Este casarão neoclássico do Rio Comprido, da Fundação Cesgranrio, no passado pertenceu aos Rocha Miranda, família das mais tradicionais e elegantes do Estado do Rio de Janeiro. Seus dois grandes salões, batizados com os nomes dos patronos da Cesgranrio, respectivamente os professores Newton Sucupira e Heitor Gurgulino, serão destinados a eventos culturais. Exposições, concertos, encenações, leituras.
Quando Carlos Alberto Serpa ousou o desafio de restaurar o imóvel, totalmente abandonado, corroído pelo tempo, aos pedaços, ninguém poderia supor no que ele se transformaria. Para isso, bastaram 13 meses, tendo o arquiteto Jorge Delmas à frente de seis equipes de empreiteiros e o apoio fundamental de Beth Serpa.
A abertura acontece em três etapas. Na quinta-feira, houve a inauguração dos dois salões, com descerramento das placas e dos retratos dos patronos.
Serpa, de improviso, falou do apoio, em seu início de carreira como educador e gestor na área de ensino, recebido do professor Newton Sucupira, primeiro a acreditar em seu sonho de criar a Fundação Cesgranrio, e posteriormente do professor Heitor Gurgulino.
A professora Maria Judith Sucupira Lins agradeceu em nome do pai, já falecido. Em seguida, falou o presidente da Academia Mundial de Arte e Ciência, com sede na Califórnia, nos Estados Unidos, o professor Heitor Gurgulino.
Acompanhado de sua Elizabeth Taylor particular, a Lilian, Heitor agradeceu a homenagem contando como, em 1970, ele, reitor da Universidade de São Carlos, conheceu Serpa, então um jovem professor, mas já com função importante no setor de orçamentos universitários do MEC.
Dois anos depois, Heitor dirigia o Departamento de Assuntos Universitários do Ministério e Serpa era vice-reitor da PUC quando foi comunicá-lo de sua eleição, pelas 10 universidades integrantes da Fundação Cesgranrio, como seu primeiro presidente.
Isso foi há mais de 43 anos. Nesse tempo, além desta sólida e sincera amizade, cresceu e se consolidou com extraordinário sucesso a Fundação Cesgranrio, “espalhando frutos de suas realizações por todo o território nacional”, palavras do orador.
Heitor enfatizou: “Graças às mãos firmes e fortes do professor Serpa, sua inteligência brilhante, extraordinária capacidade, criatividade fora do comum e a especial generosidade de seu coração… dons esses que Deus lhe deu… até o dia de hoje!”.
Falou com a propriedade de quem conhece bem e de perto – amigo-irmão. E com a isenção de quem já andou na idade bem mais longe, pelo menos 15 anos à frente, nos seus 87 anos “bem vividos”, como fez questão de frisar, ao lado da companheira de olhos azuis, cujo brilho jamais se extingue.
Heitor e Lilian, com o vestido na cor da bandeira da Cesgranrio
O presidente da Fundação Cesgranrio, Carlos Alberto Serpa, o presidente da Academia Mundial de Arte e Ciência, Heitor Gurgulino, e Lilian Gurgulino, brilho nos olhos azuis que jamais se extingue…
No programa daquela noite, a apresentação da peça, escrita por Serpa, Le Sacre, sobre Napoleão Bonaparte. A encenação abrangeu os dois salões, fazendo com que o público se deslocasse de um para o outro. Muitos aplausos, cumprimentos aos atores, ao autor, à figurinista Beth, e estavam definitivamente abertas para o Rio de Janeiro e a cultura brasileira as portas daqueles salões magníficos, com seus lustres de cristal rutilante.
Passamos ao jantar, com serviço e menu da Casa Julieta de Serpa, mesas com toalhas de damasco dourado. Uma noite linda!
Os convidados eram os membros da Academia Brasileira de Educação, membros dos conselhos de Cultura e de Educação da Fundação Cesgranrio e de seu corpo de funcionários e alguns poucos amigos. O acadêmico Gabriel Chalita, secretário de Educação da Cidade de São Paulo, voou especialmente para vir comemorar mais esta conquista de seu amigo Serpa.
Uma celebração exclusiva, agradável, memorável.
No dia seguinte, a festa continuou, com mais comemoração, mais teatro, jazz, dança, jantar e amigos.
Na segunda-feira, nove e meia da manhã, o cardeal arcebispo Dom Orani Tempesta estará lá abençoando a imagem de Nossa Senhora da Glória, escultura de Mazeredo em mármore Carrara branco, no jardim da Fundação, seguindo-se concerto da Orquestra Sinfônica Cesgranrio e breakfast para os convidados.
Beth Serpa, na primeira noite de abertura do Casarão Cesgranrio
Professores Carlos Alberto Serpa, Arnaldo Niskier, Josafá Carlos de Siqueira (reitor da PUC) e Gabriel Chalita
O secretário de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz e Ângela, e Maria José e Ronaldo Cavalheiro
Serpa e o ex-reitor da UERJ, Antonio Celso Pereira
Carlos Alberto Serpa e o secretário de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Calero
Elaine Freitas, Aline Souza Nakajima e Vanessa Garcia
O arquiteto Jorge Delmas e Leticia Migani
José Carlos e Carol Murta Ribeiro, Cristina e Cláudio Aboim
Leandra e Marcos Simões
Leandro Bellini, Vanessa Garcia e Urbano Lopes
Maria Célia Moraes e seu chanelzinho, na corte de Napoleão
Maria José Cavalheiro
O professor Pietro Novelino
Francis Bogossian, Walter Moraes e Heitor Gurgulino
Carlos Alberto e Angela Muniz
Maria Célia Moraes e Ruth Niskier, que na mesma tarde recebeu as amigas no Copacabana Praia Hotel para palestra do cineasta Cacá Diegues
Miriam Dauelsberg e Margareth Padilha
Paulo e Eva Alcântara Gomes e José Dias
Roberto Boclin, João Maurício de Araújo Pinho, Carlos Alberto Serpa, Paulo Alcântara Gomes e José Dias
Roberto e Letícia Migani
Roberto Hugo e Maria Judith Lins
Angela Muniz e eu
Angela Muniz, os secretários Muniz e Calero
Serpa discursa, assistido por Beth Serpa, Carol e Murta Ribeiro, Gurgulino e Lilian, Boclin ao fundo
Gurgulino descerra seu retrato
Na foto da parede, com o fardão de acadêmico da Educação
Maria Judith Sucupira Lins, descerra a cortina que encobre o retrato de seu pai, professor Newton Sucupira
Abaixo, vejam as cenas da peça Le Sacre, sobre a trajetória de conquistas de Napoleão Bonaparte, até sua coroação como Imperador da França na Catedral de Notre Dame, reproduzindo a cena da pintura histórica a óleo, de Jacques-Louis David, retratando o momento em que Bonaparte toma a coroa das mãos de Pio VII e se auto-coroa, restando ao Papa apenas abençoar a coroação.
A pintura de David sintetiza todos os padrões do neoclassicismo e não poderia haver referência artística mais adequada para inaugurar um casarão neoclássico, que se propõe a ser um centro propagador de arte e cultura e instrumento de revitalização de toda uma região da cidade – Rio Comprido, Santo Cristo, Catumbi – que, no início do século passado, abrigou as grandes residências, point dos saraus da aristocracia.
O Casarão Cesgranrio ambiciona, juntamente com o Centro Cultural Le Buffet, logo em frente, com os dois teatros deste complexo prontos e em pleno funcionamento, fazer daquela região o SoHo carioca.
Disposição, talentos, organização, competência e ambição para isso já há.
Agora é cumprir o percurso.
O crieur de libré (Caio de Paiva), embaixador Bernadotte (Roberto Padula) encanta-se por Desirée (Etiene Mascarenhas)
Napoleão e seu irmão, Louis (Gustavo Chermont)
Napoleão (Bruno Torquato) cumprimenta Josephine
As cunhadas de Josephine (Dedeh Melo) carregam sua cauda
A coroação, conforme o quadro famoso de Jacques-Louis David, visto abaixo
Napoleão Bonaparte, já com a coroa, que teria um cravo da Coroa de Cristo, faz seu juramento
A espada usada na encenação é réplica da original, e tão pesada quanto… coitado do cardeal (Flavio Back).
Papa Pio VII (Josias Azeredo) prepara Napoleão para receber a coroa
… e abençoa Napoleão. Foi o que lhe restou fazer.
Será que os imperadores de fato eram tão bonitos como estes do ato?
E a beleza dos figurinos? Réplicas precisas, supervisionadas por Beth Serpa.
Só restou a esta súdita, diante de espetáculo de tamanha beleza para os olhos, beijar a mão do soberano
Fotos de Marcelo Borgongino
Linda noite parabéns Hilde pelo maravilhoso relato. Parabéns ao casal Beth e Carlos Alberto Serpa gente que faz e faz bem feito.