Por décadas e décadas a Zona Sul temeu e cultivou o mito d “o dia em o morro for descer”, com grande pânico de quando isso aconteceria.
Mal sabia que seria ela a subir o morro e invadir os espaços dito favelados, absorvendo seus looks, tendências culturais, referências e os importando aqui pra baixo.
Puxando esse cordão morro acima, entre outros promotores e produtores culturais, está a promoter de eventos Carol Sampaio, que tem realizado na Rocinha seus bailes d’A Favorita, com dourados da Zona Sul, coroados de sobrenome, famosos, abeiros e correlatos.
É o dinheiro novo da novíssima classe média, ex classe C, que atrai como cheiro de comidinha caseira bem temperada cozinhando na panela. E dinheiro, meus amores, não tem raça, não tem religião nem status. É imune aos preconceitos.
A apoteose desse intercâmbio é a ocupação, por esse “terceiro setor da cultura, dos usos e costumes”, de áreas nobres até então restritas à mais exclusiva tradição: os emblemáticos salões do Copacabana Palace Hotel.
Nesta única mesma semana testemunhamos acontecerem no Copa dois eventos bem ilustrativos deste novo momento interativo morro-orla: o casamento do cantor pop Latino com a ex-miss Rayanne Morais e a festa de aniversário da competente promoter Carol Sampaio, a Amada dos funkeiros, jogadores de futebol, pagodeiros, televisivos, enfim, o novo creme do creme social.
Ela celebrou seus 32 anos com uma festa para duas mil pessoas no Copa em que tudo inspirava a influência da estética das “comunidades”.
Desde o suburbian cake de antigamente, coberto com frutas, que agora virou moda, e é muito bonito, aos vestidos justos cobertos com paetês, às nádegas arrebitadas, aos seios empinadões, às correntes de ouro volumosas de algumas do high, misturando pedras (pedregulhos) e estamparias, tudo over, no melhor funk-Valeska-Popozuda style.
Mas isso não esteve sozinho, pois havia também gente chic da moda, jovens da juventude rica e descolada, pessoas lindas que gostam de sair e se divertir e fazem a vida da cidade. Tudo junto e misturado.
Foi uma bela festa. Cheia de glam.
A Sociedade Emergente não morreu. Ela está mais viva e mais Emergente do que nunca. Apenas mudou seu eixo. Saiu da Barra para as Comunidades.
Maria Ramos, Carol Sampaio e Tati Leme
Paetês, bordados, transparências, o funk desce as comunidades para provocar influências nos distintos salões do Copa
O Naked Cake da atualidade e que, no passado, era considerado Suburbian Style Cake, isto é, o famoso bolo suburbano, coberto de frutas naturais, virou trendy… E aliás é lindo e irresistível.
Fotos de Miguel Sá