CHUTANDO O BALDE – PARTE 2

A primeira vez em que ouvi a expressão “chutar o balde” foi assistindo ao programa da Xuxa com meu filho pequenininho. Bem, isso foi enquanto ele deixou eu escolher sua programação na TV, pois, na primeira oportunidade, mudou o canal para seu preferido: o programa do Chávez, Chávez, Chávez!

Logo que escutei a Xuxa, adorei a expressão: “chutar o balde” eu a incorporei à minha coluna. E passei a chutar baldes em todas as direções, em meus comentários. Foi uma época divertida, aquela.

Eu já tinha esquecido a gíria, quando ontem ela me veio à cabeça e voltei a usá-la referindo-me à eventual vontade, que vai e volta, de deixar essa “escravatura” do colunismo diário. E no título!

Foram muitas as manifestações. E muitas as interpretações. Alguns identificaram no post um quê de melancolia e, entre os comentários, há um muito afetuoso de um jornalista goiano, que reproduzo aqui, com minha resposta logo abaixo, deixando claras as minhas intenções, para dirimir quaisquer outras eventuais incompreensões.

Chutemos, pois, juntos, hoje, esse balde chamado mal-entendido.

“Amada Hilde, é sempre salutar ver vc engajada em causas mais abrangentes, como essa. É claro que todos dão ouvido sim, pois vc é verdadeira e sabe abordar com elegância e eficiência, os fatos. Sempre uma mestra! Nos mostrando com paciência e charme o ir e vir não só do carioca, mas de muitos brasileiros, em várias regiões do pais.

O jornalismo é uma energizante cachaça vc sabe muito bem disso. E não dá mesmo para abandonar o barco em qquer situação. As idéias fervem em nossa cabeça e não tem como não externá-las. Somos reféns do nosso trabalho. Aguentando tantos percalços, engolindo sapo, aguentando desaforo de colegas mau criados, kkkk! Mas vale a pena sim insistir.

Veja os veteranos jornalistas, Jânio de Freitas, Alberto Dines, Helio Fernandes, embora certamente cansados, desanimados até, mas continuam lutando com exemplar garra diante do teclado como um inveterado ébrio que acampa num botequim que só sai dali enquanto não beber todas que aguentar. Não se esqueça disso.

E para arrematar não esqueçamos de mestre Fernando Pessoa, “tudo vale a pena quando alma não é pequena”. Bjs te amo demais! Agora mais do que nunca quando começamos a delinear o crepúsculo no horizonte!!! Do seu muito antigo admirador goiano, Jota Mape“.

Minha resposta:

Querido Mape,
Você ia muito bem no carinhoso exercício de me estimular (e eu adorei os elogios, obrigada!),  até o momento em que falou em “quando começamos a delinear o crepúsculo no horizonte”.

Se você já percebe o crepúsculo, você tão jovem – acredito que nos seus late 40’s ou early 50’s – este chegou cedo. Mas, para mim, na flor dos meus 60’s (que, nos anos 2010, são o que os 40’s foram nos anos 1980), acho precipitado o uso do termo.

Crepúsculo pra mim, querido amigo, por enquanto, é só o pôr do sol que vou aplaudir com meus amigos estrangeiros, lá no Arpoador, e eles adoram.

O crepúsculo mais famoso de que eu havia ouvido falar, na minha vida, era o Crepúsculo dos deuses, filme do Billy Wilder, produzido no ano em que eu nasci e estrelado pela Gloria Swanson. Mas estou mais para a Saga Crepúsculo, estrelada pela Kristen Stewart, vivendo a Bella Swan, produção de 2005.

O outro Crepúsculo de que ouvi falar na minha juventude foi o nightclub da Rua Toneleros, em Copacabana, em que o Chico Buarque de Hollanda se apresentou pela primeira vez e onde a Marieta Severo, ao vê-lo cantando com seus olhos verdes magnéticos, decidiu que aquele era o homem de sua vida, desmanchou casamento de seis meses com o artista plástico Vergara, mito da famosa Geração 60, e se atirou rumo àquela paixão da MPB, que lhe daria um duradouro segundo casamento e três filhas maravilhosas.

Como você vê, querido Jota, tenho muita bagagem, mas sou totalmente contemporânea, não sou de saudosismos nem lamentos. Tenho apenas, e ocasionalmente, o saco cheio por uma ou outra incompreensão…

E um apetite danado para continuar o bom combate neste…

“mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo”.

(Thanks à colaboração final do poeta Drummond, amigo de minha tia Virgínia e, segundo rumores do corredor da casa da vovó onde estava instalado o único telefone, Carlos era inclusive um, digamos, “flirt” de minha linda tia intelectual, versada nas letras… mas este é assunto sigiloso de família, daqueles para jamais tocar, falar, ventilar. Heresia comentar!)

6 ideias sobre “CHUTANDO O BALDE – PARTE 2

  1. Cara Hildegard Angel,

    A propósito deste seu texto, minha memória percorreu o “Crepúsculo dos deuses”, de Wilder, a saga “Crepúsculo”, de Stephenie Meyer, chegou até ‘”O Ângelus”, de Jean-François Millet, mas quedou-se mesmo foi no “Crepúsculo dos ídolos”, de Nietzsche, onde uma certa passagem me fez lembrar você:

    “O mais incompreensível, em nós, é a jovialidade…”

    Beijos em seu coração serenojovial.

    Aetano

  2. kkkkkkkkk Realmente usei mal a colocação. Não é “delinear” – imagina! “Visualizar” – ou melhor um “um longe lampejo do Crepúsculo”! Desculpe! Acho que é a esclerose precoce que está chegando! kkk

    • Ora, darling, não é delinear nem visualizar. É que o termo certo é Alvorada, querido, alvorada. Só isso. E vc está alvorecendo enxutérrimo e com tudo em cima. Inclusive a memória, que vc tem uma das melhores que eu conheço.
      Bjs

      • Oh meu anjo bom, só agora vi sua elegante e elogiosa correção. Não sei mais viver sem vc – casei de papel passado com direito a cartório e igreja, com seu estilo. Estou tão sintonizado com vc ultimamente que quase morri de emoção ao te reencontrar em Guarulhos, juntamente com Francis vindos do Canadá onde foram visitar João Pedro e eu a caminho de Foz – que jurava que era mentira que estava presenciando. Pois há séculos a gente não se via. Quero doar toda a minha, pequena mais importante coleção de frascos de perfumes comerciais, para o museu da moda que vc está concluindo, com indescritíveis peças de Lanvin, Dior, Balenciaga, Worth, Givenchy, Saint Laurent, Chanel, Nina Ricci em vidros assinados assinados até por Lalique e Baccarat – um luxo só pode crer. É apenas uma pequena retribuição por tudo que vc representa nesses anos todos – quase 35 – que sou vidrado em vc, qdo nunca me faltastes mesmo nos momentos mais difíceis qdo num ato de pseudo rejeição te agredi com um texto torpe e grosseiro e vc na maior classe me respondeu com toda categoria diplomática que lhe é peculiar. A gente, minha sempre querida musa Hilde, só joga pedra em árvore que dá fruto mesmo. Por isso vc tem todo o direito de me repreender e de frear meus possíveis impulsos de “turco sangue quente” – prometo que não repetirão mais. Pois te considero uma árvore frondosa que acolhe com carinho todos os seus… Bjs e saudades demais. Não vejo a hora de te reencontrar ai no Rio para pormos nosso papo em dia – pois o mesmo encontra-se por demais atrasado… TE AMO, DEMAIS!!!

  3. Eu sei que crepúsculo é tudo isso! Mas ando cansado de escrever e não ver repercussão quase nenhuma. Levanto de madrugada, dormindo pouquíssimo para escrever e isso estressa. Estou há anos acima do peso. O joelho dói ao caminhar. A gente come é de estress já que não somos da droga e da bebida. Para mim é ainda mais um pouco dificil pois sempre fui sozinho. Para me manter tenho que vender “Paul Nathan” – o qual represento aqui há quase 30 anos. Escrever para vários jornais e revistas sem ganhar nada. Pois os caras sabem que amo o jornalismo me oferecem somente o espaço em troca apenas da minha colaboração. Pode? Um profissional de quase 35 anos de estrada, com dois cursos superiores de comunicação feitos com sacrifício, na Universidade Federal. O Campus, a propósito ficava longíssimo da minha casa. E eu ia de ônibus. Chegava lá não tinha aula. Manifestação dos contra a Ditadura. Eu aproveitava saia correndo de lá e ia para a redação, no centro da cidade. Nunca perdi meu tempo com esses protestos que não enchem barriga de ninguém. Aliás enche sim do discursante, que hj está com as burras cheia de grana do dinheiro público. O meu sustento vem do salário de funcionário público, com quase 37 de carreira, pois não tenho o direito a aposentar pois minha idade não permite, segundo as leis vigentes. Vou fazer 55 anos em maio e o limite é 60 anos. Ai inventei vender antiguidades, pois sou um pequeno colecionador. Como sei farejar – graças ao meu sangue de origem libanesa de Zahle, de onde veio o Ibrahim(daí a devoção e amizade) Paulo Maluf, os Geireissate, do Iguatemi. Vc sabia que os avós e bisavós do Tasso e Carlos Gereissate foram vizinhos do meu avô libanês, quando solteiro, lá em sua terra, no final do século passado e principio do XX? Os meus vieram para Goiás Velho e os Gereissate foram para o Ceará, onde atuaram no ramo de tecidos e confecção. Viu que coisa? O principe Carlinhos Geireissate que administra magistralmente os shoppings de São Paulo “é meu vizinho”! Pode Hilde? kkkkk Maktub!!! E eu que adoro consumir griffes de luxo… Agora que comecei a falar disso já não quero parar mais…. kkkk Pois a vida é muito boa! Temos a oportunidade de conhecer e conviver com pessoas incríveis que outras profissões dificilmente dão. Então vale a pena continuar. E eu preciso de vc. Pois nutro do seu sangue, ou melhor de suas colunas. Se vc parar eu morro, pois é como uma mãe que nutre seus filhos. Falar no Crepúsculo dos Deuses – que eu amo e vi a peça na Broadway, quando fui pela primeira vez morder a tentadora e grande maçã, em 1995. Gleen Close era a impagável Norma Desmond. Tenho o CD completo aqui e vibro! Tá vendo meu anjo bom, Angel, nada é por acaso quando a gente ama realmente o que faz!!! Bjs te amo demais!!!

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