NEM A GRANDE BELEZA NEM BLUE JASMINE: O JANTAR DOS SERPA

Meus amores, emprestem-me seu resto de domingo e seu fôlego. Tenho história bela para contar. Uma carioca beleza…

Há um príncipe na cidade. E não é príncipe de mídia, embalado para vender revistas semanais ou para sustentar principados e reinados com suas peripécias midiáticas.

Falo de um príncipe de fato, cuja história familiar é escrita com as tintas do mecenato, não coleciona escândalos do grand monde, coleciona relíquias, como a Corona Ferrea, coroa de ferro que pertenceu à rainha Teodolinda e guarda em seu interior um anel de ferro forjado com um dos cravos que pregaram Cristo na cruz.

A família Durini é guardiã dessa joia, símbolo do poder na Itália, usada por Napoleão ao se auto coroar, em 1805, rei da Itália. Vocês conhecem o episódio histórico: quando o arcebispo de Milão estava em vias de lhe colocar, na cabeça, a Corona, Napoleão a pegou e disse: “Recebi-a de Deus, que ninguém ouse tocá-la”. E se coroou ele mesmo, deixando o arcebispo a ver pombinhas…

Ao longo do tempo, o clã Durini teve cardeais, bispos, governadores, prefeitos, ajudou a escrever a história de Milão, desde a autoria de sua Constituição, pelo jurista Egydio Bossi, que morava em um dos três Palazzo Durini, do total de oito palácios que possui. Aliás, morou no menor deles, onde também viveu o escultor Antonio Canova e teve seu atelier.

Os Durini fizeram construir o Teatro Alla Scala de Milão e compraram, em 1648, o título de Conde de Monza, que Giulio Durini, o príncipe no Rio, acumula com o de príncipe. Isto sim é coleção!

Este prédio serve hoje de sede à Fundação Alessandro Durini, presidida pelo príncipe e  conde, Giulio, que abriu o atelier de Canova à visitação pública, após restaurado. O próximo passo é franquear os aposentos de Bossi.

Assim como os fulgurantes artistas, que, no passado, sua família mecenas abrigou, Giulio Durini é artista de fôlego.

Pintor de imensas telas a óleo, Giulio estudou Belas Artes em Paris. Somando à técnica, a sensibilidade, o refinamento de sua genealogia, a elegância do acurado senso de observação, as obras seduzem à primeira vista.

A qualidade do artista e retratista Durini é atestada sobretudo pelos nus masculinos. Arte difícil. Os dele atraem pelo abandono e o despojamento visto na composição das imagens. O pintor os apresenta na plenitude de seus músculos e contornos, delicadamente vestidos por camadas de carne impressas em tons que se conjugam em pinceladas, ora fortes, ora suaves, abstraindo qualquer carga de obsceno e, por isso mesmo, conferindo às obras o mais natural, total, humano e necessário erotismo.

Giulio DuriniA intensidade dos Despidos, por Giulio Durini… que me mostrou os trabalhos em seu tablet, no jantar dos Serpa

Com um companheiro brasileiro, Henrique Mollica, tão belo quanto ele, o príncipe Giulio Durini está prestes a inaugurar endereço em Copacabana. No momento ele se dedica às obras do apartamento, com planos de se dividir entre Rio e Milão, onde Mollica é muito estimado por todo o clã Durini.

giulio durini vestidoE a elegância de um portrait Vestido, obra também do príncipe Durini, conde de Monza

***

E onde eu conheci este príncipe DE VERDADE e não príncipe de flashes enlouquecidos da mídia? No palácio suspenso do Rio: o apartamento de Beth e Carlos Alberto Serpa!

Era mais um daqueles belos e inesquecíveis jantares, desta vez em torno de Dino Trapetti. Vou contar…

grande beleza

Eram 18 à mesa, lugares marcados, no jantar em homenagem ao amigo italiano Dino Trappetti. Como estamos em alta temporada de premiações de cinema – Globo de Ouro e prévia de Oscar – o tema esteve em pauta.

O ítalo-carioca Dino, personagem totalmente integrado à cor e ao amor do Rio, é um dos atuais orgulhos da cidade, pelo muito que ele contribuiu para a cinematografia mundial, com seu Ateliê Tirelli, colecionador de estatuetas pelos figurinos dos mais premiados filmes. Ele merece todo o nosso carinho e todas as homenagens.

E o filme mais comentado à mesa foi, obviamente, A grande beleza, de Paolo Sorrentino, naquele mesmo dia nominado para o Oscar, depois de ter abiscoitado o Globo de Ouro. Do Ateliê Tirelli, do Trapetti, saíram vários figurinos do filme. A começar pelas roupas impecáveis vestidas pelo protagonista Jep Gambardella, vivido por Toni Servillo, que nada tem de Mastroianni. A comparação é uma bobagem (todos à mesa concordamos neste ponto).

Dino conhece Toni desde que começou na vida artística, também como diretor de teatro e de ópera, e sempre adivinhou nele uma grande carreira como ator. Daí que Servillo, toda vez que o encontra, louva seus dotes de “adivinho”.

Mesa decorada com jasmins em vasos de prata. Isso inspirou o “outro” filme da vez, Blue Jasmine, de Woody Allen, que também nos transporta ao universo do luxo e da sofisticação. Ou do “nada”, como diz o personagem Gambardella no filme de Sorrentino.

Este “vazio”, que serviu de roteiro aos filmes e agora preenche os bolsos dos produtores, diretores e atores dessas duas produções notáveis, não estava presente naquele jantar dos Serpa, onde a elegância se mesclava à cultura, à política, à erudição.

E não posso esquecer que saí levando um dever de casa encomendado pelo educador à mesa, o político e professor Gabriel Chalita: ler Getúlio, obra de Lira Neto, uma trilogia editada pela Companhia das Letras, “a melhor de todas as biografias que já li”.

Em tempo. Não deixarei de citar item importante à mesa: os elogios à chic descompensada de Cate Blanchett em Blue Jasmine, digna da galeria de louras de Hitchcock, que entraram pra história!

grande beleza 2

Serpa fez discurso ressaltando as qualidades de Dino, como homem das artes cênicas, através dos figurinos de seu premiado Atelier Tirelli.

Agradecendo, Dino disse que já é carioca de coração.

Buffet do chef Marcio Costa, da Casa Julieta de Serpa.

Entre as presenças, Carmen, Primeira e Única; Belita Tamoyo, nossa Primeira-Dama do Rio; Gisella Amaral, a Grande Dama da Noite Forever; a diretora do Museu Histórico Nacional, Vera Tostes; Beth Winston, a Chef Anfitriã Rio-Los Angeles-Minas Gerais; a cantora Gottscha; a Brasileira em Milão, Elsa Gardenghi, que introduziu no grupo social carioca este belo par: o talentoso conde de Monza/príncipe Durini e seu companheiro Henrique Mollina; o embaixador René Haguenauer; o ator e cantor Márcio Gomes; o educador Gabriel Chalita e mais e mais…

Fotos de Verônica Pontes e Marcelo Borgongino

 

7 ideias sobre “NEM A GRANDE BELEZA NEM BLUE JASMINE: O JANTAR DOS SERPA

  1. Bonito jantar. Lindíssima a Carmen Mayrink Veiga, que honra para os anfitriões e convidados. Permita-me um comentário sobre a Sra. Gisella Amaral: eu noto nela uma energia muito boa, e eu noto essa energia muito forte. Que Deus Dê muita saúde a todos, segurança, amor e união. Abraço do leitor do blog e fan da linda Carmen, Jamill.

    • Abraços para vc também, Jamill
      É um prazer ter como leitor um pesquisador atento e com seu olhar treinado de especialista.
      Hilde

    • Entrada
      Suflê de queijo ao molho branco
      Principal
      Medalhão de filé mignon com mini cenouras e cebolas caramelizadas
      Risoto de macadâmia
      Orecchiette aos quatro queijos
      Sobremesa
      Salada de frutas da estação
      Sorvetes
      Mousse de chocolate com chantilly

      ****
      Champagne Veuve Clicquot

      Mâcon Villages 2012
      Domaine Eloy / Bourgogne / France

      Château Tayet Cuvée Prestige 2008
      Jacques De Schepper / Bordeaux / France

Deixe um comentário para Hildegard Angel Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.