Três pílulas para ser feliz: Antigo Egito, festança e obra-prima

Ah, o glamour, a beleza, o luxo, a possibilidade de sonhar com o que há de maravilhoso e restrito aos muito poucos abençoados pela sorte. Sonhos que nos libertam do sufoco das frustrações, nos permitem ir muito além de todas as dificuldades, ambicionar o inacessível…

Mais do que sempre, neste Brasil de conflitos, ódios e desamor, é necessário o exercício de divagar, e nos imaginarmos no epicentro do eldorado maravilhoso. Proponho, então, para este fim de semana algumas pílulas de felicidade. Vamos a elas…

No Egito antigo, os animais também eram representações dos deuses. Cachorros, gatos, a ave ibis, até peixes eram mumificados ao morrer, para renascerem no próprio corpo. É o que podemos ver na exposição sobre o Egito, que o CCBB inaugura este sábado, onde há a sala do deus Osiris, toda verde – e que verde! – a cor da pele de Osiris. Podemos folhear digitalmente o livro Descriptions de L’Egypte, obra-mestra com 22 volumes da egiptologia, encomendado por Napoleão, quando conquistou o Egito, todo ilustrado com as riquezas e belezas que encontrou. Muitas delas, aliás, ele levou como souvenirs para Paris, tipo o colossal obelisco do Templo de Luxor, instalado na Place de La Concorde, com 30m, 246 toneladas, 3,2 mil anos e uma ponta de ouro maciço. Por ocasião da Copa do Mundo de 1998 na França, o obelisco foi restaurado, graças à generosidade do bilionário Bernard Arnault, que até a ponta de ouro recolocou. O momento apoteose da mostra é entrar na réplica da tumba mais bonita de todo o Egito, a de Nefertari, esposa de Ramsés II, considerada a mulher mais bela da Terra.

Com teto estrelado e paredes decoradas com imagens do Livro dos Mortos, representando todas as situações que a rainha deveria enfrentar, em seu caminho até o Além, onde seria julgada por Osiris para alcançar a imortalidade, a tumba é tão bonita quanto foi Nefertari.

Nefertari, a mais bela, nas pinturas de sua tumba no CCBB

A sede do Clube Marimbás, nas areias de Copacabana, foi projetada por Lúcio Costa com a forma de um barco e seus vários níveis de decks. Pois hoje, meus amores, o barco do Lúcio vai adernar ao balanço dos 400 convidados no deck mais alto, que nos navios de cruzeiro é o da primeira classe. Será a consagração do casamento recente da museóloga Vera Tostes, ex-diretora do Museu Histórico Nacional, com o antiquário Newton Cunha. Os amorosos veteranos conjugam um casamento moderno, devidamente oficializado por contrato já assinado de União Estável, cada um em sua casa. Distantes nas moradias, juntinhos nos corações, eles convidam para uma “Noite de artes e sedução” (como o amor inspira!), em que propõem “traje criativo, com arte e sensualidade através dos tempos”, ui!

A capa do convite traz dois pelados bíblicos – Adão e Eva, e diz a lenda que os anfitriões irão assim “fantasiados”, tal e qual. Tenho minhas dúvidas, pelo que deles conheço.Mas não duvido que alguns convidados decidam seguir a sugestão… Ah, não esqueçam de levar latas de leite em pó ou Sustagem, para os aniversariantes Newton e Vera doarem a um hospital geriátrico.

A capa sugestiva do convite da festa no Marimbás, que pede “traje com sensualidade através dos tempos” 

Muitos estão chamando de imperdível e de obra-prima o filme Coringa, de Todd Phillips, passado no fim dos anos 70, que mistura drama, comédia e terror, abordando a miséria humana das doenças mentais. Coringa, o malvadão do universo das histórias em quadrinho do Batman, detestado pela sociedade, é mau sim. Mas um malvado enfermo, psicopata, que ora inspira horror, ora piedade. Os mais renomados críticos de cinema do mundo se estendem em comentários, e acham que a Academia de Cinema vai tirar o Coringa do baralho, dando a ele o Oscar. Fico com a análise enxuta da Verinha Bocayuva Cunha: “Super contemporâneo, Coringa reflete nossa realidade, vá correndo ver, melhor filme de minha vida.”

O Coringa, de Joaquin Phoenix, malvado psicopata

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