voltar”.
Onde comer bem…
Em Moscow:
Café Russie, cardápio típico
O2 lounge, linda vista, menu mais moderno
Café Puskin, muito bom e clássico
Café Bosco, em frente da praça vermelha
Em Saint Petesburg:
Mix up , W roof top, cardápio do chef de Alain Ducasse
The Mansarda, moderno, peça mesa ao ar livre
Terrassa, linda vista
Jaimie Oliver, divertido ,excelente comida italiana
Caviar Bar, bem russo, melhor stragonoff da viagem
Hotéis
Moscow: Ritz Carlton
Saint Petesburg: Grand Hotel Europe ou o Four Seasons, que acabou de abrir”