Partiu John Fairchild, legenda da moda internacional, mas pode me chamar de Condessa Louise

Morreu, aos 87 anos, depois de longa doença, mais uma legenda da moda internacional, John B. Fairchild. Foi ele quem transformou o Women’s Wear Daily, de um árido jornal comercial, numa força do setor produtivo internacional de moda.

John, que deixou viúva, Jill, três filhos homens e uma mulher, dirigiu os negócios editoriais da família por mais de 30 anos inclusive como  fundador da revista W e, anteriormente a isso, editor chefe do WWD, onde começou nos anos 1960, como repórter em Paris, enviado por seu pai, Louis W. Fairchild, que presidia a empresa.

Morreu  com o reconhecimento não só de ter revolucionado o WWD, mas a própria indústria da moda, tirando da sombra dos ateliers de costura importantes designers e os transformado em celebridades, fazendo justiça aos seus talentos. Entre os que ele ajudou a projetar, estão  Bill Blass, Oscar de la Renta e o jovem Yves Saint Laurent.

O Grupo Fairchild Publications tinha outros produtos, diários e semanais, da moda à eletrônica. Da moda, ele cobria todas as áreas especificamente. Acessórios, sapatos etc.

John Fairchild também escreveu sobre moda com o pseudônimo de Condessa Louise J. Esterhazy, na WWD e na última  página da W. Um personagem de fina ironia, que alfinetava dos fashion designers aos alpinistas sociais, com grande verve e deliciosa inteligência.

Entre seus achados, numa coluna de 1995, ele se referia a Hillary Clinton como “Madame penteado de bobbies”, a Barbara Bush como “Madame honradez”, e falava em “homens de meia idade sempre com jeans desbotados” e “crianças nos aviões que deveriam ser embarcadas como carga”.

Ele acintosamente incomodou os amigos insistindo certa vez que o falecido Oscar de la Renta acrescentou “de la” ao seu nome, um rumor que Oscar veementemente negava.

Mas também tinha muitos admiradores.

“É difícil neste momento, que é o mais democrático da história do jornalismo de moda, compreender o poder que John Fairchild emanava e o medo que ele inspirava” disse Anna Wintour da Vogue numa nota distribuída sexta-feira pelo WWD. “Os designers literalmente se curvavam em reverência à sua passagem. Contudo, eu me lembro dele como um delicioso e maleficamente engraçado companheiro de almoço, marido e pai devotado e um anglófilo totalmente engajado às coisas inglesas. Vou sentir sua falta”.

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Conheci John Fairchild na redação do  Women’s Wear Daily, em Nova York. Um breve encontro. No final dos anos 70, representei no Brasil o jornal WWD, diário, e também a W, que inicialmente foi um jornal com papel branco de qualidade, impressão off set, mas não em tamanho tabloide como o outro, e de circulação quinzenal. Era representante com cartão sépia impresso e tudo. Eu o achei simpático e cordial. Entre minhas atribuições como representante, esteve a responsabilidade de receber a editora de moda Etta Froyo, vinda de Nova York, e assessorá-la em sua pauta no Rio de Janeiro. Mais um ítem no currículo que passou em minha vida…

2 ideias sobre “Partiu John Fairchild, legenda da moda internacional, mas pode me chamar de Condessa Louise

  1. Benção, Tia Hilde – tudo bem? Vamos falar a verdade! A Senhora sabe como ninguém retratar bela e fielmente uma boa personalidade… Coisa de craque mesmo! Tb conheci a redação da “W” na minha primeira ida em NY – para fazer pessoalmente uma assinatura da excelente revista – quando a “Suzy” assinava magistralmente…

    Tia não foi o irriquieto JOHN FAIRCHILD que produziu um vídeo inédito com a sempre icônica JACKIE KENNEDY – fazendo um um “tour” pela Casa Branca – mostrando a nova decoração coordenada por ela??? A célebre filmagem foi depois de um jantar a um Chefe de Estado que visitou a White House!

    Bjs e saudades,

  2. A democracia internacional da ditadura da moda se torna irreverentemente ao longo dos séculos excelente. Hildegard, parabéns pelo excelente trabalho que vem realizando.

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