A Academia Brasileira da Moda é um órgão estatutário do Instituto Zuzu Angel, o IZA, primeira ONG de moda do país, fundada em 1993.
Somos uma Academia jovem, inaugurada no encerramento do I Congresso Brasileiro da Moda – I Cobram – realizado por nós no campus da Universidade Veiga de Almeida, a UVA, com a presença de grandes da moda internacional, como Hubert de Givenchy, Oscar de La Renta, Philipe Venet, Eleanor Lambert.
Na ocasião, em 27 de novembro de 1995, tendo dona Mena Fiala como presidente da Academia Brasileira da Moda, ocupando a Cadeira Nº 6, que leva o nome de sua irmã, Candida Gluzman – que traçava os bordados da Casa Canadá – tomaram posse o carnavalesco Joãosinho 30, na Cadeira Nº 5, cujo patrono é Arlindo Rodrigues; a figurinista de teatro Marie Louise Nery, Cadeira Nº 3, de Jean Baptiste Debret; o jornalista Fernando de Barros ocupou a cadeira Nº 4, patrono Lívio Rangan; a jornalista Elza Marzullo, a Cadeira Nº 2, cujo patrono é Alceu Penna.
Em 1999, dia 30 de março, houve uma outra solenidade de posse, quando passei a ocupar a Cadeira Nº 1, patronímica de Zuzu Angel, minha mãe, e sucedi a dona Mena Fiala, falecida, na presidência. As jornalistas de moda Costanza Pascolato, na Cadeira 8, patrono Dener; Gloria Kalil, Cadeira 28, patrono Aparício Basílio da Silva; e Celina de Farias, sucedendo a Elza Marzullo, na Cadeira Alceu Pena, ascenderam à Imortalidade na Moda. Bem como a estilista de bijuterias Ethel Moura Costa, a estilista de alta costura, Lucília Lopes, e a designer de moda Maria Cândida Sarmento, da marca Maria Bonita.
Dia 8 de novembro de 2004, posse dos seguintes acadêmicos: Francisco Carlos Ferreira, na Cadeira Nº 6, sucedendo a Mena Fiala. Na Cadeira 4, sucedendo a Fernando de Barros, a jornalista Iesa Rodrigues. Na Cadeira 19, cujo patrono é Isidro Herrera, a figurinista de cena Kalma Murtinho. Na Cadeira 17, patrono Markito, a pesquisadora Laís Pearson. Regina Guerreiro passou a ocupar a Cadeira 12, de George Henri, sucedendo a Maria Cândida. A carnavalesca Rosa Magalhães, na Cadeira 16, do designer de fantasias de luxo, Evandro de Castro Lima. A jornalista Ruth Joffily, cadeira Nº 40, do seu editor de moda na Bloch, o saudoso Roberto Barreira. O promotor do São Paulo Fashion Week, Paulo Borges, ganhou a Cadeira Nº 42, batizada com o nome de Giorgio Knapp, o idealizador das semanas de moda.
Os Imortais da Moda Rosa Magalhães, Paulo Borges, Laís Pearson, Kalma Murtinho e Ruth Joffily com suas capas e colares acadêmicos
Em 28 de outubro de 2008, no Palácio das Laranjeiras, houve quatro posses. Do estilista de alta costura Guilherme Guimarães, na Cadeira Nº 14, levando o nome de Gil Brandão. Na Cadeira Nº 26, de Carmen Miranda, a estilista de bolsas Glorinha Paranaguá. Na Cadeira Gregorio Faganello, a de Nº 15, o designer Ronaldo Fraga. A promotora de feiras e semanas de moda, Eloysa Simão, inaugurou a Cadeira Nº 30, cujo patrono é Mauro Taubman.
Guilherme Guimarães recebeu seu diploma da Academia Brasileira da Moda no Palácio das Laranjeiras, com jantar de gala, quando também se tornaram Imortais da Moda Eloysa Simao, Glorinha Paranaguá e Ronaldo Fraga. A maioria dos Imortais compareceu, do Rio e dos demais estados.
Nesta sexta-feira, o Palácio Cesgranrio iluminou-se pleno para receber os nomes da moda e seus admiradores, na noite em que seriam celebrados acadêmicos três nomes indiscutíveis da moda brasileira. A saber:
O enciclopedista, pesquisador e professor de moda, ocupando a cátedra há 30 anos João Braga. Ele preenche a Cadeira Nº 39, com o nome do visionário e realizador Caio de Alcântara Machado, o “inventor” das feiras têxteis e de confecção do país, a Fenit e a Fenatec, em São Paulo. Grande impulsionador de nossas indústrias, atraindo a atenção da mídia e dos compradores do exterior para a moda brasileira.
João Braga demonstrou seu enorme prestígio. Um ônibus com admiradores, vindos de Paraíba do Sul e São Paulo, desembarcou na porta do Palácio Cesgranrio.
João Braga, que foi saudado por Celina de Farias, assina o Livro de Posse e exibe o Diploma Acadêmico, que ele assinou com uma pena de prata levada consigo, uma peça de antiguidade, e a irmã coloca seu colar.
O artista revolucionário Luiz de Freitas, que se notabilizou pela moda masculina, com a marca Mr. Wonderful. Sempre transgressor, inovador, desafiando padrões, propondo liberdade. O preferido dos artistas, que se identificam com tudo que cria, dos sambistas, de quem pensa e faz diferente. Luiz ocupa a Cadeira Nº 21, do artista modernista Flavio de Carvalho, que foi tão especial em suas múltiplas artes quanto ele é na moda.
Foram momentos de emoção forte. Lágrimas respingaram aqui e ali, quando Cristina Franco revelou, no texto lido pela secretária geral da ABM, Ruth Joffily, que Luiz de Freitas chegou a dormir em bancos de praça até surgir a primeira oportunidade de trabalho. Nesses tempos atuais em que vemos moradores de rua serem tão maltratados, faz refletir…
Esse Luiz “sem teto” tornou-se a luz no fim do túnel de uma moda masculina obscurecida pela falta de novidade e de coragem, intimidada por medos e preconceitos. Ele irradiou liberdade, cor e alegria. Fez maravilha, foi wonderful demais, foi Mr. Wonderful, e ainda é. Escreveu seu nome na moda brasileira de um jeito diferente, singular, impetuoso, artista. E todos dobraram os joelhos, curvaram as cabeças, lhe prestaram honrarias, vassalagem, respeito.
Ave Luís, Ave Wonderful, Ave Maravilhoso Maravilha! A moda brasileira lhe deve mais do que títulos, lhe deve todos os aplausos, toda a fama e toda a prosperidade.
Doninha, braço direito de Luiz de Freitas toda a vida, foi quem ele escolheu para colocar seu colar acadêmico
Como todo mito e gênio (ele é assim considerado), Luiz de Freitas é simples, humilde mesmo. A horas tais, disse-me feliz, cheio de encantamento: “Não pensei que fosse tão amado. Muitas pessoas vieram dizer que me amam”. O Luís é lindo.
O terceiro a receber seu colar acadêmico foi o decano da alta costura brasileira, o gaúcho Rui Spohr, 89 anos de idade, mais de 60 de ofício. Contemporâneo de Yves Saint-Laurent e Karl Lagerfeld na École de la Chambre Syndicale de la Couture, em Paris. Rui Spohr integrou, nos anos 60, o time de estilistas coroados nacionais, pinçados a dedo, que realizavam coleções para os desfiles-show da Rhodia. Naqueles circuitos fashion, ele dividia os quartos de hotel, com Guilherme Guimarães.
Com a morte recente do estilista carioca Gui-Gui (também nascido no Rio Grande do Sul), Rui passa a ocupar sozinho o trono de mais importante nome da nossa haute couture, com sua história e vivência, junto aos grandes da moda. Foi ele quem lançou a modelo Lucia Curia, que depois se tornou a manequim vedete de Chanel e de Valentino.
A pesquisadora de moda Renata Fratton saudou o imortal gaúcho Rui Spohr
Rui vestiu e ainda veste, desde sempre, as mulheres mais elegantes do Sul do Brasil. Das Sirotski às Silveira, das Gerdau às Chaves Barcelos. Quem lhe colocou o colar foi sua mulher, Doris, que o acompanha, na vida e no trabalho, braço direito e coração, desde o princípio. Linda história ali contada.
Foi inspirador o beijo terno, na boca, das duas cabecinhas brancas, Rui e Doris, ali diante de nós, comovidos, profundamente emocionados, ao receberem a homenagem.
Doris Spohr, mais de 60 anos de casamento e companheirismo no trabalho com Rui, colocou-lhe o colar, foi uma cena de afeto e cumplicidade. A filha, a neta e o genro na plateia
Rui fala à plateia superlotada, gente de pé, sobre sua experiência de vida e de moda
E como havia gente! O triplo do projetado. Mas, quando a boa vontade é grande e o coração fraterno, tudo se multiplica, inclusive o espumante e os canapés, como aconteceu naquela noite, que começou às 6 da tarde e se estendeu até às 22 horas, no machadiano Rio Comprido, num prédio com lendas passadas românticas, contadas de boca em boca, onde teria vivido a amante de um prefeito do início do século passado, que generosamente ofertou a ela tal belezura pra morar…
A secretária geral Ruth Joffily lembrou o saudoso e grande designer do Grupo Moda Rio, Marco Rica. Foi um momento emocionante.
A mesa ficou de pé, solene, em respeito à memória de Marco Rica. Foi o encerramento da cerimônia, com a presença de toda a família Rica, uma linda família comovida, como todos nós. Marco Rica tem sua história profissional preservada na Casa Zuzu Angel de Memória da Moda do Brasil, onde está guardada sua iconografia e peças de moda criadas por ele.
A mesa da solenidade tinha, nas extremidades, as cortinas de cânhamo e seus prendedores de bronze, do atelier de Guilherme Guimarães, que hoje pertencem ao acervo da Casa Zuzu Angel de Memória da Moda. Tratava-se de uma homenagem ao estilista falecido, bem como os porta-retratos de seu bureau, com suas amigas e admirações. Havia também um porta retrato com foto de Marco Rica.
Sentados à mesa, os presidentes da Academia Brasileira de Educação, professor Carlos Alberto Serpa, da Academia Nacional de Engenharia, engenheiro Francis Bogossian, da Academia Brasileira da Moda, jornalista Hildegard Angel, e a secretária geral, Ruth Joffily, as 1ª e 2ª secretárias da ABM, Celina de Farias e Lucília Lopes.
Iolanda Figueiredo com seu turbante avassalador e o redingote longo; Vera Bocayuva com suas pernas inteiraças; o visual luxuoso do quinteto “Idinha Seabra-Eliana Moura-Isis Penido-Angela Fragoso-Glória Severiano”; a onça da Tania Caldas; o jacaré da Miriam Gagliardi, o dragão da Marga Padilha; a roupa de fibras by Marcia Ganem da Suzi Cantarino; as bolinhas de ouro da Henriqueta Hermany; a bolsa-saco noir et or de Glorinha Paranaguá; o look preto e branco de Silvia Fraga; o bois de rose by Patricia Bonadio de Nina Kauffman com bolsa bordada de Dolce Gabbana; o look calças cigarette de Lu Catoira; o veludo molhado de Yara Figueiredo; as franjas de lã mohair e canutilho da saia de Lucília Lopes; o tailleur Oscar de La Renta de Helenita Araujo; o terno cinza com boina amassada igual de Luiz de Freitas; o bem cortado blazer branco da freirinha diretora da Faculdade de Moda Santa Marcelina; a frente única preta de tafetá com bolas brancas aplicadas e xale de tafetá vermelho da gaúcha Renata Fratton; a parure de coral e turquesa de Teresa Vaz; o broche de brilhantes de Maria Célia Moraes; o blazer de lã com saia de renda da Vanja Chermont; a elegância de Aloysio Maria Teixeira, Marcio de Oliveira Dias, Heckel Verri e Luis Fernando Santos Reis; o ‘conjunto da obra’ de Marco Rica: seus filhos todos bonitos.
Fotos de Marcelo Borgongino e Sebastião Marinho
Mais fotos virão, e comentários, aguardem, a colheita foi farta. Beijos… ou Abreijos como diz o jornalista Miro Borges…
A página é excelente, q bom q vc descobriu e passou essa ferramenta, a internet, assim, voltamos a ter contato com eventos como o da reportagem. É um momento de descanso para nossa alma, em tempos tão atribulados.