Morreu aos 94 anos a mulher mais rica do mundo, Liliane Bettencourt, dona da L’Oréal

Sua fortuna é de US$ 39.5 bilhões, e a elegante herdeira da gigante dos cosméticos L’Oréal, Liliane Bettencourt, era considerada a mulher mais rica do mundo. Tive o prazer de conhece-la num jantar oferecido a ela por Lily de Carvalho Marinho na casa rosa do Cosme Velho, onde os flamingos deixavam os jardins, os ambientes, a vida ainda mais rosados.

Sentamos lado a lado num dos sofás amarelo ocre de Lily. Conversamos amenidades, coisas como as impressões dela sobre o Rio de Janeiro, seu dia na cidade, seus interesses culturais. Ela respondeu amenamente, como é de costume no convívio em sociedade. Era  uma mulher sem um pingo de arrogância, que não criava qualquer tipo de dificuldade a quem se aproximasse “de sua riqueza”, ao contrário. Citada pela Forbes como a 14ª fortuna do mundo, talvez se esforçasse para que aquela aura de tanto dinheiro não a contaminasse com a afetação que as pessoas esperavam ver nela.

Segundo declaração de sua filha, Françoise Bettencourt Meyers, “partiu em paz, ontem, em sua casa de Paris”. Liliane se afastou (ou foi afastada) do Conselho da L’Oréal em 2012, depois de um diagnóstico de demência senil feito no ano anterior e de Alzheimer, desde 2006, mas seu nome se manteve nas manchetes dos jornais e revistas de gossips (sobretudo) porque pessoas que a cercavam eram acusadas de a explorarem já que ela não tinha mais condição mental.

Tudo isso resultou num rumoroso processo na Justiça, envolvendo a única filha de Liliane, um bando de mui amigos inescrupulosos, como o administrador da sua fortuna, Patrice de Maistre, acusado de dar propina aos membros do partido de Nicolas Sarkozy em sua campanha presidencial. Até Sarkozy esteve enrolado, mas as acusações contra ele caíram em 2013 por falta de provas.

Liliane Bettencourt era filha do fundador da L’Oréal, Eugene Schueller, e aos cinco anos perdeu sua mãe, Louise Madeleine Berthe. Ela começou a trabalhar na empresa aos 15, como aprendiz, colocando rótulos nas embalagens de shampoo, e ao longo dos anos cresceu nos diferentes departamentos. Em 1950, casou-se com um político francês e futuro ministro de Estado, Andre Bettencourt. Um casamento duradouro de 57 anos, que produziu uma única filha. Quando o pai morreu, em 1957, Liliane herdou a L’Oréal e o comando da empresa por mais de cinco décadas.

Com o marido e a filha, ela criou a Fundação Bettencourt Schueller, de projetos humanitários. O trabalho desenvolvido na empresa de cosméticos lhe valeu muitas críticas e um irônico Prêmio Planeta Negro, criado pela Ehecon Foundation para os que destroem o planeta.

Sua morte abre nova fase para a  L’Oréal, quarta maior companhia da França, alterando sua relação com seu acionista chave, a empresa suíça de alimentos Nestlé.

As Bettencourt possuíam 33 por cento da empresa. Com a morte de Liliane, sua filha distribuiu nota declarando que a família permanece dando pleno apoio aos dirigentes da L’Oréal e sua equipe no mundo todo, sob a presidência executiva de Jean-Paulo Agon desde 2011.

A Nestlé, que detém pouco mais de 23 por cento da L’Oréal, celebrou um acordo com a família Bettencourt, estipulando que ambas as partes não poderiam aumentar sua participação no grupo de cosmético enquanto Liliante vivesse e pelo menos até seis meses após sua morte.

A empresa suíça tem sido o principal investidor da L’Oréal desde 1974, quando Lililane Bettencourt confiou quase metade de sua participação na companhia à Nestlé, em troca de três por cento na holding da empresa suíça. Seu movimento foi motivado pelo medo de que a L’Oréal fosse nacionalizada pelos socialistas, prestes a assumirem o poder na França.

O futuro dirá o quanto foi um bom ou mau negócio essa escolha de Liliane, mas enquanto viva tudo o que ela fez a manteve no ranking da maior bilionária do Planeta Terra.

A mulher mais rica do mundo era simpática, descontraída e acessível, diferente de muitas menos ricas que conheci

 

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