Um jantar chiquérrimo: o meu presente de Páscoa!

Fui ontem ao jantar de Sábado de Aleluia de Beth e Carlos Alberto Serpa. Tudo o que eles fazem é pensado, estudado, caprichado. Como sempre, havia jovens garçons impecáveis, com luvas brancas, nos recebendo. Desde aquele que abria a porta do elevador ao que, postado no corredor, mostrava a direção da sala aos que serviam o bom e gelado champagne…

Os garçons dos Serpa são prata da casa. Ensinados e formados por eles, que, mais do que bons patrões, são tipo bons padrinhos, que encaminham os rapazes, orientam, ensinam, os botam pra estudar, dando-lhes oportunidade de crescerem. Muito bacana, isso. Por isso, quando chego em casa de Beth e Carlos Alberto, cumprimento os garçons como se fosse um pouco tia de cada um deles…

No salão circular à beira do mar, todos já estão em seus devidos lugares, papeando e bebericando. Nos sofás, Maninha Barbosa, Mylene Peltier, Monica Clark, Serpa, Gloria Severiano Ribeiro, Teresinha Pittigliani. Numa mesa redonda, só homens: Chico Peltier, Sergio Clark, Antonio Rodrigues dos Santos, Luís Severiano Ribeiro, Kyriakos Amiridis. Na mesa ao lado, Cookie Richers, Angélique Chartouny, Marlene Rodrigues dos Santos, Yara Andrade, o estilista Heckel Verri. É a hora dos drinks pré-jantar. Um bom pianista, uma boa guitarra e muita coisa boa pra conversar…

Mas eis que Beth, vestida por Heckel à la Audrey Hepburn, nos convida a passar à mesa. E só o percurso para chegar até ao grande salão de jantar já vale pela festa inteira. Cada vez que eu visito o apê-palácio do casal é um novo encantamento. Tudo é tão lindo, as peças são únicas, escolhidas a dedo por quem sabe, pois Serpa é um grande antiquário. Tudo é de qualidade. Das porcelanas chinesas Powder Blue às pratas, aos móveis, aos quadros. E a novidade sobre uma mesa redonda de canto: uma bela imagem barroca de Santo Antonio resgatada da enchente em Itaipava, onde o casal tem seu sítio com capela…

Depois de consultar o mapa de placement – em couro pirogravado, presente de Carmen Mayrink Veiga – passamos à sala de jantar, onde somos recebidos por uma infinidade de coelhos de pelúcia – uma ninhada inteira! – branquinhos e só faltando saltitar, sobre o precioso chemin de table de prata francesa e espelho. À medida em que íamos nos sentando (sempre um garçon atencioso a puxar para cada senhora a cadeira), nos deslumbrávemos com cada detalhe. A floreira de prata com flor, objeto Art-nouveau, que também é porta-guardanapo. Os marcadores de lugar com os nomes, que são ovinhos de Páscoa cloisonné. Os ninhos com ovinhos de Páscoa para cada comensal. Tantos detalhes, tamanho carinho e tal efeito que logo um de nós propõe uma salva de palmas para a mesa, e Glória acrescenta – “e para a Beth“, e todos aplaudimos…

Começa o ritual do jantar. Diante de nós, o menu, com imagem de Cristo impressa, informa que começaremos pelo “Bacalhau a dom Orani”. Os garçons destampam, praticamente ao mesmo tempo, num balé de incrível coordenação, as abóboras de cerâmica diante de nós – e somos 20! – e surge o bacalhau famoso e fumegante, “prato mais pedido no Le Blason“, informa Serpa à cabeceira, tendo à direita Yara Andrade e à esquerda Cookie Richers. A outra cabeceira, Beth divide com Maninha Barbosa, pois só à última hora soube que ela desistiu de embarcar para Punta, e Leleco foi sozinho com os meninos…

Depois, o camarão no leite de coco. Em seguida, uma massinha para quem quisesse. Tudo devidamente acompanhado pelos vinhos certos, nos copos de bico de jaca. Por fim, o festival de sobremesas inacreditáveis, quatro ou cinco, a girar a mesa em travessas enormes, numa covarde tentação promovida pelo chef pâtissier. Ao fim, a entrada dos dois chefs, Eliseu e Maurício, devidamente uniformizados, os aplausos e – importante! – as palavras de Serpa, anunciando a meia-noite (era Páscoa!) e convidando a uma oração pela Ressurreição

Ficamos de pé, mãos dadas, rezamos o Pai-Nosso. Glória Severiano, com aquela fé inquebrantável e contagiante, nos propõe também uma Ave-Maria de gratidão. E assim todos fazemos. E deixamos a mesa leves, felizes, plenos, com o apetite físico e também o espiritual plenamente saciados…

Voltamos à música, ao piano bom, à guitarra, às conversas, aos champagnes, às mesas redondas de conversa, aos sofás, e a noite bem que não precisava jamais terminar, tão bom estava tudo…

Enfim, hoje é Páscoa, dia de reaprender a lição do recomeçar, do se reinventar, do se reciclar. Pois, mais do que a ressurreição física, acredito que o simbolismo da Páscoa seja este: o de nossa capacidade de, a cada dia, renascer plenos de disposição para os novos desafios (pois eles também renascem), para nos adaptarmos às novas contingências e circunstâncias que a vida nos impõe. Que sejamos todos, nesta vida, como coelhinhos alegres e saltitantes, que vão superando obstáculos e distribuindo doçuras pelos caminhos. Meu beijo!…

Jantar de Páscoa1 Um jantar chiquérrimo: o meu presente de Páscoa!

A mesa de Páscoa montada por Beth Serpa, no seu jantar de ontem, Sábado de Aleluia

(foto de Marcelo Borgongino)

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