Defendendo a obra de Guimarães Rosa dos piratas d’além mar

Sem autorização das herdeiras do autor nem pagamento dos direitos devidos, a obra de Guimarães Rosa, o conto Meu Tio o Iauaretê, foi montada e apresentada, na forma de espetáculo, em Portugal

Não fosse o bem informado advogado carioca Roberto Halbouti, representante das herdeiras, e ficaria por isso mesmo…

Halbouti entrou em campo, para fazer valer os direitos e fazer os responsáveis pela irresponsabilidade explicarem o inexplicável: por quê só no dia 15 de junho, depois da ação do advogado brasileiro, pediram a autorização devida, apenas um dia depois da estreia do espetáculo, que foi na véspera, dia 14, com a pretensão de se manter em cartaz até e 1º de julho de 2012?…

Como é possível se pedir autorização depois de iniciado o espetáculo? perguntou o advogado em carta à produção…

Os produtores deram a singela desculpa que não conseguiram localizar as herdeiras, mas se enrolaram na explicação quando confessaram que tomaram como base a edição de Meu tio o Iauaretê no livro Estas estórias. Ora, bastava perguntar o endereço das herdeiras à editora em questão, a Nova Fronteira

Sem esquecer que o diretor do espetáculo em Lisboa foi um professor de nossa Unirio da Praia Vermelha, portanto um “conhecedor da legislação brasileira sobre proteção aos direitos autorais”, como bem lembra Halbouti...

Em sua carta, advogado ainda classifica de “conduta inaceitável” a apresentação do conto baseado em uma tradução francesa. “Seja por se alterar o nome da obra – violação gravíssima -, seja por se desvalorizar a versão original, em língua portuguesa, em detrimento de uma versão traduzida. Além do mais, caracteriza-se a violação do direito moral do autor”. Ótima argumentação, não fosse Halbouti, ele mesmo, um intelectual…

Por fim, alegando que “a obra de Guimarães Rosa deve ser respeitada e os detentores de seus direitos também”, e não considerando digno que ela seja apresentada em pequena sala de 60 lugares, perto da imponência do Teatro D. Maria II onde se situa, enfim, diante de todo o exposto e também do não exposto, pois o desaforo já excedia, Halbouti encerrou sua missiva de modo magistral: “Solicitamos que o espetáculo seja imediatamente retirado de cartaz, até eventual autorização formal dos herdeiros de Guimarães Rosa, sob pena de adoção das medidas legais cabíveis”…

E não há tropeiro no Morro da Garça, no famoso Circuito Roseano, que não haverá de lhe dar razão…

Assim como não há diplomata na Embaixada do Brasil em Lisboa, que, assim que receber a carta de Hallbouti comunicando do grave desrespeito cometido com a obra e com as herdeiras de Guimarães Rosa, que não há de concordar…

E tenho dito…

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