Às vésperas de fazer 100 anos de idade, no dia 6 de setembro, Maria Alice da Silveira continua a grande dama que sempre foi, em seu apartamento da Avenida Atlântica, desde os tempos em que pontificou como uma das mulheres mais chiques e poderosas da alta sociedade brasileira. Viúva de Guilherme da Silveira Filho, dono, ao lado do irmão Joaquim Guilherme, da Bangu Tecidos, Maria Alice vem da aristocracia pernambucana. Seu pai, Estácio Coimbra, tradicional fazendeiro, foi governador do estado por duas vezes. Maria Alice passou a infância em Engenho Morim, propriedade da família, no interior de Pernambuco. Jovem, mudou-se para o Rio, casando-se duas vezes. Do primeiro casamento, nasceram Mônica Coimbra e Angela Catão. Da segunda união, com Guilherme da Silveira, nasceram Isabela e Alicinha da Silveira…
Alicinha da Silveira e sua mãe, Maria Alice da Silveira, em foto recente, clicada por Marco Rodrigues
Apaixonada por moda, Maria Alice da Silveira é daquela geração das brasileiras ricas que viajavam frequentemente a Paris, para longas temporadas, onde eram recebidas como as clientes preferenciais das grandes maisons de alta costura. O marido, Guilherme, ficava orgulhoso, pois quando Maria Alice chegava aos ateliês todos os modelos desfilados pelas manequins lhe cabiam. Magrinha sempre, mas com cinturinha de vespa e formas bem femininas, ela era o próprio padrão de beleza da mulher dos anos 50…
É claro que Maria Alice era habituée dos desfiles da Bangu, promovidos por seus cunhados, Candinha e Joaquim da Silveira. Eram os anos 50, e os desfiles alcançaram tal projeção que a fábrica de tecido chegou a contratar os estilistas Jacques Fath e Hubert de Givenchy, para divulgarem seus tecidos produzidos com o legítimo algodão brasileiro, conferindo a eles a sofisticação da moda francesa. Os vestidos de baile de algodão puro se tornaram tipo um dernier cri da época, e quem os desenhava com tecidos Bangu para o high nacional era o grande costureiro José Ronaldo (leia aqui)…
Naturalmente, com todo esse histórico, o nome Maria Alice Silveira não poderia estar de fora do acervo de moda do Instituto Zuzu Angel, com vistas ao Museu da Moda Brasileira. Confiram, em primeira mão, a Coleção Maria Alice da Silveira de Chapéus, doada gentilmente por sua filha, Alicinha Silveira. Quem sabe, em breve, eles poderão ser contemplados ao vivo pelos visitantes do museu que o Rio de Janeiro irá ter?…
Abaixo, a coleção, vista em post originalmente publicado no Blog do Instituto Zuzu Angel
Créditos: Acervo Instituto Zuzu Angel