Nélida Piñon assume cátedra sucedendo a Enrique Iglesias, que acredita na reação da democracia brasileira

“Marco Antonio Zago, Reitor da Universidade de São Paulo, e Pedro Dallari, Diretor do Instituto de Relações Internacionais e Coordenador do Centro Iberoamericano, têm a honra de convidar V. Sa. para a conferência de encerramento das atividades de Enrique Iglesias como titular da Cátedra José Bonifácio em 2014 e para a posse da escritora Nélida Piñon como titular da Cátedra José Bonifácio para o ano de 2015, no Auditório “Prof. István Jancsó”, ­ Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, no Centro ibero Americano da USP, Cidade Universitária, São Paulo”.

Evento de tal expressão, certamente, pedia homenagem na véspera. E assim foi, com Mary e Celso Lafer tendo “o prazer de convidar para uma recepção em sua residência no Jardim Europa, por ocasião do início das atividades de Nélida Pinõn,como titular da Cátedra José Bonifácio da USP”. E ainda solicitavam RSVP, como bem se esperava de uma homenagem de um imortal a uma imortal.

Do Rio, seguiu séquito de admiradores amigos, que se hospedaram no mesmo hotel reservado por Nélida e Iglesias.

Criada em 2013, a Cátedra José Bonifácio, assumida por Piñon, no Centro Iberoamericano da USP, núcleo ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e ao Instituto de Relações Internacionais, recebe, durante um ano letivo, uma personalidade do mundo iberoamericano para ministrar atividades acadêmicas na universidade, desenvolvendo pesquisa com temas referentes à sua especialidade. Nélida irá coordenar este ano o tema “O imaginário Ibero-americano”, tratando de temas culturais, como a literatura, realizando conferências.

– O ato de escrever, de registrar o mundo, a realidade, foi sempre essencial para nossa cultura. A partir dele, quero examinar as matrizes culturais das Américas. No Brasil, a oralidade é intensa. Todo mundo conta história. Temos o cordel. O xamã ia de aldeia em aldeia contar história, relatar o que ocorreu. Eles eram narradores, a narrativa oral sempre foi forte no continente, o que derivou em grandes romances, que vamos discutir. Vamos fazer um corte nessa narrativa, no pensamento constitutivo da América iberoamericana, que abraça não só a América latina, mas Espanha e Portugal, ambos na raiz dos fundamentos da nossa história – explicou a ocupante da cadeira 30 da ABL, durante a solenidade, com participação de seus colegas acadêmicos, Celso Lafer e Alfredo Bosi.

O antecessor de Nélida à frente da cátedra, o prestigiado economista Enrique Iglesias, ex-presidente do BID e ex-ministro das Relações Exteriores do Uruguai, coordenou, no ano letivo de 2014, pesquisas com o tema “América Latina na Atual Conjuntura Internacional: os potenciais impactos econômicos, sociais e políticos”, reunidas em livro lançado na ocasião.

Ao falar no evento, Iglesias abordou os desafios da América Latina neste século, afirmando não lembrar de uma crise de governabilidade tão grande como esta vivida atualmente por países como Brasil e Venezuela. Ele disse:

– Temos um momento difícil, do ponto de vista político, em vários países. Alguns mais graves do que os outros, com perda de credibilidade das lideranças políticas. Mas a democracia tem capacidade de reagir frente a essas circunstâncias e consolidar o que foi conquistado anteriormente com tanto trabalho.

Em seu ponto de vista, a região não se recupera bem da crise de 2008, houve um “otimismo exagerado” com a economia na América Latina, que chegou a registrar um crescimento de 6,7% e agora deve ficar em 1,5%. No entanto, ele enfatizou que a pobreza não cresceu.

Sobre os atuais movimentos brasileiros por impeachment, o professor Enrique Iglesias não subestima a importância de se ouvir a população mas considera que “a democracia é capaz de reagir”. Suas palavras:.

Vencedora do Prêmio Príncipe de Astúrias das Letras de 2005 e integrante da Academia Mexicana da Língua, a filha de galegos Nélida foi a primeira brasileira a se tornar membro honorário da Real Academia Galega.

Autora de “A república dos sonhos”, livro no qual aborda a história do Brasil e da imigração espanhola, Nélida foi a primeira mulher, em 100 anos a presidir a Academia Brasileira de Letras. É formada em jornalismo pela Faculdade de Filosofia da PUC-RJ, inaugurou, em 1970, a cadeira de Criação Literária na Faculdade de Letras da UFRJ.

Enfim, a acadêmica Nélida Piñon possui um mundo, mundo, vasto mundo, para conduzir com raro brilho mais este desafio que a vida lhe oferece, sucedendo a um dos economista de maior reconhecimento, a nível mundial, e dois anos depois de o titular desta Cátedra José Bonifácio, de tamanha visibilidade e importância, ter sido o ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos.

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Nélida Piñon assumiu a Cátedra José Bonifácio na USP

 

Celso Lafer, acadêmico cadeira nº 23 na Academia Paulista de Letras, recebeu em casa, com Mary, para homenagear Nélida Piñon, sua colega imortal na Academia Brasileira de Letras.

A imortalidade esteve presente em âmbito estadual e nacional. A começar pelo atual presidente da Academia Paulista de Letras, Gabriel Chalita, e os acadêmicos José Renato Nalini, Antonio Penteado Mendonça,  Anna Maria Martins, Ada Pellegrini Grinover, José Pastore, Eros Grau, José Goldemberg, Miguel Reale Junior, José Gregori, Jorge Caldeira e Tércio Sampaio Ferraz Júnior.

Entre os convidados, acumulando imortalidades nas academias Paulista e Brasileira de Letras, Lygia Fagundes Telles. Outro da ABL, Fernando Henrique Cardoso. Também presentes, a artista plástica Maria Bonomi, Jorge Schwartz, Gilberto de Mello Kujawski e mais e mais.

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Celso e Mary Lafer recebem a homenageada Nélida Piñon

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Gabriel Chalita, Eros Grau, Celso Lafer e José Renato Nalini

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Lygia Fagundes Telles e Nélida Piñon

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O anfitrião Celso Lafer, Lygia Fagundes Telles e Gabriel Chalita

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Jorge Caldeira, Anna Maria Martins e Celso Lafer

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Roberto Halbouti e José Carlos Ritter, com a homenageada e Betty Lagardère

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Casal Tércio Sampaio Ferraz Júnior

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José Renato Nalini, Miguel Reale Junior e Jose Gregori

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Gilberto de Melo Kujawski, José Goldemberg, Miguel Reale Junior, Antonio Penteado de Mendonça

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Nélida Piñon e Maria Bonomi

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Celso Lafer, Lygia Fagundes Telles e José Renato Nalini

Fotos Di Bonetti

2 ideias sobre “Nélida Piñon assume cátedra sucedendo a Enrique Iglesias, que acredita na reação da democracia brasileira

  1. Olá Hilde, obrigada desde sempre pela sua contribuição para nossa pátria e ao jornalismo brasileiro. Estou elaborando um trabalho de conclusão de curso excluisamente sobre a história de seu irmão e sua mãe, agradeceria muito se pudesse me ajudar respondendo algumas perguntas curtas. Obrigada

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